Quais são os medos mais comuns em meninos e meninas

Quais são os medos mais comuns em meninos e meninas
Raquel Aldana

Escrito e verificado por a psicóloga Raquel Aldana.

Última atualização: 14 dezembro, 2021

Diversos estudos nos mostram quais são os medos mais comuns em meninos e meninas. Mas, existem diferenças entre os sexos? A verdade é que, tanto na infância quanto na adolescência, sentir medo está associado em maior medida ao sexo feminino.

No entanto, isso pode ter uma explicação cultural, sendo “proibido” para o sexo masculino mostrar e reconhecer o seu medo diante de algo.

Outro aspecto sobre o qual a sociedade talvez não reflita com muita frequência é a diferença entre o conteúdo dos medos se olharmos para essa divisão entre meninos e meninas. Vamos ver isso mais de perto.

Criança enfrentando isolamento

Os medos mais comuns em meninos e meninas

Segundo Valiente, Sandín e Chorot (2003), as meninas tendem a mostrar mais medo da escuridão, lugares, sons, objetos ou pessoas estranhas, serem sequestradas, roubadas ou mortas, cobras, sujeira e animais.

Por outro lado, os meninos mostram um maior medo do perigo, do dano físico, da escola, do fracasso, pesadelos e seres imaginários.

Além disso, podemos destacar que, como regra geral, as meninas pontuam mais alto nas diferentes categorias. Estabelecem uma diferença mais marcante em medos como os relacionados aos ratos, aranhas, cobras, casas de aparência misteriosa ou solidão.

No entanto, deve-se notar que essas diferenças ocorrem quando o medo é evolutivo, uma vez que a diferença entre meninos e meninas não está presente quando falamos de medos que atingem um nível clínico.

Além disso, essa tendência é decrescente em meninas de 9 a 11 anos, o que não ocorre tão acentuadamente nos meninos.

Menina com os olhos vendados

Os medos mais comuns em meninos e meninas têm um significado evolutivo

Um dos motivos mais frequentes para consulta nos consultórios são os medos da infância. O que poucas pessoas sabem é que muitos desses medos são evolutivos e desaparecerão com o tempo.

No entanto, devemos destacar que não deve ser uma preocupação, desde que a sua intensidade não seja muito alta e, portanto, não limite a vida normal da criança por longos períodos de tempo.

O desconhecimento deste fato muitas vezes gera estratégias ineficazes que, longe de aliviar o medo, o aumentam. Por isso, é importante saber que os medos na infância e adolescência têm um significado evolutivo e respondem a razões filogenéticas.

Isso significa que o fato de uma criança pequena ter medo de se separar dos seus pais é adaptativa. A nossa evolução determinou que é melhor não se separar dos cuidadores primários, porque lá fora há perigos que um bebê não pode enfrentar sozinho.

Os medos mais comuns nas crianças

Evidentemente, a vida hoje é muito diferente e há medos que não são mais explicados tão facilmente e de maneira tão relevante. No entanto, todos nós devemos saber quais medos são normais em cada estágio da vida.

Medos em cada etapa da vida

  • No primeiro ano de vida, os medos mais comuns referem-se à perda de apoio, aos sons altos, altura, pessoas ou objetos estranhos, à separação de figuras de referência e a objetos ameaçadores que aparecem de forma súbita. Assim, o medo de estranhos pode continuar como timidez, o que também poderá ser agravado pelo medo ou ansiedade de separação.
  • No início da infância (1 ano – 2 anos e meio), os medos mais comuns são a separação dos pais ou figuras de referência, estranhos, tempestades, pequenos animais e insetos. É importante notar que o medo da separação se intensifica após os dois anos.
  • No estágio pré-escolar (2 anos e meio a 6 anos), os medos mais comuns estão relacionados à escuridão, animais em geral, ficar sozinho, fantasmas e monstros. São especialmente relevantes os medos dos seres imaginários e os medos de animais selvagens.
  • No meio da infância (6-11 anos), os medos que ocorrem com mais frequência são o medo de eventos sobrenaturais, lesões corporais, danos físicos, saúde, morte e escola (desempenho acadêmico, colegas, relações sociais, etc.).
  • Com 11 anos, os medos começam a se estagnar ou estabilizar. No entanto, alguns medos tendem a aumentar, como aqueles relacionados a várias condições médicas (medo de ir ao médico ou tomar uma injeção, por exemplo). Outros medos que aumentam nesse estágio são os relacionados ao estresse social (falar em público, não ter amigos, perder amigos, fracassar, criticas, etc.), assim como medos relacionados ao perigo ou à morte.

Conclusão

Como vemos, o medo é uma emoção que nos acompanha permanentemente ao longo do ciclo de vida, de uma forma ou de outra. O medo desaparece ou não dependendo de como é gerido e das características que o envolvem.

No final da adolescência e no início da idade adulta, os medos que permanecem tornam-se muito mais resistentes. Por isso, é essencial desenvolvê-los adequadamente na infância.


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  • Valiente, R., Sandín, B. & Chorot, P. (2003). Miedos en la infancia y en la adolescencia. Librería UNED, Madrid.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.