Mastodon: por que optar por essa rede social se o Twitter cair?

O Twitter, até hoje, ainda não caiu. No entanto, muitos o veem como aquele brinquedo nas mãos de Elon Musk que pode quebrar a qualquer momento. Por isso, há quem pense em migrar para o Mastodon como alternativa: o que essa rede social tem para atrair tanto interesse?

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 06 dezembro, 2022

A humanidade atravessa tempos incertos e um tanto estranhos, ninguém pode negar. Como disse o pintor pós-impressionista francês Paul Cézanne, “vivemos em um arco-íris de caos”. E isso torna o momento atual uma realidade muito propícia para a análise do comportamento de nossa sociedade sob qualquer ponto de vista: econômico, psicológico, social, filosófico, etc.

As redes sociais são o barômetro para medir muitas das convulsões, intrigas e mudanças que acontecem hoje. Dessa forma, se há alguns meses o magnata Elon Musk assumiu o controle do Twitter e logo anunciou a demissão de metade dos funcionários da empresa, há poucos dias fomos para a cama com novas notícias. Outra ainda mais inquietante.

Boa parte dos funcionários da sede corporativa do Twitter em São Francisco pediu demissão. Após o ultimato apresentado por Musk instando-os a aumentar sua produtividade e trabalhar mais horas, quase um terço da força de trabalho deixou o cargo. Essa falta de engenheiros coloca em risco a estabilidade da plataforma, e várias vozes anunciaram que esse pode ser o fim da referida rede social.

Por sua vez, o próprio magnata e empresário afirma que não está “preocupado demais” e insiste que os usuários cadastrados no Twitter estão crescendo mais do que nunca. Porém, por alguns dias existe outro aplicativo que virou moda e é tendência. Estamos falando do Mastodon, a possível alternativa à rede social do pássaro azul.

O que é o Mastodon?

Desde o último dia 27 de outubro, quando o Twitter se tornou (para muitos) o brinquedo quebrado de Elon Musk, mais de um milhão de pessoas aderiram ao Mastodon. E o número continua aumentando a cada dia. De fato, é cada vez mais comum ver usuários e figuras públicas do Twitter já anunciarem o seu nome de usuário nessa rede social para atrair os seus seguidores nesse outro canal.

A verdade é que tínhamos muitas outras plataformas ao nosso alcance, desde o Telegram ao Reddit, passando pelo Tumblr, Discord ou CounterSocial. No entanto, o que o Mastodon tem em particular para ser a alternativa preferida ao Twitter? Primeiro, há um elemento motivacional que parece se repetir.

A maioria das pessoas está procurando uma plataforma de microblogging menos tóxica. Por exemplo, a Universidade de Tübingen realizou um estudo há alguns meses analisando o incômodo que as redes sociais geram em nossas vidas.

Por um lado, são nosso melhor ambiente para aprender e nos manter informados. Nós precisamos delas. Por outro, nos estressam, nos esgotam, sendo muitas vezes um terreno fértil dominado por trolls, notícias falsas e situações de cyberbullying. Por que não sonhar com uma alternativa mais saudável?

Mastodon, a plataforma criada para recuperar a confiança nas redes

Eugen Rochko é o jovem desenvolvedor do Mastodon. Essa rede surgiu em 2016 na tentativa de criar uma plataforma que não dependesse de uma única corporação. Como ele mesmo explicou à revista Time, Mastodon foge desse controle de cima para baixo que se aplica ao Twitter.

Esse aplicativo se descreve como uma “rede aberta, gratuita e federada que opera de maneira semelhante ao correio eletrônico”. Pois bem, mas o que realmente está por trás dessa definição? Bem, esse é talvez o ponto mais interessante do Mastodon:

• Faz parte do universo digital federado, ou seja, é um conjunto de plataformas ou redes sociais gratuitas, que podem comunicar-se entre si através de diferentes protocolos.
• É descentralizada. Com isso, busca-se criar uma rede mais democrática do que as redes mais conhecidas que são, sem dúvida, mais corporativas. A administração dos nós ou comunidades é autônoma e realizada coletivamente.
• Não faz uso deliberado dos dados de seus usuários para vender-lhes publicidade.
• O processo de registro é complexo e isso se deve a um aspecto muito específico. O usuário deve escolher em qual “comunidade” deseja participar. Podemos escolhê-las de acordo com interesses e idiomas.
• Existem centenas de servidores no Mastodon, chamados de instâncias. Cada uma delas tem regras e regulamentos diferentes sobre quem pode participar e qual conteúdo é permitido. Se a qualquer momento você não gostar da dinâmica que vê nelas, você pode mudar para outro servidor/instância.
• Conteúdo agressivo e vinculado ao nazismo é proibido.
• Assim como no Twitter, há hashtags, respostas, marcadores e retuítes. No entanto, os tuítes são chamados de toots, permitem até 500 caracteres e as mensagens que recebemos serão ajustadas aos nossos interesses.

Quais são os pontos negativos dessa rede social?

O principal ponto negativo do Mastodon é a complexidade na hora do cadastro. Não é fácil decidir em qual servidor queremos entrar. Às vezes, para entrar em um específico, há uma lista de espera.

Da mesma forma, essa rede social não possui toda a equipe de engenheiros que o Twitter possui, as contas não são verificadas e, por enquanto, não passa de uma plataforma incipiente que deve amadurecer e melhorar.

Nossa necessidade comunicativa nos faz buscar alternativas

Há um fenômeno interessante em meio à atual crise no Twitter. Se muitas pessoas estão se inscrevendo no Mastodon, é pela necessidade de ter alternativas para continuar se conectando com outras pessoas. Não concebemos mais um mundo sem esse universo digital para nos manter informados.

Queremos ter um meio para nos expressarmos, seja com 140 ou 280 caracteres. O cérebro se acostumou a saber o que está acontecendo no mundo e quais opiniões são tendência. Ansiamos por interagir, partilhar, dar likes e ser-nos oferecidos e, por isso, procuram-se meios e canais para perpetuar essas práticas. Os tempos mudam, sem dúvida, mas as necessidades são as mesmas.