O que é inteligência multifocal?

A teoria da inteligência multifocal fala da forma como os pensamentos são construídos a partir de alguns processos que ocorrem na mente. Busca, fundamentalmente, que aprendamos a gerenciar o pensamento para que ele se torne construtivo.
O que é inteligência multifocal?
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 14 maio, 2020

A inteligência multifocal é uma teoria criada pelo psiquiatra e psicoterapeuta Augusto Cury. Fala sobre como construímos os pensamentos e os efeitos que isso tem no nosso bem-estar emocional.

Trata-se de uma abordagem existencial, cujo objetivo é principalmente aprender a gerenciar a mente de forma construtiva.

A forma de pensar, incluindo o modo como processamos as informações às quais temos acesso, teria uma influência decisiva na maneira como nos posicionamos no mundo. A partir disso, desenvolveríamos atitudes e comportamentos.

Por isso, se usarmos a inteligência multifocal adequadamente, conseguiremos gerenciar a produção de pensamentos. Isso se refletirá em atitudes e comportamentos mais construtivos e focados em objetivos mais positivos para nós mesmos.

“O pensamento é o cavalo, a razão o cavaleiro”.
-Aurore Dupin-

Mulher preocupada

A inteligência multifocal

A inteligência multifocal é definida como o resultado da interação entre estruturas psicodinâmicas que estão na mente.

De forma mais simples, há uma série de processos que são realizados em nosso cérebro. A maneira como eles se relacionam entre si dá origem ao que chamamos de inteligência, do ponto de vista da teoria multifocal.

Os processos que ocorrem na inteligência multifocal são:

  • Construção do pensamento.
  • Transformação da energia psíquica.
  • Autoformação.
  • Organização da memória, a partir da história consciente e inconsciente.

O ser ou o eu é a entidade que dirige e administra todos esses processos. Em outras palavras, todos eles podem ser direcionados conscientemente.

A teoria propõe que isso é alcançado quando se exerce uma análise crítica. Isso permite ver os fatos de diferentes pontos de vista. Também permite dar um novo significado a tudo que nos afeta negativamente.

Os fundamentos da teoria

A teoria da inteligência multifocal está baseada na filosofia e na psicologia existencial, bem como na psicanálise arquetípica. É uma perspectiva que, de alguma forma, procura resgatar o pensamento lógico.

A partir disso, é possível analisar como alguns pensamentos aparecem derivados de outros, em cadeia. Nessa concepção, o positivo é que poderíamos intervir sobre algum elo da cadeia, para depois gerar uma inércia.

O que a teoria propõe é questionar, desafiar e criticar todos os pensamentos perturbadores que vêm à nossa mente. Isso seria o resultado de uma história emocional, consciente e inconsciente.

De acordo com essa abordagem, os pensamentos angustiantes e sofrimentos antecipados precisam apenas de cinco segundos para gerar uma marca em nosso cérebro.

Esse registro fica no córtex cerebral e abre uma “janela”, ou seja, uma perspectiva destrutiva. Se, por exemplo, tivermos uma apresentação pública e pensarmos que vamos nos sair mal, em apenas cinco segundos será construída uma perspectiva, na qual começaremos a antecipar uma série de situações negativas, moldando emoções destrutivas de forma paralela.

Se enfrentarmos esse cenário com o pensamento racional, a teoria defende que seremos capazes de impedir que essa “janela” se abra. Também antecipa que, com o tempo e a prática, alcançaremos habilidades suficientes para impedir o próprio pensamento negativo que seria a origem do restante.

Os mecanismos da mente

O treinamento da inteligência multifocal

Augusto Cury propõe diferentes ações para treinar a inteligência multifocal. Elas envolvem fazer uma pequena pausa e tomar consciência dos pensamentos que motivam as nossas ações. Isso é chamado de “gerenciamento” ou “administração” do pensamento.

As ações recomendadas são as seguintes:

  • Relaxamento por curtos períodos. É necessário dedicar alguns minutos para relaxar a mente, várias vezes ao longo do dia. Ou seja, dedicar alguns minutos para respirar e pensar no sentido construtivo do que estamos fazendo.
  • Enfatizar estímulos positivos. Significa treinar a atenção para que se concentre principalmente no positivo que recebemos do ambiente, dia após dia.
  • Atividades construtivas e criativas. Ler, escrever, fazer arte em qualquer uma de suas manifestações ou realizar atividades nobres, como cultivar uma planta ou cuidar do meio ambiente, ajudam a tornar a mente mais flexível e construtiva.
  • Descansar corretamente. As horas de sono nunca devem ser reduzidas, por qualquer motivo. Da mesma forma, é importante ter uma divisão clara entre o tempo de trabalho e o tempo de descanso. Este último é sagrado.
  • Controlar o pensamento antecipatório. Estar atento às ideias que antecipam o futuro imaginário. O futuro é para propor metas ou projetos, não para imaginar situações. Nesses casos, o adequado é bloquear a imaginação.
  • Atender à qualidade do pensamento. Estar atento à irrupção dos pensamentos perturbadores e analisá-los de forma crítica.

Tudo isso é uma forma de educar o pensamento e, do mesmo modo, transformar as emoções destrutivas. Com o tempo, de acordo com essa teoria, tudo isso deve levar a uma vida mais inteligente, tranquila, pacífica e construtiva.


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  • Suárez, C. S., & Barrios, L. (2012). El cerebro triuno y la inteligencia ética: matriz fundamental de la inteligencia multifocal. Praxis, 8(1), 147-165.


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