5 maneiras pelas quais os pais prejudicam a autoestima dos filhos e como corrigi-los

Para aumentar a autoestima de uma criança não basta dizer “Você é ótimo e o mais lindo do mundo”. São necessárias estratégias mais eficazes. Explicamos como conseguir isso sem cometer erros comuns.
5 maneiras pelas quais os pais prejudicam a autoestima dos filhos e como corrigi-los
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 09 maio, 2024

Seria maravilhoso se cada criança viesse ao mundo com um manual pessoal que nos dissesse como cuidar dela, responder às suas necessidades e torná-la uma pessoa feliz, independente e realizada. Mas, em vez disso, na maioria das vezes agimos às cegas e quase por instinto. Confira 5 maneiras pelas quais os pais prejudicam a autoestima dos filhos e como corrigi-los.

Um dos aspectos em que costumamos cometer mais erros é no cuidado da autoestima. Muitas vezes assumimos abordagens errôneas que, longe de potenciarem essa dimensão do bem-estar psicológico, dificultam-na. Um exemplo disso é elogiar excessivamente de forma inautêntica.

Nossos filhos não são ingênuos. O objetivo que devemos estabelecer para nós mesmos é construir neles um senso adequado de autocompetência e amor-próprio. Numa sociedade competitiva e que tende a questionar o nosso valor, nada é tão relevante como abordar essa área da saúde mental.

Erros comuns dos pais que prejudicam a autoestima dos filhos (e como corrigi-los)

A autoestima se refere à maneira como nos vemos e como acreditamos que os outros nos veem. Essa percepção é influenciada pelo nosso ambiente e, principalmente, pelos nossos cuidadores. Cada mensagem dada ou não, cada interação e experiência vivida na primeira infância são fundamentais para a construção dessa dimensão.

Ou seja, a autoestima não se constrói apenas com as nossas percepções, mas a influência dos nossos pais, irmãos, professores e amigos também é decisiva. E sejamos claros sobre um aspecto: é mais fácil desenvolvê-la em uma criança do que ter que repará-la em um adulto.

Da mesma forma, e em relação a essa ideia, um estudo da Universidade da Califórnia nos diz algo importante. O ambiente familiar às vezes pode ser tão complexo que a autoestima da criança pode ser afetada por inúmeros fatores, como a presença de um distúrbio psicológico nos pais.

Por outro lado, não podemos ignorar as formas como os pais prejudicam a autoestima dos filhos sem mesmo saberem. Vamos analisá-las.

1. Não atribuir responsabilidades adequadas à idade dos filhos

A superproteção é um obstáculo ao correto desenvolvimento da autoestima das crianças. É importante lembrar que se há algo que uma criança precisa é sentir-se competente e para isso nada melhor do que oferecer-lhe responsabilidades adequadas à sua idade.

Se você crescer presumindo que sempre haverá alguém disposto a facilitar sua vida e resolver seus problemas, mais cedo ou mais tarde você se deparará com a realidade.

Por outro lado, a criança que descobre cedo que é capaz de realizar múltiplas tarefas sozinha estabelece efetivamente a autoeficácia, conforme indica um estudo publicado na Frontiers in Education.

  • Como fazer melhor?

Todos os dias abrem-se múltiplas oportunidades para as crianças aprenderem a ser mais autônomas. Vamos encorajá-las e confiar nelas, no seu valor e nas suas capacidades, de acordo com a sua idade.

2. Evitar que cometam erros

Existem pais e mães que passam parte de suas vidas agindo como heróis no resgate de seus filhos. Previnem quedas, erros, fracassos e decepções. Cometer erros e fazer um esforço mental para resolver esse incidente dá a cada criança uma valiosa oportunidade de crescimento.

A autoestima também nasce em cada adversidade superada, algo que uma criança pode aprender com as experiências mais simples e inocentes.

  • Como fazer melhor?

Embora seja uma prioridade salvaguardar a segurança e o bem-estar da criança, há experiências que ela deve viver sozinha. Talvez, e só como exemplo, não lembrá-la de que deixou a bola em casa antes de ir brincar no parque a faça assumir a responsabilidade por suas coisas na próxima vez, sem ter que depender tanto da mãe ou do pai.

Manter as crianças isoladas dos desafios do dia a dia prejudica o seu desenvolvimento psicossocial e a construção de uma boa autoestima.

3. Abusar do reforço positivo

Há pais que descrevem tudo o que os filhos fazem como extraordinário, dizendo-lhes que são fantásticos, os melhores do mundo e os mais inteligentes.

Pode ser que nosso filho nos mostre um desenho que ele sabe não ser o seu melhor trabalho. Se mamãe e papai lhe disserem que é “maravilhoso”, saberá que não é verdade. Assim, é difícil para ele se sentir motivado a melhorar, pois seus pais parecem achar fascinante tudo o que ele faz.

  • Como fazer melhor?

Qualquer reforço dado a uma criança deve ser sincero, de fácil compreensão e pedagógico. Se quisermos melhorar a autoestima do nosso filho, um “Estou orgulhoso de como você trabalhou duro” será sempre melhor do que um “Você faz tudo bem porque é o menino mais bonito do mundo”.

4. Protegê-los de suas próprias emoções

Quando uma criança chora, fica triste ou frustrada, é tentador comprar um sorvete ou um brinquedo para ela, pois assim seremos capazes de colocar imediatamente um sorriso em seus rostos. No entanto, o que os pequenos aprenderão com isso? Pouco ou nada.

Os pais prejudicam a autoestima dos filhos, minimizando ou impedindo-os de aprender a controlar as suas emoções. Um trabalho realizado na Universidade César Vallejo destaca a correlação entre regulação emocional e autoestima, o que implica também a capacidade de gerir os próprios sentimentos sem ser dominado por eles.

  • Como fazer melhor?

Nunca é demais para os pais aprenderem estratégias apropriadas de inteligência emocional para educar seus filhos. A negligência por parte dos cuidadores que sempre prejudica as crianças é não compreender ou saber regular as próprias emoções.

5. Educar com base na perfeição

Educar na perfeição é educar na ansiedade e na percepção de que nunca se cumpre o que se pede. É verdade que todos os pais desejam que os seus filhos tenham sucesso. Porém, acima das conquistas excepcionais está a felicidade, aproveitar a infância e não acabar desenvolvendo uma autocobrança pouco saudável desde cedo.

Conforme mencionado em pesquisa publicada na revista Reflection and Educational Research, crianças com perfeccionismo desadaptativo quase sempre apresentam autoestima fraca e fragmentada.

  • Como fazer melhor?

É positivo estabelecer metas e propósitos para nossos filhos, marcos pelos quais eles devem se empenhar. Isso promove sua maturidade e responsabilidade. No entanto, estes objetivos devem ser realistas, acordados com os nossos próprios filhos e também motivadores para eles.

Conclusão: devemos buscar o equilíbrio

Permitir erros, evitar elogios excessivos e desproporcionais e atribuir responsabilidades adequadas à idade são aspectos fundamentais para promover uma autoestima saudável em nossos filhos.

Essa abordagem harmoniosa e equilibrada irá lhes proporcionar as ferramentas necessárias para desenvolverem a autoconfiança e enfrentarem os desafios da vida com resiliência e autoaceitação.


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