A Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher e os ciclos biológicos

A Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher e os ciclos biológicos
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 19 março, 2019

A Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher, que fala do nosso “biorritmo”, tornou-se bastante popular durante os anos 70. Na verdade, ela assentou as suas bases no final do século XIX, mas foi só no começo do século XX que ganhou fama e começou a ser considerada válida.

Segundo a Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher, as pessoas têm ciclos biológicos divididos em três tipos. Um deles é um ciclo físico que dura 23 dias. O outro é um ciclo emocional que tem uma duração de 28 dias. Por último, essa teoria indica que temos um ciclo intelectual que dura 33 dias.

“Examinem os fragmentos da pseudociência e vão encontrar uma manta de proteção, um polegar para chupar, umas fraldas as quais se agarrar. E o que oferecemos nós em troca? Incerteza! Insegurança!
– Isaac Asimov –

Estes ciclos estariam presentes a partir do momento de nascimento. A Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher indica que tais ciclos têm uma curva ascendente e descendente.

No alto da curva, a capacidade física, emocional ou intelectual está no seu máximo esplendor. Entretanto, nos pontos mais baixos cada capacidade decresce ao nível mínimo. Quando dois ou mais desses pontos baixos coincidem na mesma data, trata-se de um “dia crítico”.

Os criadores da Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher

Os criadores da Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher foram Wilhelm Fliess, Alfred Teltscher e Herman Swoboda. Este último foi quem deu a forma definitiva aos “biorritmos” e, por isso, esta lei também é conhecida como a Lei de Swoboda.

Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher

Wilhelm Fliess foi um médico alemão, paciente e amigo pessoal de Sigmund Freud. Ele foi o primeiro a mencionar que havia observado regularidades em certos intervalos. Falou delas como uma espécie de “relógio biológico interno” e descreveu os ciclos físico e emocional.

Fliess manteve um vínculo particular com Freud e também criou estranhas teorias. Entre elas, uma rara associação entre os órgãos genitais e o nariz.

Por outro lado, Alfred Teltscher era um pesquisador austríaco que trabalhou como professor de Engenharia Mecânica na Universidade de Innsbruck (Áustria). Ele se interessou pelas teorias de Fliess e decidiu comprová-las por si mesmo, com a ajuda de seus estudantes.

Suas descobertas não só colaboraram com tais teorias, mas ele também acrescentou um novo ciclo: o intelectual.

Finalmente, Herman Swoboda foi um psicólogo e professor da Universidade de Viena. Estudou durante vários anos o assunto dos biorritmos e, do mesmo modo que Telscher, identificou ciclos intelectuais bem definidos em seus alunos. Foi ele quem deu a forma definitiva à Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher.

A popularização dos biorritmos

Apesar da teoria já estar completa há muito tempo, ela só se popularizou durante os anos 70, quando um homem chamado Bernard Gittelson publicou vários livros sobre esse assunto.

Naquele momento, estavam em alta as teorias da chamada “Nova Era”. O público foi bastante receptivo às teorias do biorritmo, surgidas com base na Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher.

Os biorritmos tiveram uma época de auge na qual se transformaram em um verdadeiro hit. Nos Estados Unidos, começaram a se tornar populares lugares que calculavam o seu biorritmo, e foram criados programas de computadores com esse objetivo.

O mundo empresarial não ficou alheio a essa tendência. Sabe-se que a empresa aérea United Airlines usou os biorritmos com o propósito de evitar os erros humanos durante seus voos.

Do mesmo modo, milhares de pessoas se uniram a essa moda porque os livros de Gittelson forneciam as dicas para melhorar a produtividade no trabalho se baseando nesses ciclos.

Mentiras consagradas e pseudociência

Os biorritmos e a Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher são um dos exemplos mais paradigmáticos da pseudociência popularizada.

Apesar da teoria sempre ter sido vista com grande desconfiança pelos meios científicos, foi só no ano de 1998 que o neurologista Terence Hines conduziu um extenso estudo a esse respeito. Ele chegou à conclusão de que estes ciclos não existem.

Respeitar o ritmo biológico

Hines denunciou que as observações e teorias que serviram de base para construir a Lei de Swoboda-Fliess-Teltscher eram completamente arbitrárias. Elas não aplicavam o método científico e davam às hipóteses o valor de conclusões.

A crença nos biorritmos fez com que as pessoas criassem associações livres entre aquilo que lhes acontecia e o que esse instrumento dizia. Com base nelas ou sem elas, as pessoas acabavam acreditando na validez dos fatos, que eram explicados aleatoriamente.

Hines também comprovou que os ciclos físico, emocional e intelectual não existem. Obviamente, o ser humano possui ciclos fisiológicos e hormonais, mas isso não tem nada a ver com a produtividade, nem com os dias críticos, nem com nada do tipo.

Apesar das provas apresentadas, muitas pessoas no mundo ainda continuam acreditando nos biorritmos.


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