5 mecanismos psicológicos que permitem que as pessoas machuquem as outras
Existem mecanismos psicológicos que permitem que as pessoas machuquem as outras. São estratégias sofisticadas que criam o comportamento do mal, atos que delineiam um cérebro orientado para obter seus próprios benefícios magoando quem está próximo. Assim, apesar de ser marcante e até incompreensível, há quem ainda sinta prazer com este tipo de comportamento.
Existem atos perversos. Além disso, costuma-se dizer que quanto mais inteligente é uma pessoa, mais distorcido seu comportamento pode se tornar quando se trata de manipular os outros e causar danos. Da mesma forma, viver uma dessas experiências na própria pele ou ler sobre elas nunca deixa de nos surpreender e, acima de tudo, nos incomodar.
Supõe-se que o ser humano deve ser, antes de tudo, um ser social. Entendemos que, como tal, devemos estar mais orientados para a cooperação, respeito e harmonia para garantir o bem-estar do grupo. No entanto, como bem sabemos, esse nem sempre é o caso. Albert Bandura, professor da Universidade de Stanford e especialista em psicologia social, aponta algo interessante.
As pessoas não cometem atos perversos apenas porque desejam. O cérebro sabe e entende quando algo está errado. Portanto, para dissuadir essa contradição, realiza uma série de processos e mecanismos psicológicos para justificar certos atos. A maldade é instrumental, pois sempre se espera algo em troca.
“Quem luta contra monstros deve tomar cuidado para não se transformar em monstro. Quando você olha por muito tempo para um abismo, o abismo também olha para você”.
-Friedrich Wilhelm Nietzsche-
5 mecanismos psicológicos que permitem que as pessoas machuquem as outras
Os mecanismos psicológicos que permitem que as pessoas machuquem as outras foram estudados por autores como Bandura e Gianluca Gini. Este realizou um estudo em 2016 em que se detalha uma série de processos e estratégias mentais com os quais uma pessoa pode justificar seu comportamento prejudicial e adverso.
1. Mecanismos psicológicos: a justificativa moral
Por mais conspícuo que possa parecer, a pessoa perversa sempre tem uma justificativa moral. Podemos ver isso, por exemplo, nos jihadistas. Por trás dos seus atos violentos, há algo mais do que o mero ódio pelo mundo ocidental. Há, sem dúvida, seu impulso religioso e moral, a necessidade de ganhar prestígio em sua comunidade e a aspiração de se tornar aquele mujahidin que, depois de perder a vida, é elogiado por todos.
Bandura também nos lembra que, a qualquer momento e independentemente da educação recebida, a maioria de nós pode cometer atos violentos se encontrar uma justificativa moral.
2. Mudança de responsabilidade
Outro dos mecanismos psicológicos que permitem que as pessoas machuquem as outras é colocar o peso da responsabilidade sobre os ombros dos outros. “Fiz isso porque recebi ordens, porque alguém me pediu, porque era o que se esperava de mim.” Tudo isso é um raciocínio que vem a refletir essa difusão da própria responsabilidade.
3. A desumanização
A desumanização é, sem dúvida, um dos processos psicológicos mais temíveis. É aquele em que a pessoa comete um ato violento porque não vê no outro um ser que mereça respeito. Ele desumaniza quem está à sua frente, ele o vê como uma entidade sem capacidade de sentir, como alguém que não tem direitos, uma razão de ser ou de existir.
Pudemos ver isso durante a Segunda Guerra Mundial, com o Holocausto, e também em certos perfis de assassinos ou psicopatas.
4. Projeção da culpa
“Fiz porque ele mereceu. Agi assim porque me provocaram, porque me ameaçaram, porque não aguentei mais esse comportamento… ”. Essas situações constituem um dos mecanismos psicológicos mais comuns que permitem que as pessoas machuquem outras.
Além disso, nas palavras de Francesc Torralba, doutor em Filosofia da Universidade de Barcelona, o mal é quase sempre reativo. Ou seja, quando uma pessoa entende que foi ofendida, assediada ou agredida, ela se defende. Acredite ou não, os atos perversos sempre têm uma razão por trás deles, embora esse estímulo motivador seja muito difícil de entender.
5. Distorção das consequências
A distorção das consequências molda aquele comportamento no qual alguém minimiza os efeitos do que aconteceu. Ele as distorce de tal maneira que, em sua mente, tudo se justifica. Enquanto isso, a outra pessoa sofre o efeito daquela lesão, daquele ataque, daquela situação de maus-tratos…
Para concluir, como podemos ver, os mecanismos psicológicos que permitem que as pessoas machuquem as outras são baseados em processos cognitivos muito sofisticados. É verdade que, em muitos casos, há um componente patológico que se resume em um distúrbio ou no efeito de uma determinada educação. No entanto, existem pessoas cujo comportamento nem sempre responde a esses fatores.
O mal é real e tem muitas faces. Aprendamos a detectá-los e, sobretudo, como diria Nietzsche, a não nos transformarmos em outros monstros.
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- Gini, Gianluca (2006). Social cognition and moral cognition in bullying: what’s wrong? Journal agressive behavior. doi; https://doi.org/10.1002/ab.20153