Joseph Stiglitz, uma das pessoas mais influentes do século XXI

Joseph Stiglitz, uma das pessoas mais influentes do século XXI
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 06 julho, 2018

Joseph Stiglitz é um economista nascido em Indiana (Estados Unidos) em 1943. No ano 2001, ganhou o Prêmio Nobel de Economia por seu amplo trabalho em torno da globalização. Stiglitz é um inflamado crítico da mesma. Suas teses assinalam com clareza as grandes mudanças e as grandes deficiências que ela provocou na qualidade de de vida.

No ano de 2008, Joseph Stiglitz foi o economista mais citado do planeta. Isso nos dá uma ideia da dimensão que suas teses alcançaram e de sua relevância como pensador. De fato, falamos de um dos intelectuais mais influentes do século XXI.

Um dos aspectos mais interessantes da teoria de Joseph Stiglitz é que integra um dado fundamental: o modelo globalizador gerou uma maior desigualdade e mais mal-estar. A qualidade de vida, em média e tendo em conta o planeta inteiro, diminuiu. Ainda assim, muitos não percebem isso deste modo. Esta é a razão pela qual Stiglitz também deu ênfase a alguns elementos da psicologia que facilitam a sustentação do modelo atual. Vamos nos referir a este último aspecto a seguir.

“O modelo de individualismo feroz combinado com o fundamentalismo do mercado alterou não só a forma como as pessoas veem a si mesmas e as suas preferências, mas também sua relação com os outros. Em um mundo de individualismo feroz, há pouca necessidade de comunidade e não há necessidade de confiança. O governo é um obstáculo, é o problema, não a solução.”
– Joseph Stiglitz –

Joseph Stiglitz e a economia comportamental

A economia comportamental ou economia do comportamento é um novo ramo da psicologia que se aplica aos temas econômicos. Parte da ideia de que, ainda que o comportamento dos seres humanos não seja racional, pode ser previsível em muitos casos. Este é o fundamento que permite criar mecanismos, por meio da economia, para condicioná-lo.

As observações da economia comportamental estabelecem que em nossas mentes há vícios constantes e erros de percepção recorrentes. Um deles é o “enquadramento”, ou seja, o entorno. O ser humano tende a interpretar as realidades de acordo com o entorno no qual se encontra ou considera.

Um exemplo disso é um velho experimento. Pede-se à vítima de um delito que identifique seu agressor em uma delegacia. Na maioria das vezes elas acabam o identificando, ainda que nenhuma das pessoas que estejam ao alcance de seus olhos seja realmente suspeita.

Para Joseph Stiglitz, grande parte do debate político atual acaba se definindo pelo enquadramento. Os setores de poder fazem com que a atenção se concentre em determinados focos. A partir disso, interpreta-se todo o demais. Um exemplo disso é a luta contra o terrorismo. São alguns centros de poder que definem o que é o terrorismo e quem são os que o praticam. O público muitas vezes não é capaz de ver que há outros atores que incorrem em condutas similares e que também poderiam ser chamados de “terroristas”.

Mágica no cérebro humano

A maleabilidade das convicções

Outro dos aspectos aos quais Joseph Stiglitz se refere é a fragilidade das convicções. Estas são altamente influenciáveis e modificáveis. Stiglitz se refere a vários experimentos nos quais isso se torna palpável. Por exemplo, indica que as pessoas mudam suas respostas em função de como a pergunta é feita. As pessoas tendem a escolher a resposta que mais esteja de acordo com seus padrões, não a que é mais certa ou se ajusta às suas supostas convicções.

Dúvida sobre qual caminho seguir

Outro vício importante indica que as pessoas processam a informação de forma diferente se ela está de acordo com suas convicções prévias. Se for, ela é considerada relevante. Em contrapartida, quando contradiz ou contesta essas “certezas’ anteriores, tendemos a ignorá-la. Esta distorção é conhecida pelo nome de “vício de confirmação”.

Do anterior surge o que Joseph Stiglitz chama de “ficções sobre o equilíbrio”, uma convicção segundo a qual não há desigualdade objetiva. A respeito, uma pesquisa determinou que até 42% dos norte-americanos não acreditam que a desigualdade no mundo tenha aumentado.

Um mundo condicionado

Joseph Stiglitz reitera que a principal tarefa do marketing e da publicidade é condicionar as percepções, moldar a maneira como cada ser humano enxerga o mundo e a realidade que o rodeia. Em alguns casos, este condicionamento é individual, mas em muitos outros se transforma em um fenômeno coletivo. Stiglitz enfatiza que essa forma de perceber o mundo, por sua vez, faz com que a realidade seja de um modo e não de outro.

Tempo é dinheiro

As percepções das pessoas fazem com que o mercado mude, que a economia mude. Instaura-se, por exemplo, a convicção de que o Estado é um obstáculo para as empresas, e é possível que alguém que pensa dessa forma acabe por dirigir o Estado. Essa figura agirá em consequência disso e assim determinará o rumo de tudo, seja ou não verdadeiro esse princípio.

A teoria de Joseph Stiglitz vai muito além do que mencionamos. Porém, o importante aqui é deixar claro que se trata de um pensador ao qual vale a pena conhecer. A economia atravessa e compromete a todos nós, queiramos ou não.  A política também. Quanto melhor conhecermos suas lógicas, mais autônomos seremos frente a elas.


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