Monoaminas: o que são e quais são as suas funções?

A presença das monoaminas é fundamental e, por isso, falaremos sobre as suas principais funções neste artigo. Descubra-as!
Monoaminas: o que são e quais são as suas funções?
Cristina Roda Rivera

Escrito e verificado por a psicóloga Cristina Roda Rivera.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Os neurotransmissores são essenciais para o nosso bem-estar. Graças a eles, nosso cérebro se comunica com outras partes do nosso corpo. As monoaminas estão incluídas na classificação neurofisiológica dos neurotransmissores.

A principal característica das monoaminas é que são distribuídas por todo o sistema nervoso central e também por todo o sistema nervoso periférico. Basicamente, são neurotransmissores que contam com diversas funções de neuromodulação.

As monoaminas recebem e liberam material sináptico, que contém informação para cada uma das atividades complexas que realizamos. Apesar do seu tamanho microscópico, podem regular funções como a atenção, os estados emocionais e as funções viscerais.

A ação das monoaminas

As monoaminas e suas funções

A regulação dos neurotransmissores do grupo das monoaminas é interrompida em uma variedade de transtornos psiquiátricos e, de fato, muitos medicamentos psicotrópicos (que afetam o comportamento ou o humor) impactam uma ou mais etapas da sua síntese, armazenamento ou degradação.

Nesse sentido, alguns antidepressivos agem como inibidores da monoamina oxidase (IMAO), uma enzima necessária para o catabolismo das monoaminas.

As monoaminas são produzidas por vários sistemas de neurônios no encéfalo. Portanto, os neurônios monoaminérgicos servem para modular a função de várias regiões do encéfalo, aumentando ou diminuindo a atividade de determinadas áreas cerebrais.

Tipos de monoaminas: catecolaminas e indolaminas

As monoaminas são divididas em duas subclasses: catecolaminas e indolaminas. Por sua vez, dentro das catecolaminas, há três neurotransmissores: a noradrenalina, a dopamina e a adrenalina. Na categoria das indolaminas há apenas a serotonina.

As catecolaminas

Todas as catecolaminas são derivadas do metabolismo da tirosina. As duas enzimas principais envolvidas no catabolismo da catecolamina são a monoamina oxidase (MAO), presente nas terminações nervosas, e a catecol O-metiltransferase (COMT), presente em todos os tecidos. Estas duas enzimas são o alvo de muitos tratamentos psicotrópicos.

Dopamina (DA)

A dopamina é um neurotransmissor sintetizado por certas células nervosas a partir da tirosina, um aminoácido (um componente da proteína na dieta). Afeta o movimento muscular, o crescimento dos tecidos e o funcionamento do sistema imunológico.

As redes dopaminérgicas do cérebro estão estreitamente associadas aos comportamentos de exploração, vigilância, busca pelo prazer e a evitação ativa do castigo.

A baixa atividade dopaminérgica está presente nas depressões melancólicas, caracterizadas por uma diminuição na atividade motora e na iniciativa.

Por outro lado, os produtos e atividades que proporcionam prazer, como a heroína, a cocaína e o sexo, ativam certos sistemas dopaminérgicos. Portanto, os medicamentos que aumentam a dopamina, como a L-Dopa e as anfetaminas, também aumentam a agressão, a atividade sexual e a iniciativa. 

Dopamina

Adrenalina (A)

A adrenalina, também conhecida como epinefrina, é uma substância polivalente que o nosso corpo usa para regular diferentes processos.

É um hormônio, já que viaja através do sangue para chegar a diferentes regiões do organismo e cumprir sua tarefa nos cantinhos mais escondidos do mesmo. No entanto, também é um neurotransmissor, o que significa que age como intermediário na comunicação entre os neurônios.

A adrenalina é o hormônio e o neurotransmissor das situações nas quais precisamos estar alertas e ativos. Em outras palavras, a adrenalina nos prepara organicamente para reagir rapidamente. Sua liberação aumenta, especialmente, quando detectamos alguma ameaça.

Noradrenalina (NA)

Os principais neurônios noradrenérgicos ficam localizados no locus coeruleus e no núcleo do tronco encefálico, que se projeta de forma difusa sobre o mesencéfalo e o telencéfalo. Estes neurônios têm um papel importante na modulação do sono.

Em ratos, a destruição do locus coeruleus, abrigo dos neurônios de noradrenalina, leva a um desaparecimento total do medo.

Em humanos, a redução da noradrenalina afeta a aquisição de novos conhecimentos e associações. No entanto, a cafeína, que aumenta a noradrenalina no cérebro, melhora a capacidade de realizar tarefas repetitivas, entediantes e sem recompensa.

A administração de tirosina em pacientes depressivos aumenta a secreção de noradrenalina. Este tratamento melhora o componente hedônico da depressão.

Para concluir, a noradrenalina parece criar um terreno favorável para o despertar, o aprendizado, a sociabilidade, a sensibilidade a sinais emocionais e o desejo sexual. 

Por outro lado, quando a síntese ou liberação de noradrenalina é interrompida, pode ocorrer abstinência, desprendimento, falta de motivação, depressão e queda da libido.

As indolaminas

As indolaminas são neurotransmissores que fazem parte do grupo indol. Neste grupo, se encontram a serotonina e a melatonina.

Serotonina

A destruição das regiões do cérebro com uma alta densidade de neurônios serotoninérgicos leva a uma desinibição do controle reflexivo sobre o comportamento: o animal dá lugar aos impulsos, independentemente das consequências das suas ações.

Ao aplicar descargas elétricas em um rato que tenta obter comida, ele deixa de tentar, no máximo, depois de 12 tentativas. No entanto, com níveis baixos de serotonina, ele persiste mesmo depois de 200 descargas.

Os ratos e os camundongos geralmente convivem sem problemas em uma gaiola. No entanto, se o seu nível de serotonina for anormalmente baixo, os ratos matam os camundongos. O esgotamento da serotonina também provoca a desinibição da atividade sexual.

Nos humanos, os níveis anormalmente baixos de serotonina geralmente estão associados a um comportamento impulsivo, agressivo ou até muito violento. Este é o caso em formas violentas de suicídio.

A equipe do Dr. Markus Kruesi (Universidade de Illinois, Chicago) descobriu que um nível baixo de serotonina em uma criança com problemas era o melhor preditor de comportamento criminoso ou suicida no futuro.

Serotonina

Melatonina

A melatonina é um hormônio presente no corpo que afeta o sono. A produção e a liberação de melatonina no cérebro se relacionam com a hora do dia: aumentam com a escuridão e diminuem quando há luz. A produção de melatonina diminui com a idade.

A melatonina também está disponível como suplemento; geralmente em forma de cápsula que pode ser tomada por via oral. A maioria dos suplementos de melatonina são fabricados em laboratório. A melatonina costuma ser usada para tratar os distúrbios do sono, como a insônia e o jet lag.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.