Meu amigo tem esquizofrenia, o que eu faço?

Estar perto de uma pessoa com esquizofrenia pode nos assustar, e muito. Estamos falando de uma entidade clínica que a sociedade não entende muito bem, e que ao mesmo tempo está cercada de mitos. Por isso, neste artigo, queremos falar sobre algumas estratégias que podem te ajudar.
Meu amigo tem esquizofrenia, o que eu faço?
Gorka Jiménez Pajares

Escrito e verificado por o psicólogo Gorka Jiménez Pajares.

Última atualização: 13 abril, 2023

Antes de aprofundar a questão subjacente, é necessário compreender as linhas sobre as quais a esquizofrenia se articula. É uma doença que atinge 1% da população mundial e não compreende gênero. Afeta igualmente homens e mulheres. Os primeiros sintomas começam a se manifestar na adolescência ou um pouco mais tarde: na juventude. Pode ser uma doença crônica, mas também pode ser um episódio único, e seu apoio e compreensão serão, sem dúvida, um fator chave.

A evidência científica permite-nos chegar a uma conclusão: a esquizofrenia não é uma doença única, mas sim um grupo de doenças que, com base em sintomas comuns, diferem na forma como respondem ao tratamento e no seu prognóstico.

mulher com esquizofrenia
A esquizofrenia é um transtorno mental grave que afeta a maneira como uma pessoa pensa, sente e se comporta.

Esquizofrenia

Pessoas com esquizofrenia experimentam uma distorção dramáticaa em seus pensamentos, sentimentos, linguagem e comportamento. Podemos distinguir uma série de sintomas a partir da observação dos pacientes. Quando esses sintomas estão em excesso, ou seja, mais potencializados do que o normal, chamamos de “sintomas positivos”, e quando estão mais baixos do que deveriam, “sintomas negativos”.

  • Os sintomas positivos seriam aqueles que acrescentam algo novo à vida psicológica do seu amigo. Seriam alucinações (geralmente ouvir vozes conversando entre si) e delírios (ideias implausíveis, fantásticas e não compartilhadas por ninguém).
  • Os sintomas negativos são aqueles que implicam perda. Você deve ter notado que seu amigo conseguiu se isolar. Você o notará enismesmado, descuidado com sua aparência, abandonando hobbies que costumava desfrutar, indiferente em seus relacionamentos sociais e amorosos. Talvez você tenha observado que o corpo dele fica paralisado.

Normalmente, alguns sintomas aparecem primeiro, chamados pródromos, que consistem em uma primeira deterioração cognitiva. Posteriormente, os sintomas positivos aparecem com toda a sua intensidade, para dar lugar aos sintomas negativos. Às vezes, a sequência para aqui. Em outros casos, a sequência ocorrerá na forma de surtos. Esses são surtos psicóticos.

A American Psychiatric Society (APA) defende que para diagnosticar a esquizofrenia é necessário que os sintomas positivos durem um mês e que todo o quadro, ou seja, a soma dos sintomas positivos e negativos, dure pelo menos 6 meses.

“O pesadelo da esquizofrenia é não saber o que é a verdade.”

-Uma mente incrível-

O que fazer se seu amigo tiver esquizofrenia

Primeiro vamos eliminar alguns mitos frequentes em relação à esquizofrenia:

  • “A esquizofrenia é para toda a vida.” É um mito porque há uma grande variedade no curso e resultado dos transtornos esquizofrênicos.
  • “Pessoas com esquizofrenia são iguais.” É um mito porque, como o anterior, existe uma grande diversidade. A história pessoal depende de fatores individuais e do contexto, e não tanto da doença.
  • “Só poderei ajudar meu amigo quando ele estiver medicado.” É um mito porque ajuda, terapia e reabilitação devem começar desde o primeiro momento.
  • “A psicoterapia é inútil na esquizofrenia. Só a medicação é importante.” É um mito porque está cientificamente comprovado que intervir através da psicoterapia em determinados aspectos produz grandes melhorias.
  • “Só podemos fazer com que ele tome a medicação se eu estiver sempre atento e monitorando o que ele está fazendo.” É um mito porque as pessoas com esquizofrenia podem ser educadas e assim desenvolver hábitos de autocuidado.
  • “Pessoas com esquizofrenia não podem trabalhar.” É um mito porque, com ajuda, podem se reabilitar e reintegrar-se à sociedade.

Recomendações para o acompanhamento

Uma vez estabelecido o diagnóstico pelo profissional habilitado, determinados comportamentos podem ser sinais de alerta. Esta lista contém apenas alguns exemplos gerais. Como amigo, você precisará se reunir com os familiares da pessoa com esquizofrenia para fazer uma lista, pois, como equipe, todos poderão se unir para ajudá-lo:

  • Mudanças no ritmo do sono e em suas atividades normais.
  • Atitudes suspeitas ou reticentes.
  • Mostrar-se muito preocupado com circunstâncias sem importância.
  • Dar importância incomum a notícias ou comentários da mídia.
  • Torne-se obcecado por aspectos religiosos.
  • Sentir-se o objeto de atenção de estranhos ou pessoas de fora, sem relação com a pessoa.
  • Abandono de hábitos de higiene pessoal ou de autocuidado.
  • Permanecer isolado e ensimesmado por mais tempo.

“A esquizofrenia não pode ser compreendida sem compreender o desespero.”

-Laing-

Mulher olhando para sua amiga no sofá
Ouvir e demonstrar afeto às pessoas com esquizofrenia é muito útil.

Diante desses sintomas, podemos adotar algumas atitudes úteis como:

  • Certifique-se de que o medicamento antipsicótico seja tomado na forma e dose prescritas.
  • Solicitar que a consulta com o psiquiatra seja antecipada.
  • Se seu amigo é muito mal-humorado, irritado ou desconfiado, é melhor deixá-lo e esperar que ele se acalme antes de falar.
  • Aborde temas que lhe interessem, são uma boa forma de conversar e assim saber como está. Não se esforce demais para tentar obter informações, é provável que nem mesmo seu amigo saiba. Assim, é provável que você fique confuso e desorientado.
  • Ouça-0. Ouça sempre o que ele diz. Mesmo que você discorde ou que ele diga coisas malucas.
  • Responda mais pelo sentimento do que pelo conteúdo. Ou seja, não faça o diálogo atolar no confronto. Isso não significa que você deva seguir o seu fluxo, devemos insistir que não podemos aceitar essa ideia, mas, ao mesmo tempo, deixar claro que percebemos que estamos cientes de seu sofrimento e que por trás de suas palavras não há intenção de nos enganar.
  • Demonstre afeição a ele.
  • Tenha paciência e tolerância.

Além disso, os pais do seu amigo terão que criar uma forte aliança entre si para se apoiarem, para que possam unir forças para cuidar do filho. Nos momentos em que essa aliança falhar, sua ajuda se tornará mais necessária. E se a situação o dominar e você começar a detectar desconforto emocional, exaustão, estresse ou ansiedade em si mesmo, não hesite em contactar o seu profissional de referência. Ele também poderá ajudá-lo.

Ainda, deixamos aqui um guia onde você poderá encontrar mais informações sobre a doença que seu amigo ou amiga tem.


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  • de Psiquiatría, S. E. Cómo afrontar la esquizofrenia.
  • Núñez Partido, J. P., Jódar Anchía, R., Meana Peón, R. J., & Ruiz Jiménez, M. T. (2013). Mi hermano tiene esquizofrenia.

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