Modelo genético da psicanálise

Freud propôs diferentes modelos em relação à personalidade. Vários deles partiram de perspectivas revolucionárias para a época e, após modificações, chegaram até os nosso dias. Um dos mais interessantes foi o modelo genético que abordamos neste artigo.
Modelo genético da psicanálise
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Graças a vários autores, hoje vemos a personalidade de uma forma distinta. Sigmund Freud, pai da psicanálise, foi um deles. Com sua inteligente forma de ver a psique humana, encontrou novas respostas para os nossos comportamentos, construindo teorias que pareciam impensáveis para a época. Uma delas é o modelo genético da psicanálise, que vamos abordar neste artigo.

O estudo da sexualidade e do inconsciente certamente não tiveram origem exclusivamente em Freud. No entanto, foi ele que divulgou esses aspectos do ser humano a partir de uma perspectiva distinta: a psicodinâmica.

Suas teorias, seus estudos, sua prática clínica e suas publicações representaram uma verdadeira revolução. Suas aproximações à sexualidade deram muito o que falar. Elas iam muito além do pensamento da época, levantando questões tão polêmicas quanto a sexualidade nas crianças.

“As primeiras noções de sexualidade aparecem no lactente”.
-Sigmund Freud-

Rosto de Sigmund Freud

Origens do modelo genético da psicanálise

A psicanálise conta com vários conceitos que são complexos devido às raízes vinculadas a outros conceitos: é difícil isolar uma definição sem ter que dar outra.

Isso se deve ao fato de que elas se complementam e de que estão em constante movimento. Por isso, não podemos dizer que o modelo genético da psicanálise conta com uma origem exclusiva.

Na verdade, trata-se de uma disposição teórica que nasce de todas as explorações prévias feitas por Freud. Isso inclui tanto seus estudos e pesquisas quanto sua aprendizagem em vários hospitais e seu exercício clínico com muitos pacientes.

Se fizermos um esforço para estabelecer uma origem mais específica, podemos dizer que essa teoria começa a se consolidar com seu livro Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. É um livro que nos aproxima da compreensão da sexualidade humana a partir de uma perspectiva psicanalítica.

Do que trata o modelo genético da psicanálise?

Freud propôs diferentes modelos para compreender a personalidade. O modelo genético é um deles. Os demais são: topográfico, dinâmico, econômico e estrutural.

Em específico, o modelo genético dá ênfase à busca de gratificação com a estimulação das diferentes zonas erógenas. Compreenderia todo o nosso ciclo de vida, portanto a infância também estaria incluída.

No entanto, dependendo da gratificação, vamos desenvolver diferentes tipos de personalidade. Então, se houver frustração, a personalidade será distinta de quando a gratificação é excessiva.

Dessa maneira, cada ser humano será singular para a psicanálise, porque vai contar com um desenvolvimento distinto.

Etapas do desenvolvimento psicossexual da psicanálise

O modelo genético da psicanálise compreende diferentes etapas. Cada uma vai ter uma zona erógena, uma fixação e uma frustração repentina. Vamos analisar cada uma das fases da também chamada teoria do desenvolvimento psicossexual:

  • Etapa oral. Acontece entre 0 e 18 meses. Sua zona erógena é a boca. A satisfação estará no uso da boca, por exemplo, ao beijar, chupar, morder e comer. Divide-se em duas: fase oral passiva, na qual a sucção é o que dá prazer, e fase oral ativa, que surge com o aparecimento dos dentes e se caracteriza por morder. A fixação nessa fase dá lugar a uma personalidade receptiva, na qual o foco do prazer vai continuar sendo oral, por exemplo, fumar. A frustração repentina, em contrapartida, dá lugar a uma personalidade agressiva, que busca o prazer de forma hostil.
  • Fase anal. Compreende entre os 18 meses até os 4 anos, aproximadamente. O centro do prazer é o ânus, relacionado com as ações de expulsar e reter. Ocorre uma fase anal sádica, que se caracteriza pela expulsão das fezes e pode ser relacionada com uma fixação em que há o desperdício de dinheiro, e uma fase anal passiva ou retentiva, caracterizada pelo controle de esfíncteres, que pode estimular um indivíduo com inclinação à mesquinhez como método para manter o controle.
  • Etapa fálica. Ocorre entre os 4 e os 7 anos, aproximadamente. A zona erógena são os genitais. Nessa fase, a curiosidade da criança pelo seu corpo aumenta. Por isso, a masturbação é frequente. Também surgem a angústia pela diferença de sexo e uma identificação com o pai ou com a mãe. Além disso, acontece a resolução do complexo de Édipo, um processo que vai reestruturar a nossa personalidade. Pode-se verificar Édipo positivo, em que a criança sentirá atração pelo progenitor do sexo oposto e ódio e rivalidade pelo do mesmo sexo; ou Édipo negativo, quando há atração pelo progenitor do mesmo sexo e rejeição pelo do sexo oposto.
  • Fase de latência. Ocorre entre os 7 e os 12 anos, aproximadamente. Aqui, a pulsão sexual se mantém reprimida para que o indivíduo realize uma integração com o meio e para que a aprendizagem seja facilitada. Nessa fase, a personalidade ganha forma. Também é uma fase caracterizada pela brincadeira das crianças com pares do mesmo sexo.
  • Etapa genital. Verifica-se a partir dos 12 anos em diante, aproximadamente, e a zona erógena são os genitais. Aqui a identidade sexual é reafirmada. Além disso, reaparecem fantasias edípicas. Há a pulsão sexual na adolescência que se direciona mais às relações sexuais.
Modelo genético da psicanálise

O desenvolvimento psicossexual é um processo dinâmico. Por isso, as fases coexistem sem rigidez. Além disso, dependendo de como ocorrer o processo, podem se manifestar diferentes transtornos.

Como pudemos ver, o modelo genético de Freud nos oferece uma teoria original sobre a personalidade do indivíduo, levando em consideração a sexualidade. Uma perspectiva revolucionária para a época que continua sendo polêmica na atualidade.


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  • Freud, S. (2012). Tres ensayos sobre una teoría sexual. Buenos Aires: Alianza editorial.

  • Domínguez, D. (2014). La singularidad de la teoría psicoanalítica. Jornadas Jaques Lacan y la psicopatología. Psicopatología Cátedra II- Universidad de Buenos Aires, Argentina.


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