Inteligência: além de tirar boas notas

O que é inteligência? Como a definição nos influencia ao considerar algumas habilidades frequentemente ignoradas que aumentam ou prejudicam significativamente nossa capacidade de adaptação? Neste artigo nós te contamos!
Inteligência: além de tirar boas notas
Isabel Ortega

Escrito e verificado por a psicóloga Isabel Ortega.

Última atualização: 10 fevereiro, 2023

Quantas vezes você já pensou que se não tirasse boas notas você não era inteligente? Na cultura ocidental, difunde-se a crença de que os resultados estão intimamente ligados aos resultados e ao valor da pessoa, quando em outros lugares, como a Ásia, é o esforço que ocupa esse lugar privilegiado.

Por outro lado, o conceito de inteligência não possui uma definição única nem é visto por todos os pesquisadores sob a mesma perspectiva. Por exemplo, Gardner desenvolveu a teoria das inteligências múltiplas, destacando oito inteligências: linguística, lógico-matemática, visual-espacial, musical, corporal, intrapessoal, interpessoal e naturalista. Para Gardner, esses tipos de inteligência estão presentes em cada pessoa.

De acordo com sua abordagem, não existe uma única inteligência humana. Essa teoria nos permite valorizar, entender e estimular o potencial de cada pessoa, além do que o famoso quociente de inteligência (QI) pode medir.

Assim, por exemplo, estamos acostumados que crianças com boa inteligência linguística e lógico-matemática tenham sucesso escolar e que todas as crianças estudem da mesma forma. No entanto, isso é justo? Todas as crianças são iguais?

Como o próprio Gardner apontou, o importante não são os oito tipos de inteligência que ele propôs, mas a ideia de que não existe uma inteligência única, ou melhor, processos cognitivos independentes. Por outro lado, é provável que existam mais inteligências do que ele propôs.

“Eu era considerado por todos os meus professores e meu próprio pai como um menino bastante comum, um pouco abaixo do padrão comum de intelecto.”

-Charles Darwin-

mente com mecanismos
Não há inteligência única, mas muitas. O psicólogo Gardner identificou até oito, mas é provável que existam mais.

Então, o que entendemos por inteligência?

Para Gardner, temos recursos específicos separados. Medir a inteligência causa problemas e mais quando ainda não há consenso para defini-la. Em 2007, Resing e Drenth definiram inteligência como:

“O conjunto de habilidades cognitivas ou intelectuais necessárias para obter conhecimento e usá-lo corretamente para resolver problemas que tenham um objetivo e uma meta bem descritos.”

Por outro lado, tendemos a confundir memória com inteligência. A memória é mais uma capacidade que temos, especificamente para reter informações e recuperá-las. Uma pessoa pode ter grande inteligência, mas ser o que chamaríamos de um verdadeiro distraído.

O que não consideramos quando falamos de inteligência?

Autoconhecimento, ou o que se diria popularmente como conhecer a si mesmo. Passaremos muito tempo com a pessoa por quem nos apaixonamos; porém, não vamos passar ainda mais tempo com nós mesmos? Quanto tempo, gentileza e paciência gastamos para conhecer os outros e quanto tempo para nós mesmos?

A consequência desse autoconhecimento é transferida para o desenvolvimento de autênticas vantagens adaptativas, como a empatia, as habilidades sociais ou o autocontrole para ser “inteligente”.

Há um déficit na sociedade em geral para entender seus próprios estados emocionais e os dos outros. Mas o que queremos dizer com isso? À nossa inteligência emocional, para compreender as nossas próprias emoções e as dos outros.

Mas do que se trata essa inteligência emocional?

Goleman destacou cinco habilidades dentro da inteligência emocional: autoconsciência, autorregulação, motivação, empatia e habilidades sociais.

“Pelo menos 80% do sucesso na idade adulta vem da inteligência emocional.”

-Daniel Goleman-

E as emoções, elas são importantes antes de qualquer aprendizado?

Como diz a psicóloga e escritora Begoña Ibarrola, a aprendizagem e todo o processo cognitivo que ocorre é um binômio em que cognição e emoção andam de mãos dadas. Antes, pensava-se que a aprendizagem envolvia apenas a cognição humana, mas agora sabe-se que as emoções desempenham um papel.

Por exemplo, as emoções influenciam nossa memória, tornando-a mais seletiva, tanto para memórias positivas quanto negativas. Conhecemos muitas pessoas ao longo de nossa vida. No entanto, lembramo-nos de todas elas ou apenas daquelas que deixaram a sua marca? Por isso, é importante nos conhecermos e identificarmos nossas emoções para poder “ser inteligentes” diante de qualquer aprendizado que realizamos ao longo de nossas vidas.

Nesse ponto, a inteligência é um conceito que vai além de tirar boas notas ou ter um bom desempenho acadêmico. Todos podemos nos sentir inteligentes em uma determinada competência, mas muitas vezes não descobrimos, porque não focamos nossa atenção em nos descobrirmos como pessoas.

Temos que aprender a ser “inteligentes” para nós mesmos e nossos relacionamentos em geral, não para os outros valorizarem.

“Conhecer a si mesmo é o começo de toda a sabedoria.”

-Aristóteles-.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Gardner, H. (1998). “A Reply to Perry D. Klein’s ‘Multiplying the problems of intelligence by eight'”. Canadian Journal of Education 23 (1): 96–102.
  • Ramsden S, Richardson FM, Josse G, Thomas MS, Ellis C, Shakeshaft C, Seghier ML, Price CJ. (2011) Verbal and non-verbal intelligence changes in the teenage brain. Nature. 479, 113-6.
  • Resing, W., y Drenth, P. (2007). Intelligence: knowing and measuring. Amsterdam: Editor NieuwezijdsGardner, Howard.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.