Medo de fantoches ou pupafobia

A pupafobia é um tipo de medo da automatonofobia. Ou seja, medo irracional e excessivo de objetos que aparentam sensibilidade humana.
Medo de fantoches ou pupafobia
Sharon Laura Capeluto

Escrito e verificado por a psicóloga Sharon Laura Capeluto.

Última atualização: 22 outubro, 2024

O medo forte e prolongado de fantoches ou marionetes é conhecido como pupafobia. Pessoas que sofrem com esse problema podem entrar em estado de extremo alerta à simples ideia de assistir a uma apresentação de teatro ou participar de outras atividades culturais que envolvam esse tipo de objeto.

Neste artigo, exploramos detalhadamente esse tipo de fobia e mencionamos seus sintomas para facilitar sua detecção, bem como possíveis causas e estratégias de tratamento.

Pupafobia, um tipo de automatonofobia

Automatonofobia é a fobia de objetos que imitam o ser humano, como autômatos, robôs, bonecos, manequins e figuras semelhantes. Dentro desse espectro, a pupafobia refere-se ao medo de fantoches e marionetes, principalmente daqueles com características que buscam replicar aspectos humanos.

Esse medo pode abranger não só marionetes que representam pessoas, mas também marionetes de animais, especialmente se lhes forem dotadas qualidades humanas, como a capacidade de falar. Por sua vez, alguns autores ampliam o termo para se referir ao medo de bonecas.

É importante mencionar que a pupafobia não está listada como uma entidade diagnóstica separada no DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Mas poderia ser considerada uma fobia específica se atendesse aos critérios gerais estabelecidos para esse tipo de transtorno.

Quando falamos em fobia específica, estamos nos referindo a um tipo de transtorno de ansiedade caracterizado por um medo intenso e irracional de um objeto, situação ou atividade específica. Entre as fobias específicas mais comuns estão a aracnofobia (fobia de aranhas) e a acrofobia (fobia de altura); enquanto a cromotofobia (fobia de dinheiro) e a clinofobia (fobia de ir para a cama) são as mais raras.

Sintomas de fobia de fantoches

A forma como a pupafobia se manifesta pode ser diferente para cada pessoa. Em geral, abrange uma combinação de respostas ou sintomas emocionais, cognitivos, físicos e comportamentais comuns em fobias específicas.

Emocionais e cognitivos

Vivenciar essa fobia se traduz na angústia de se deparar com situações que expõem ao contato com os bonecos, reagindo emocionalmente desta forma:

  • Preocupação constante: preocupações com a possibilidade de encontrar bonecos ou situações relacionadas a eles.
  • Medo intenso e irracional: a pessoa fica apavorada ao ver ou até pensar em fantoches. O medo é muito maior do que o perigo real que representa.
  • Sentimentos de desamparo: o indivíduo consegue reconhecer que seu medo não tem base real, mas não consegue controlá-lo. Isso leva a sentimentos de frustração e desamparo.

Físicos

Os sintomas físicos das fobias coincidem com os sintomas da ansiedade, porque as fobias são, em essência, um tipo de transtorno de ansiedade. Assim, quando se deparam com fantoches ou marionetes, as pessoas com pupafobia costumam responder da seguinte forma:

  • Tontura
  • Tremores
  • Palpitações
  • Suor excessivo
  • Dificuldade em respirar
  • Sensação de aperto no peito

Comportamentais

Esse medo extremo pode causar sofrimento considerável e afetar a qualidade de vida da pessoa, incluindo relacionamentos pessoais, atividades diárias e bem-estar geral. Manifesta-se através destes comportamentos:

  • Escapismo: na presença de fantoches, imagens ou vídeos deles, a pessoa foge o mais rápido possível.
  • Evitação: a pessoa tenta evitar todos os locais ou situações onde possa encontrar bonecos, como teatros, museus, feiras de artesanato ou lojas de brinquedos.
  • Rituais de segurança: consiste em verificar os locais antes de entrar para ter certeza de que não há fantoches ou buscar a companhia de outras pessoas para se sentir seguro.

Por que o medo de fantoches se desenvolve?

Embora as fobias geralmente surjam na idade adulta, elas se desenvolvem com mais frequência durante a infância. Na verdade, podem fazer parte dos medos naturais de desenvolvimento que as crianças experimentam enquanto crescem. No entanto, existem outras causas que podem explicar esta em particular.

