Podemos moldar os nossos pensamentos?

Podemos moldar os nossos pensamentos?
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 18 maio, 2023

Podemos moldar os pensamentos? Pensar é como respirar: na maioria das vezes fazemos sem perceber. No entanto, os pensamentos nos ajudam a tomar decisões. De fato, sem nossos processos mentais internos, teríamos grandes dificuldades para lidar com determinadas circunstâncias, especialmente as mais incertas.

Uma das facetas mais importantes da nossa forma de pensar é o estilo que utilizamos para explicar os acontecimentos que nos afetam. O modelo desenvolvido por Martin Seligman analisa como somos afetados pela permanência ou duração do impacto dos acontecimentos, a penetrabilidade ou extensão que atribuímos aos seus efeitos e a personalização ou o grau de responsabilidade pessoal que estamos dispostos a assumir pelo ocorrido.

Quanto mais permeáveis formos a esses filtros, mais pensamentos irracionais e filosofias de vida manteremos de forma dogmática. Essa é a principal origem das perturbações emocionais e comportamentais. Paul Watzlawick, psicólogo e professor de Psicologia da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, descreve a maneira como as consequências derivadas de alguns pensamentos mais inconscientes podem chegar a ser negativas.

Nós nos esquecemos de que temos mais poder sobre nós mesmos do que acreditamos. As coisas que acontecem conosco não são o que nos provoca mal-estar, e sim os pensamentos que temos sobre elas, a forma como as interpretamos. Por isso, no momento de julgar as circunstâncias que nos afetam, são preferíveis as explicações que minimizam o impacto no nosso bem-estar ou que facilitam a aceitação do acontecimento.

Havelock Ellis diz: “O lugar onde mais floresce o otimismo é o hospício”.

Albert Einstein afirma: “Bom, eu preferiria ser um otimista louco do que um pessimista sensato”.

-Alice Calaprice, Citações de Einstein (1966)-

Como moldar os pensamentos?

É possível moldar os pensamentos?

Pensar pode ser entendido como uma conduta, além de uma crença, e assim como fazemos com as condutas, também podemos moldar os pensamentos. Para isso, é essencial entender a forma como eles surgem. Eles não são algo concreto que possa ser diretamente alterado, mas aparecem devido a uma interação entre um organismo e um ambiente.

Portanto, para modificar nossa forma de pensar precisamos conhecer os antecedentes e as consequências dos nossos pensamentos. Ou seja, se eles nos ajudam ou não.

Não podemos desaprender uma determinada forma de pensar. Podemos, no entanto, aprender a fazer isso de uma forma diferente. Há condutas que aprendemos a não fazer, mas que não desaparecem do nosso repertório de ações. Simplesmente não as fazemos mais. Com os pensamentos acontece a mesma coisa. Aprendemos a modificar o que dizemos a nós mesmos, exercendo um controle consciente sobre a nossa mente.

Se nossos pensamentos são inflexíveis, dogmáticos ou absolutos e são expressos em termos de obrigação, necessidade ou exigência, em geral, vão provocar emoções negativas inadequadas (culpa, raiva, ansiedade, medo). Essas emoções podem interferir na realização de nossos objetivos, além de gerar alterações comportamentais, como o isolamento ou condutas de evitação ou fuga.

Para moldar os pensamentos inflexíveis, devemos assumir que aquilo que estamos pensando no momento não vai desaparecer completamente. Temos que abandonar a estratégia de suprimir ou substituir totalmente pensamentos. Em vez disso, devemos ser mais flexíveis e interpretativos, reformulando nossas crenças para estabelecer distância de seus conteúdos.

Isso mina a influência dos pensamentos irracionais sobre o nosso comportamento e o nosso estado de humor. Assim, o segredo reside em estabelecer uma distância entre o que pensamos e o que somos.

Por exemplo, para tentar mudar nossa forma de pensar, temos que nos perguntar: quais pensamentos úteis poderíamos agregar ao nosso repertório? Quais pensamentos abrem perspectivas racionais e respostas mais flexíveis?

Mulher pensativa

Como utilizar nossos pensamentos sem que eles nos utilizem

Os pensamentos podem ser nossos grandes aliados ou nossos piores inimigos. Depende de nós mesmos a relação que vamos estabelecer com eles. Além disso, não podemos nos esquecer de que através de nossos processos mentais podemos conseguir identificar o que nos produz mal-estar.

Nossos pensamentos têm muito o que nos dizer se fizermos as perguntas adequadas. Por que uma ideia nos incomoda tanto? Quanta importância estamos dando a um determinado pensamento? Será que ele realmente tem tanta importância?

O problema do pensamento é que temos um controle muito limitado sobre ele. É impossível decidir não pensar nunca mais em uma lembrança ou se abster completamente de pensar. As relações simbólicas que conectam nossos pensamentos entre si requerem que aceitemos que eles sempre podem voltar, mesmo se não quisermos.

Pensar de maneira racional é pensar relativizando, expressando-se em termos de desejos e preferências em vez de exigências absolutas. Quando as pessoas pensam de maneira saudável, mesmo quando não conseguem o que desejam, os sentimentos negativos que essas situações provocam não as impedem de conquistar novos objetivos ou propósitos.

Portanto, moldar os pensamentos e pensar de maneira equilibrada é algo que está ao alcance de qualquer pessoa que se dedique a fazer isso. Se você se esforçar de maneira inteligente, seus pensamentos vão se transformar em seus melhores aliados.


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