Temos mais informação, mas somos menos inteligentes

A quantidade de informação ao nosso alcance é imensa. Podemos encontrar textos sobre qualquer questão com muita facilidade. No entanto, muitas vezes isso nos torna menos inteligentes e mais vulneráveis à manipulação.
Temos mais informação, mas somos menos inteligentes
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 14 março, 2020

Uma das grandes transformações que a revolução tecnológica trouxe consigo foi o acesso a mais informação, dando início à chamada “sociedade do conhecimento”. A parte lamentável deste fenômeno é que grande parte da sociedade não evoluiu com esses avanços; pelo contrário, sofreu uma deterioração significativa de seus processos mentais.

Estar na era da informação e do conhecimento não é saber usar um computador ou um smartphone. Quando não há uma inteligência que gerencie esses aparelhos, então são os aparelhos que acabam dirigindo a inteligência dos seres humanos. Infelizmente, é isso que aconteceu com muitas pessoas.

O mais grave de tudo é que, como agora há mais informação ao alcance, muitos chegam a acreditar que estão melhor informados. Ou pensam que, para entender um assunto, basta consultá-lo na Internet e repetir o que encontraram. Na verdade, também há aqueles a quem a veracidade não interessa.

“A verdadeira genialidade está na capacidade de avaliar informações incertas, aleatórias e contraditórias”.
-Winston Churchill-

Mulher escrevendo em computador

O mundo da Internet

A Internet não é apenas uma rede de informação e comunicação, mas se transformou em uma verdadeira cultura. Ela está repleta de informação irrelevante constantemente bombardeada aos usuários. O volume de dados é tão alto que diferenciá-los ou selecioná-los parece ser uma tarefa impossível. Por isso, muitos os aceitam da forma como surgem.

Praticamente qualquer barbaridade pode ser respaldada com informações obtidas na Internet. Se você buscar “o diabo existe”, vai encontrar pelo menos 15 mil resultados que “confirmam” – entre aspas – esta hipótese. Para tudo há uma pesquisa, um depoimento ou uma evidência, ainda que os mesmos não tenham validade alguma.

Por tudo isso, o que aconteceu é que, pouco a pouco, a Internet se transformou em um espaço de distração, mais do que de informação. A informação, por sua vez, não tem mais aquele filtro de verdade que existia antes. Agora há mais informação, mas o preocupante é que boa parte dessa informação carece de veracidade e só é desenhada para distrair.

Informação, conhecimento e sabedoria

A informação é composta por dados e constitui a base a partir da qual podemos edificar o bom conhecimento. No entanto, quando há mais informação de menor qualidade, esse processo é truncado ou deturpado. Os dados insossos levam a conhecimentos insossos e, por razões óbvias, a uma consciência insossa. É exatamente isso que tem acontecido com grandes segmentos da sociedade.

Por isso, a sabedoria consciente e ética, baseada em conhecimento e informações relevantes, está cada vez mais rara no mundo atual. A sabedoria é construída não quando há mais informação, mas quando esta se decanta, leva ao conhecimento profundo e permite compreender a essência das coisas.

O que acontece hoje em dia é uma aproximação superficial às diferentes realidades. A mente passa por tudo de forma rápida e com pouco senso crítico. Nós nos acostumamos a fazer dez coisas ao mesmo tempo, esquecemos o que aprendemos e deixamos que os outros analisem por nós, organizando, por exemplo, a nossa escala de valores.

Mulher trabalhando com as novas tecnologias

Mais informação e menos inteligência

Por todo o anterior, é possível afirmar que hoje em dia há mais informação, mas que de alguma maneira, somos menos inteligentes. De certa forma, isso se deve à atitude alimentada pelo mundo virtual. A paciência se transformou em uma virtude exótica, quando para refletir e elucidar é preciso ter paciência e tempo. Nenhum conhecimento elaborado instantaneamente pode nos levar à sabedoria.

Os sábios focam seu olhar nos enigmas e não buscam a resposta para eles na Wikipedia, e sim na observação, na análise e na reflexão. A maioria das pessoas não busca adentrar os labirintos dos grandes mistérios e das grandes perguntas, mas quer encontrar a receita, a fórmula mágica, a lista numerada ou o dado pontual.

Desenvolver uma verdadeira consciência a respeito de nós mesmos e do mundo deixou de ser importante para muitos. Estão ocupados o tempo todo, até quando estão dormindo. Não precisam pensar, e sim dizer e agir, embora o que digam e o que façam não tenha mais a mínima importância, sendo apenas uma forma de perder tempo, de gastar a vida.


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  • Escorsa, P., Maspons, R., & Llibre, J. (2001). De la vigilancia tecnológica a la inteligencia competitiva. Financial Times.


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