Melatonina e meditação: como se relacionam?

Vamos ver como a melatonina e a meditação se relacionam e como esta associação pode melhorar consideravelmente a qualidade das nossas horas de sono.
Melatonina e meditação: como se relacionam?
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Sonia Budner

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Entre os efeitos cientificamente comprovados da meditação estão aqueles que afetam a química do corpo. A meditação estimula hormônios muito importantes para a nossa saúde. Hoje, veremos qual é a relação entre a melatonina e a meditação.

Além de melhorar e aumentar a energia e a paz mental, existem pesquisas que demonstram que a prática regular da meditação aumenta os níveis de melatonina.

Este hormônio nos ajuda a regular a qualidade do sono, já que os níveis de melatonina no sangue aumentam durante o sono e melhoram a qualidade do descanso.

A melatonina é criada pelo aminoácido triptofano. Este hormônio é produzido na glândula pineal. Esta glândula é conhecida há centenas de anos como o “assento da alma”, e em muitas tradições orientais ela é considerada um dos pontos para os quais devemos dirigir o fluxo de energia durante a meditação.

Mulher praticando meditação

O que os estudos dizem sobre a melatonina e a meditação?

A relação entre melatonina e meditação foi estudada a fundo por uma equipe de pesquisa da Universidade de Massachussets, nos Estados Unidos, em 1995. Este estudo coletou dados muito significativos sobre o tema.

O objetivo do estudo era provar a associação entre a prática regular de meditação consciente e o aumento dos níveis fisiológicos de melatonina. Para fazer isso, foram coletadas, durante a noite, amostras de urina dos participantes para a detecção do 6-sulfatoximelatonina.

Este elemento é um produto da degradação da melatonina que oferece dados precisos sobre o nível de melatonina no sangue. Estudos anteriores já haviam demonstrado que a melatonina é fotossensível, mas este estudo sugeriu que, além disso, ela também é psicossensível.

Melatonina e meditação

Os resultados do estudo foram contundentes: os indivíduos que meditavam apresentaram níveis significativamente maiores de melatonina do que os daqueles que não meditavam.

Outro estudo similar descobriu que a prática da meditação antes de dormir elevava os níveis de melatonina durante aquela noite, embora não faça isso durante as noites seguintes nas quais a meditação não é praticada. Isso sugere que a meditação deve ser uma prática regular para proporcionar este benefício.

A avaliação dos correlatos fisiológicos dos estados superiores de consciência durante o sono proporcionou uma informação valiosa: as pessoas que meditavam regularmente passavam mais tempo em um sono de ondas lentas, com maior potência theta-alpha, e com atividade delta de fundo.

Também foi identificada uma melhora significativa durante a fase de sono REM.

Como esta relação funciona?

As práticas de meditação regulam o hipotálamo hipofisário suprarrenal e, como consequência, também regulam os níveis de cortisol e catecolaminas.

Foi comprovado que a meditação aumenta a dehidroepiandrosterona, hormônios hipofisários como o hormônio do crescimento, hormônio estimulante da tireoide, prolactina e, é claro, a melatonina.

A melatonina exerce um efeito hipnótico no indivíduo graças à inibição do núcleo supraquiasmático, além de agir como antioxidante e imunomodulador. Além de ser um importante antioxidante, gera uma agradável sensação de bem-estar.

A meditação é uma boa alternativa para aumentar a concentração, não apenas pela sua incidência sobre os níveis de melatonina, mas também pela influência sobre os níveis dos precursores da mesma, especialmente a serotonina e a noradrenalina.

Em definitiva, diminui o metabolismo hepático e aumenta a síntese da glândula pineal.

Melatonina

Melatonina e envelhecimento

A secreção de melatonina é muito afetada pelo envelhecimento das pessoas e, portanto, a qualidade do nosso sono sofre alterações significativas conforme envelhecemos. Com o passar dos anos, nossa atividade simpática e parassimpática se reduz consideravelmente.

Isso provoca a ativação autônoma e, como consequência, a diminuição da capacidade reparadora das nossas horas de sono. Pelo contrário, a prática da meditação permite modular as funções autônomas durante o sono.

A atividade das ondas theta da linha média frontal, originadas no córtex cingulado anterior, controlaria a atividade parassimpática.

Conclusão

A partir de toda a literatura e os estudos mencionados, é possível concluir que a prática regular da meditação, especialmente da meditação vipassana, provoca mudanças e traz benefícios globais. Estas mudanças têm muitas semelhanças com as funções reparadoras e reguladoras do sono.

Se, por meio da meditação, podemos modificar vários dos mecanismos geradores do sono, não há dúvida de que estamos diante de um elemento que pode melhorar consideravelmente a nossa saúde e restaurar a homeostase corporal e mental.

Além disso, também pode ampliar as possibilidades de entender melhor os mecanismos do sono e a consciência do ser humano.


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