O legado do meu avô, um vínculo eterno

O legado do meu avô, um vínculo eterno

Última atualização: 09 setembro, 2015

O legado que meu avô deixou não se mede em bens materiais, nem sequer em velhos relógios ou em fotografias em preto e branco.

O autêntico presente foi o tempo compartilhado, os lentos passeios arrastando folhas secas na volta do colégio, o sabor do chocolate que ele guardava em seu bolso ou as horas em frente ao mar, num verão que conhecia mil histórias. Mil histórias que transitavam entre a realidade e sua inventividade.

Os avós são esse vínculo tão intenso entre gerações, encarregados de transmitir valores, de educar, desde as emoções, desde a experiência até uma serena cumplicidade. São parceiros de jogo, confidentes e conselheiros. O papel do avô tem múltiplas facetas básicas nessa sociedade.

Embora o papel do avô também seja o de educar, sua missão não é exatamente a mesma que a que os pais devem ter. Um avô, uma avó, já viveu seu instante de paternidade, agora é o momento de exercer um papel diferente e, inclusive, de revisar a própria infância.

São árvores da vida que abrigam as novas gerações.

O avô, meu pedestal e reserva de sabedoria

Nunca chegaremos a saber se nossos avós pediram para ser avós… Os netos chegam ao mundo esperando ser amados, cuidados e lançados ao futuro com confiança e segurança. Toda criança precisa estabelecer vínculos firmes com aqueles que a rodeiam, e se os pais são importantes, os avós não são menos.

Nós, os netos, carregamos um pouco de seu sangue e, de algum modo, perpetuamos seu legado com a nossa geração. No entanto, ainda há muitos outros aspectos que nutrem esse vínculo e que vão mais além de um código genético em comum.

1. Os avós podem parar o tempo

Você conhecia essa capacidade presente na maioria dos avós? Quando você voltava da escola e seu avô ia te buscar, já sabia que a tarde tomaria um ar mais distraído, mais relaxado. Também não sabemos se nossos avós haviam pedido para “retomar”, conosco a sua própria infância mas, de alguma maneira, estavam quase condenados a isso.

O legado do meu avô

Compartilhavam jogos e brincadeiras conosco. Atualmente já são bastante hábeis com a tecnologia, inclusive. Compartilham risadas e confidências com seus netos, estabelecem instantes com uma carga emocional intensa e diferente das que se constroem com os pais.

Os avós quase nunca proíbem; são um pouco mais permissivos e, além disso, sabem escutar. Têm tempo e, mais ainda, conseguem que “o tempo pare para seus netos”.

2. A função do avô e a função da avó

Este dado é curioso e ao mesmo tempo verdadeiro, na maioria dos casos. De acordo com diversos estudos da gerontologia e da psicologia familiar, o papel que os avôs exercem costuma ser diferente do papel das avós.

Elas são pura dedicação, cuidado e atenção. São elas que se preocupam com a nossa alimentação, o nosso bem-estar, elas que, de certo modo, estão mais centradas na realidade e no do dia a dia, com o intuito de serem úteis. Os avôs, por sua vez, proporcionam esse momento do passado e um legado pessoal para transmitir aos netos através de mil histórias, de mil relatos, que as crianças escutam com olhos atentos e coração inflamado.

O legado do meu avô

As crianças adoram escutar histórias, conhecer sua origem e ver o mundo a partir do olhar sábio de seus avós. É uma sabedoria única que perpetua de geração em geração, e que nunca é esquecida.

3. São aliados em momentos de crise

O legado do meu avô

O avô e a avó são essas árvores imensas que abrigam toda a família em momentos de harmonia e em épocas de tormenta. Os adolescentes, por exemplo, costumam encontrar certa calma ao ter esse vínculo com seus avós que, por sua vez, servem de mediadores com os pais.

Frequentemente os avós são criticados por cederem muito, por nunca poderem dar uma negativa e serem um pouco partidários com os netos, antes que com seus filhos. Os avós estão em um momento de sua vida onde deixam de lado os conflitos e priorizam o valor emocional e a proximidade com os seus familiares, acima de todas as coisas.

Meu avô não era só um contador de histórias, era um homem que não suportava o silêncio de uma casa vazia ou o ruído de um salão onde flutuam discussões e brigas. Meu avô era um oceano de calma que aportava uma brisa eterna nos momentos de crise familiar. Ninguém nunca soube como ele fazia, mas, graças a ele, tive uma infância segura e feliz. Como muitos outros.

E cheia, muito cheia de legados pessoais mais valiosos que o tesouro daqueles piratas de suas história de leões marinhos.

Créditos da imagem: PJ Lynch a galeria


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