1. Experiências traumáticas relacionadas a fantoches ou bonecos

Experimentar uma experiência traumática relacionada a um objeto ou situação é uma das razões pelas quais alguém desenvolve uma fobia. Por exemplo, se uma criança assiste a uma peça em que uma marionete aparece inesperadamente ou parece assustadora, isso pode deixar a criança com a impressão de que as marionetes são ameaçadoras e perigosas.

Além disso, essa fobia pode resultar de uma experiência negativa geral em que os fantoches estiveram presentes de alguma forma, mesmo que não fossem o foco da situação ou a principal causa do medo. Por exemplo, se um adulto vai a uma festa onde havia uma decoração de fantoches e sofre um acidente, ele pode começar a associar os fantoches a essa experiência desagradável.

2. Influência cultural e mídia

Os fantoches são frequentemente retratados de forma perturbadora ou assustadora em filmes, programas de televisão ou livros, o que influencia a forma como as pessoas os percebem.

O mesmo acontece com as crenças culturais que os ligam a superstições ou lendas que os apresentam como perturbadores ou malignos. Essas narrativas reforçam o medo associado.

3. Teoria do vale inquietante

A teoria do vale inquietante foi proposta por Masahiro Mori, professor japonês e especialista em robótica. De acordo com ela, quando um robô ou objeto se parece muito com um ser humano, mas ainda é possível perceber que não é, isso provoca uma resposta emocional perturbadora, desconfortável ou de rejeição.

Nessa ideia, fantoches que imitam as pessoas de forma muito realista podem causar uma sensação desconcertante e, em alguns casos, contribuir para o desenvolvimento da pupafobia.

Como superar a pupafobia

O tratamento de uma fobia varia entre as pessoas. Mas existem técnicas e estratégias que podem ser aplicadas de forma geral. As duas primeiras opções apresentadas a seguir são intervenções que devem ser realizadas com orientação de um profissional de saúde mental, enquanto as duas últimas podem ser realizadas de forma independente.

1. Terapia de exposição

A terapia de exposição é uma técnica na qual a pessoa enfrenta o medo de forma gradual e em um ambiente controlado. Dentro dessa abordagem, é utilizada a dessensibilização sistemática, que ajuda o paciente a aprender a relaxar para controlar sua ansiedade enquanto está exposto ao objeto ou situação temida.

Alguém com medo de fantoches pode começar ouvindo histórias que incluem fantoches, depois passar a assistir fotos e vídeos e, por fim, interagir com objetos reais.

Ao se expor de forma progressiva e segura, o paciente se acostuma com o objeto que teme e entende que ele não representa um perigo real. Com o tempo, isso ajuda a diminuir a ansiedade e o medo associados.

2. Reestruturação cognitiva

A reestruturação cognitiva é uma das principais estratégias da terapia cognitivo-comportamental. Envolve identificar e desafiar os pensamentos distorcidos que, neste caso, alimentam o medo. Em palavras simples, trata-se de questionar pensamentos e substituí-los por outros mais realistas e saudáveis.

Por exemplo, é possível reformular a ideia extrema de “Nunca superarei esse medo” por “Aprendi a administrar outros medos no passado. Posso trabalhar nisso também.

3. Educação sobre fantoches

Às vezes as pessoas têm medo de cachorro até conseguir um e começar a conhecê-lo melhor, certo? Bem, algo semelhante pode acontecer com os fantoches. Pesquisar sua história, como são feitos, os diferentes tipos de fantoches (como marionetes, fantoches de dedo e fantoches de sombra) e seu uso em diferentes culturas e contextos pode mudar a perspectiva de alguém com pupafobia.

Além disso, assistir a apresentações ao vivo ou em vídeo ajuda a se familiarizar com o uso dos fantoches na arte e no entretenimento. Isso pode levar a uma apreciação estética que substitui o medo.

4. Fale sobre o medo

Expressar seus sentimentos com pessoas em quem você confia é muito libertador. Às vezes, apenas verbalizar o medo faz com que ele pareça menor. Além disso, outras pessoas também podem ter medo de compartilhar. E criar um espaço seguro para conversar sobre esses temas pode fortalecer vínculos e fomentar a empatia.

Se a pupafobia limitar sua vida ou for acompanhada de outras fobias, procure ajuda

As fobias podem estar relacionadas a outros transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) ou o transtorno do pânico. Portanto, se a pupafobia causa desconforto significativo, limita a vida diária ou ocorre juntamente com outras fobias específicas, é importante avaliar se existem mais problemas subjacentes.

Na dúvida, é fundamental procurar a ajuda de um psicólogo capacitado. Um diagnóstico adequado pode fornecer uma compreensão mais clara da situação e levar ao tratamento adequado.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.



Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.