Jim Jones, um impressionante fenômeno de sugestão coletiva

Quem conheceu Jim Jones o define como um líder que falava de maneira que suas palavras comoviam profundamente aqueles que as ouviam. A seguir, vamos contar tudo sobre o fundo trágico desta concentração de carisma.
Jim Jones, um impressionante fenômeno de sugestão coletiva
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 12 outubro, 2021

O nome de Jim Jones é sinônimo de tragédia. Estamos falando sobre a pessoa que induziu o maior suicídio coletivo da história. Aconteceu em Jonestown, na Guiana, em 18 de novembro de 1978. Nesse evento sombrio, 918 pessoas tiraram a própria vida. Como é possível que alguém tenha tamanho poder de sugestão sobre tantas pessoas?

O pior desse terrível acontecimento é que antes de o suicídio em massa ocorrer, os envolvidos ceifaram a vida de 300 crianças e 5 pessoas que não faziam parte da seita Templo do Povo, liderada por Jim Jones.

Infelizmente, embora o caso de Jim Jones tenha sido o mais massivo, não foi o único de seu tipo. Existem muitas seitas contemporâneas que levam seus fiéis a adotar comportamentos irracionais e totalmente nocivos para si próprios e para os outros. Isso ocorre até mesmo dentro de segmentos católicos, muçulmanos e outras grandes religiões.

“Essa é a sutileza mais refinada do sistema: induzir conscientemente à inconsciência, e então ficar inconsciente para não reconhecer que um ato de autossugestão foi gerado.”
-George Orwell-

Jim Jones passeando

Jim Jones, o místico

Jim Jones nasceu em 13 de maio de 1931 em Indiana, Estados Unidos. Ele era filho de dois camponeses de origem britânica, mas em várias ocasiões afirmou ser descendente de indígenas americanos. Essa informação era falsa. O que era verdade é que desde muito jovem ele se interessou pela religião.

Em 1949 ele terminou seus estudos universitários e se casou com Marceline Baldwin. Em seguida, Jim Jones se juntou à igreja metodista e se formou como pastor. Em 1952 ele fundou a igreja do Templo do Povo em Indianápolis. Era uma estranha junção de ideias cristãs, comunistas e fascistas.

Jim Jones se tornou um grande pregador. Ele era um líder carismático que falava contra o racismo e dizia que queria salvar os mais vulneráveis. Aos poucos, ele foi radicalizando seu discurso e introduzindo ideias estranhas, como a de que ele era um profeta no mesmo nível de Jesus Cristo.

O Templo do Povo de Jim Jones

Jim Jones ordenou que sua comunidade se mudasse para a Califórnia para levar uma vida coletiva, em uma fazenda do tipo “socialista” dedicada ao “espiritual”. Pelo menos 140 pessoas o seguiram. Posteriormente, eles se estabeleceram em San Francisco e, lá, o pastor adquiriu uma grande notoriedade.

Esse líder religioso foi apoiado inclusive por figuras da política, devido ao seu discurso antirracista e de solidariedade com os mais desfavorecidos. Também começou a praticar “curas pela fé” dentro da congregação, atraindo novos adeptos sedentos por uma esperança que não conseguiam encontrar.

No entanto, ao mesmo tempo, rumores sobre trabalho forçado e exploração sexual começaram a aparecer dentro do Templo do Povo. Jim Jones, por sua vez, começou a falar do apocalipse e de uma suposta guerra nuclear. Em seguida, mudou-se para a Guiana, na América do Sul, e muitos de seus fiéis o seguiram.

Uma comunidade sugestionável

Na Guiana, Jim Jones comprou um grande terreno que chamou de “Jonestown” em homenagem a si mesmo. Quem lá esteve e conseguiu sobreviver conta que, naquele local, era necessário trabalhar de 12 a 14 horas por dia na lavoura. Por esse trabalho, era paga uma quantia de 2 dólares por semana.

Dizem também que muitas mulheres foram forçadas a manter relações sexuais com o líder e que as crianças eram vítimas de tortura. Jones começou a realizar rituais que chamava de “As noites brancas”. Neles, eram realizadas simulações de suicídios coletivos.

Boatos sobre o que acontecia lá chegaram aos ouvidos do deputado Leo Ryan, que quis ir pessoalmente ver o que havia de verdade neles. Ele foi recebido com uma celebração. Jones tinha uma guarda pessoal a quem chamava de “anjos”. Eles atestaram que o lugar era um paraíso terreno.

Jim Jones

Um final trágico

O congressista Ryan decidiu voltar aos Estados Unidos no dia seguinte e indicou que quem quisesse poderia acompanhá-lo. Ele estava perto do avião quando foi atacado pelos “anjos”. Um deles o esfaqueou e os outros atiraram contra a comitiva de Ryan.

Então, Jim Jones reuniu toda a sua comunidade e pediu para que tomassem cianeto. Na verdade, ele não pediu, e sim exigiu. Conta-se que ele teria dito: “Obtivemos tudo o que sempre desejamos deste mundo. Tivemos uma vida boa e fomos amados. Vamos acabar com isso agora. Vamos acabar com essa agonia ”.

Aqueles que se recusaram a tomar cianeto tiveram a substância injetada. Apenas 80 pessoas conseguiram escapar, fugindo para a selva. Os outros morreram lá, incluindo bebês. Então, Jones aparentemente cometeu suicídio atirando na própria cabeça.  Esses acontecimentos receberam o nome de “histeria suicida”.


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  • Rodríguez-Carballeira, Á., Martín-Peña, J., Almendros, C., Escartín, J., Porrúa, C., & Bertacco, M. (2009). Un análisis psicosocial del grupo terrorista como secta. Revista de Psicología Social, 24(2), 183-195.


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