9 sinais de manipulação psicológica na comunicação
Não responder. Ironizar. Dizer que não dá para falar conosco. Fazer uso da condescendência como se fôssemos crianças. Ameaçar com ultimatos. Os sinais de manipulação psicológica na comunicação e na linguagem são tão variados quanto desgastantes. É uma forma de exploração mental e abuso emocional que devemos aprender a reconhecer.
Licio Gelli foi um dos homens mais obscuros da história da Itália. Este agente da chamada loja maçônica Propaganda Due era um neofascista especializado na manipulação das grandes massas. Algo que este homem tão sinistro disse uma vez é que, para controlar alguém, bastava saber como se comunicar. A linguagem é uma arma e a estratégia mais perversa para a dominação, ele indicava.
Todos nós sabemos bem disso. Sabemos que na esfera política, na publicidade e nesse grande universo que são os meios de comunicação de massa, faz-se um uso quase constante da manipulação para nos seduzir, influenciar nossas decisões e, em última análise, para nos controlar. Mas tudo fica um pouco mais sutil e complexo quando passamos para o âmbito privado.
Falamos, é claro, daquele cenário reduzido, íntimo e próximo que estabelecemos com as pessoas mais queridas. Com a nossa família, parceiro, amigos… Os sinais de manipulação psicológica e emocional fluem entre nós quase de forma constante, mas camuflados. Além disso, podemos também aplicar esses sinais de forma inconsciente. Portanto, é essencial saber como detectá-los e reagir a eles.
Se a linguagem é a roupa dos pensamentos, vamos aprender a pensar com mais delicadeza. Vamos entender que o importante não é só cuidar do que dizemos, mas também da forma como dizemos.
Sinais de manipulação psicológica na comunicação
Quando falamos de manipulação psicológica na comunicação, o que acontece em primeiro lugar é um desequilíbrio no relacionamento. É usar a linguagem a favor de si mesmo, e não só para controlar o outro, mas também para machucar. Porque o que move o mecanismo dessa agressão encoberta são as emoções mais viscerais.
Aldous Huxley dizia que as palavras podem ser como raios X. Utilizadas de forma maquiavélica, elas podem atravessar tudo: a autoestima do outro, a dignidade e até a identidade. Portanto, vamos aprender a vê-las chegar, a entender um pouco mais essa dinâmica tão destrutiva a nível pessoal.
1. Manipulação dos fatos
Todo especialista em manipulação psicológica na comunicação é um grande estrategista que deforma a verdade. Ele sempre coloca a verdade a seu favor, atenuando sua parcela de responsabilidade para projetar em nós toda a culpa. Além disso, ele faz uso do exagero e guarda informações importantes para simplificar ainda mais os dados e, assim, assegurar que a balança sempre se incline em direção à sua “verdade”.
2. Ele diz que não dá para falar com você
Essa frase é simples, direta e eficaz. Se alguém nos diz que “não dá para falar conosco”, ela evita exatamente o que deseja: falar sobre esse problema. Assim, é comum que a pessoa nos diga que somos emotivos demais, que levamos tudo para o extremo e que ultimamente tem sido muito difícil se comunicar conosco. Ela projeta aquilo que ela mesma sofre: habilidades comunicativas.
3. Assédio intelectual
O manipulador psicológico e emocional também costuma fazer uso de outra estratégia comunicativa muito comum. Trata-se do assédio intelectual, que nada mais é do que nos fornecer uma enorme quantidade de argumentos, informações, fatos e raciocínios complicados para nos convencer de algo por meio da exaustão e da infoxicação.
4. Ultimatos e pouco tempo para decidir
Se você não aceitar o que eu estou propondo, isso acaba. Te dou até amanhã para você pensar no que eu te disse. Estes tipos de estratégias comunicativas costumam ser, sem dúvidas, muito dolorosas e angustiantes. Elas nos colocam entre a cruz e a espada, nos geram ansiedade e nos colocam em estados de grande sofrimento emocional.
É necessário entender que quem nos respeita, quem nos ama de verdade, não fará uso dessas ameaças de “tudo ou nada”. Essa é outra estratégia de manipulação muito comum.
5. Pronuncia o nosso nome em várias ocasiões durante a conversa
Quando, durante uma conversa ou discussão, alguém pronuncia o nosso nome quase de forma continuada e exagerada, está executando um mecanismo de controle inteligente. Com isso, obriga a outra pessoa a prestar atenção e, por sua vez, entra em um estado contínuo de intimidação.
6. Ironias e humor negro
A ironia e o uso desse senso de humor que humilha, ridiculariza e nos desvaloriza é outro dos sinais mais recorrentes de manipulação psicológica na comunicação. O agressor ou manipulador procura nos diminuir e tenta impor sua suposta superioridade psicológica sobre nós.
7. O uso do silêncio ou evasão
Não quero falar sobre isso. Agora não é um bom momento. Para que tocar nesse assunto?… Este tipo de dinâmica normalmente é muito recorrente nos relacionamentos afetivos, principalmente se uma das partes carece de habilidades comunicativas, vontade e sentido de responsabilidade.
8. Aparentar ignorância: “não entendo o que você quer dizer”
Esta é uma tática bem clássica, ade aparentar que não entende o que o outro quer que ele diga ou faça. É brincar com a outra pessoa, fazendo com que ela veja que complica demais as coisas, que leva a conversa para um nível que não faz sentido. Estamos perante uma estratégia clássica do manipulador passivo-agressivo, em que ele evita assumir sua responsabilidade e busca fazer o outro sofrer.
9. Deixa você falar primeiro
Entre os sinais de manipulação psicológica na comunicação mais afinados, há aquele em que alguém tenta nos fazer falar primeiro. Com esta estratégia, ele consegue várias coisas. A primeira coisa é ganhar tempo para preparar seus argumentos, a segunda é encontrar os nossos pontos fracos.
Da mesma forma, é comum que depois de nos escutar, o manipulador emocional evite expor suas ideias ou opiniões. Ele pode se limitar a nos fazer perguntas, a explorar questões que são tudo, menos úteis para chegar a algum acordo, buscam destacar os nossos defeitos, canalizar o problema para o seu terreno e nos expor como pessoas desajeitadas, fracas ou exageradas.
Para concluir… é verdade que existem muitas outras estratégias em matéria de manipulação psicológica e emocional no campo da comunicação humana, mas estas são, sem dúvidas, as dinâmicas mais comuns. São formas de intimidação que reduzem não só a possibilidade de estabelecer diálogos efetivos, mas que também servem para subjugar o outro, incapacitá-lo em todos os níveis: pessoal, emocional e mental.
Temos que aprender a reconhecer estes comportamentos.