Até que ponto vai a liberdade no relacionamento amoroso?

Até que ponto vai a liberdade no relacionamento amoroso?
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 11 janeiro, 2018

Atualmente, existe um grupo de pessoas que “fogem” de um compromisso de casal, seja porque não saberiam como se comportar ou porque acreditam que não há liberdade no relacionamento amoroso. Mais ou menos na década de 1970, em diferentes culturas e sociedades, o casamento caiu em um grande descrédito. Foi um momento de inúmeros divórcios, coincidindo com a emancipação das mulheres em todas as áreas da sociedade.

Desde então, foi estabelecida uma clara tendência a favor do “amor livre”. As pessoas passaram a acreditar que o compromisso e a sua formalização tirariam a sua liberdade. Todo mundo queria deixar uma porta aberta para sair sem problemas, caso as coisas não acontecessem da forma desejada.

“Você precisa assumir um compromisso, e uma vez que o faz, a vida lhe dará algumas respostas”.
– Les Marrón –

Essa tendência se intensificou nas décadas seguintes. Não só o casamento ficou desacreditado, mas os relacionamentos de casal também começaram a ser vistos como um freio à liberdade. O namoro começou a cair em desuso. Em vez disso, surgiram outras formas de relacionamento, como “amigos coloridos” ou pessoas que estão exclusivamente em busca de sexo.

É necessário ressaltar também que, durante todas essas décadas, nem o casamento e nem o namoro formal desapareceram completamente. Existe um setor da sociedade “um pouco mais conservador” que continua mantendo essas alternativas dentro do seu “leque” de opções.

Casal se beijando no mato

O compromisso e a liberdade no relacionamento

A ideia de que todo compromisso afetivo reduz a liberdade é verdadeira, mas é necessário esclarecê-la. Parece que acreditamos que somos seres totalmente livres, até que um compromisso chegue e nos prenda. Mas isso não é verdade.

O simples fato de viver em sociedade tira a nossa liberdade. Não podemos sair por aí fazendo o que quisermos, porque isso quebraria os laços sociais. Se eu gosto do carro do meu vizinho, não posso simplesmente pegá-lo e sair dirigindo por uma estrada arborizada. Não vivemos de ar e isso impõe uma série de restrições: devemos ganhar o pão com o suor do nosso rosto, ou depender de alguém para sobreviver.

No plano afetivo, as coisas não são muito diferentes. Todo vínculo de amor ou ódio nos impõe limites. Não podemos evitar que a nossa mãe ame alguém além de nós. Nós somos forçados a “ganhar” a simpatia dos nossos colegas e chefes. Precisamos ceder em muitas situações e aguentar as indiferenças ou arrogâncias. A liberdade, para os seres humanos, não significa ausência de deveres. Em vez disso, implica uma margem de ação, com algumas restrições com as quais precisamos conviver.

Muitas vezes gostaríamos de voltar a ser aquele selvagem que fazia espontaneamente qualquer coisa que lhe viesse à mente. Relutamos em aceitar o fato de que fazer parte de uma sociedade nos impõe restrições. Podemos ver nas necessidades e exigências do outro uma situação desagradável que deve ser descartada rapidamente.

Dar as mãos

O compromisso de casal

O que parece normal em outras áreas, no relacionamento de casal é insuportável. Percebemos as limitações que um relacionamento gera como insustentáveis. Nós não queremos exigências… ou que nos peçam explicações pelo que fazemos. Não estamos interessados ​​em testemunhar cenas de ciúmes ou restrições para sair com quem quer que seja.

O que se entende como liberdade no relacionamento de casal é, acima de tudo, a liberdade de ter vários parceiros ao mesmo tempo e não se responsabilizar pelas emoções do outro. Estar atento às necessidades emocionais de um parceiro é algo que pode ser percebido como um fardo que muitos não querem carregar.

Muitas pessoas pensam que compromisso e liberdade são dois termos que não combinam quando falamos sobre um relacionamento de casal. No entanto, nesse mesmo mundo onde, aparentemente, ninguém quer um compromisso de casal, surgem alguns paradoxos.

Um deles é representado por uma informação curiosa: a questão mais procurada no Google, em todo o planeta, é: “como encontrar um parceiro?” Talvez o que muitos busquem seja se sentir amado, sem o compromisso que envolve o amor. Ou se sentir acompanhado, sem os deveres implícitos que acontecem dentro de um relacionamento.

Casal de namorados

A solidão também impõe muitas restrições: podemos nos tornar escravos de nós mesmos. Parece que algumas pessoas desejam amar para sempre com a lógica de um adolescente: muita diversão, muita transgressão, pouco compromisso. Também é possível que tenhamos nos transformados em pessoas que têm muito medo de amar. Abandonamos antes de sermos abandonados, e talvez por isso nos recusamos a assumir um compromisso por causa da “perda” da liberdade no relacionamento.


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  • Gonzaga, G. C., Keltner, D., Londahl, E. A., & Smith, M. D. (2001). Love and the commitment problem in romantic relations and friendship. Journal of Personality and Social Psychology. https://doi.org/10.1037/0022-3514.81.2.247


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