A multitarefa, um perigo para o nosso cérebro

A multitarefa, um perigo para o nosso cérebro

Última atualização: 29 abril, 2016

A multitarefa (ato de fazer várias coisas ao mesmo tempo) não é um bom hábito para o nosso cérebro. Não é bom assistir TV e falar no celular enquanto conversamos com o nosso parceiro. Isto impede a concentração e se reflete em uma perda de eficiência cognitiva e relacional (na medida em que as redes sociais tornaram-se redes antissociais).

Se olharmos para grande parte da literatura publicada nos últimos anos, inclusive nos artigos que publicamos neste site, perceberemos que existe uma corrente que tenta mostrar o tempo presente como um lugar esquecido pela nossa consciência.

Estas frases, páginas e teorias são apenas ecos do presente dizendo: “Ei, eu estou aqui”! Nós podemos escutá-los ou não. Incentivamos a distração e acostumamos nosso cérebro a mudar constantemente de tarefa, afetando também a expressão e o controle das nossas emoções.

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Independentemente do grau de preocupação pela perda de informações que nos chegam através dos sentidos, a verdade é que, muitas vezes, existem mensagens que não podemos ignorar.

Imagine um bom homem passeando e parando no meio da rua para pensar sobre a conversa que terá com os futuros sogros durante o jantar. Estamos de acordo que não é exatamente um bom lugar para relaxar.

Você pode achar o exemplo exagerado, mas imagine uma pessoa apaixonada pela música ou por um programa de rádio que tem o hábito de caminhar pelas ruas com um fone de ouvido em uma área muito movimentada. Não corre o mesmo perigo do exemplo anterior, mas não é aconselhável.

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A multitarefa e o presente

O nosso amante da música pode estar no presente porque está ouvindo uma música reproduzida neste momento. No entanto, se pensarmos bem, é um pseudopresente porque não é natural no momento em que ele se encontra.

Neste sentido, toda a tecnologia que criamos é uma das principais responsáveis pelo aumento do tempo que passamos nesta nova dimensão: a multitarefa.

Temos dispositivos que nos permitem levar os filmes ou as músicas para qualquer lugar. Nos transformamos em otimizadores do tempo, tentando por todos os meios preencher todos os momentos da nossa vida com atividades das quais gostamos.

Não é que vivamos fora do presente pelas preocupações sobre o futuro ou melancolia pelo passado, mas estamos sobrecarregados de atividades diferentes entre si.

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Se formos para a academia, não é raro encontrar um personagem cada vez mais comum: a pessoa está fazendo exercícios, lendo um livro eletrônico e com fones de ouvido.

Parece que não conseguimos mais prestar atenção somente no tempo presente; naquilo que está acontecendo no momento. Temos a impressão de que estamos perdendo tempo, que temos canais desocupados que poderiam perfeitamente receber informações mais úteis ou agradáveis.

Podemos estar passeando com o nosso companheiro e ter a sensação de que não estamos fazendo nada. Não pensamos sobre isso, é algo automático: sem perceber, pegamos o celular para verificar as últimas atualizações na nossa rede social ou responder mensagens pendentes.

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Nós fazemos tudo isso sem perceber que paramos de ouvir, porque simplesmente ocupamos o sentido que estava disponível. O problema é que nós só temos um cérebro, que não tem condições de gerenciar ao mesmo tempo duas tarefas que não são rotineiras, dar atenção a dois assuntos diferentes que exigem compreensão.

Assim, sem perceber, não estamos fazendo duas tarefas por vez, mas pulamos rapidamente de uma para outra como se estivéssemos indo para a cozinha de vez em quando para ver o peru no forno.

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Perdemos a paciência pelo caminho

Por que fugimos automaticamente da realidade? Por que não somos capazes de dar espaço para que algo interessante aconteça? Por que achamos que estamos perdendo tempo se não estamos no “modo multitarefa”?

  • Porque perdemos a paciência: a paciência para esperar, sem fazer outras coisas enquanto esperamos.
  • Perdemos a paciência para ouvir: porque o que nosso amigo está contando parece tão chato que buscamos algo mais divertido no nosso bolso.
  • Porque esta alternativa parece mais fácil do que participar da conversa e torná-la mais interessante.
  • Porque o que ouvimos no momento parece muito monótono e já incorporamos comportamentos tecnológicos, sem esforço e sem sair do lugar.

Talvez, daqui para a frente, a vida seja cada vez mais agitada e nos tornemos cada vez mais impacientes para tolerar um momento de pausa. Temos a impressão de que os estímulos que não são naturalmente estressantes foram contaminados por aqueles que são, como se descansar em uma cama por um momento ou ouvir um bom amigo nos deixasse muito nervosos. Pense um pouco, é isto realmente o que você quer?

 


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