Na creche ou em casa? Qual é a melhor opção para seus filhos?

A criança está melhor em casa ou na creche? O cuidado parental individualizado é melhor ou um ambiente potencialmente socialmente estimulante? Existem argumentos válidos para defender ambas as posições. Agora, qual é o melhor para o seu caso?
Na creche ou em casa? Qual é a melhor opção para seus filhos?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 31 janeiro, 2023

Atualmente, as licenças de maternidade e paternidade na Espanha são de 16 semanas. Isso significa que, poucos meses após o nascimento, os pais já se deparam com um complicado dilema sobre a melhor opção para cuidar do seu filho: na creche ou em casa? As opiniões podem estar divididas e pode haver fortes argumentos a favor de uma ou de outra. Por esse motivo, é interessante analisar a pesquisa nesse sentido.

Há quem ache que o lar é o melhor ambiente como base para o desenvolvimento da criança nos primeiros anos, pois fomenta um vínculo saudável de apego com os pais. Por outro lado, há quem sugira que as creches oferecem maiores oportunidades de socialização que podem ter um impacto positivo. Se você não sabe qual opção escolher, mostramos algumas ideias sobre isso.

Na creche ou em casa?

Essa dúvida surge principalmente naqueles lares onde existe a possibilidade real de escolha, onde um dos pais pode deixar de trabalhar para se dedicar ao cuidado dos filhos. Mesmo nesses casos, surge a ideia de ir a uma creche, facilitando assim a interação com outras crianças e o aconselhamento ou orientação de profissionais qualificados.

O dilema é diferente quando há uma necessidade econômica que deve ser atendida. Nesses casos, as opções que os pais podem considerar são o cuidado domiciliar por um familiar ou que a criança vá para a creche.

Então, qual é a melhor opção? Para responder a essa pergunta, podemos recorrer a uma das maiores investigações realizadas sobre o assunto. O Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano acompanhou mais de 1.000 crianças desde o primeiro mês de vida até os quatro anos de idade. O objetivo foi analisar como os diferentes tipos de cuidados (em casa ou na creche) afetaram o desenvolvimento cognitivo, social e psicológico das crianças. E os resultados forneceram dados interessantes.

crianças no berçário
As crianças iniciam nos jogos sociais a partir dos 3 anos.

Socialização com colegas em idades muito precoces

Cobrir a necessidade de socialização com outras crianças é o principal argumento a favor das creches. No entanto, embora a escola seja um ambiente muito enriquecedor socialmente para as crianças, se falamos dos primeiros anos de vida, isso é diferente.

As brincadeiras sociais e participativas só se iniciam aproximadamente aos três anos de idade, quando a criança pode ter consciência de si mesma e de seus papéis, exercer empatia e interagir com outras crianças. Portanto, até agora, a prioridade é o vínculo de apego com os cuidadores primários (geralmente os pais). Assim, a real necessidade nessas idades precoces é gerar uma conexão próxima e íntima e se relacionar com um cuidador que proporcione afeto e segurança.

No referido estudo, verificou-se que as crianças que frequentavam a creche apresentavam mais problemas de comportamento (agressividade, rebeldia, competitividade…) e eram menos cooperativas do que aquelas criadas em casa. Uma realidade que se acentuava quanto mais horas o bebê passava na creche e menor a qualidade da mesma.

O vínculo de apego primário

Demonstrou-se em várias ocasiões que a relação com a mãe (ou a figura de apego primária) é o fator que mais pode ajudar no desenvolvimento emocional, social e intelectual da criança. As melhores pontuações foram obtidas pelas crianças que tiveram cuidadores sensíveis, que forneceram apoio emocional e foram consistentes em seus cuidados.

Em outras palavras, o que um bebê exige é que o adulto interaja com ele e responda às suas emissões e chamados, que saiba atender às suas necessidades físicas e emocionais e ajude o pequeno a se regular. É isso que fornece a tão necessária sensação de segurança. E, embora os trabalhadores de um centro infantil tenham a melhor disposição, nem sempre conseguem alcançá-la, pois a proporção de crianças para atender é muito maior do que suas capacidades permitem.

A importância da criação

Por outro lado, o estudo indica que não é necessariamente o tipo de cuidado recebido que tem maior impacto no desenvolvimento da criança, mas sim o estilo de criação e o ambiente familiar. As características dos pais e a dinâmica familiar mostraram-se mais relacionadas ao desenvolvimento correto do que o fato de ir à creche ou ficar em casa.

Quando os pais tinham mais escolaridade e renda, quando ofereciam ambientes estimulantes e apoio emocional, o desenvolvimento infantil era melhor em todos os casos. Da mesma forma, um ambiente familiar positivo, com rotinas adequadas e que proporcione à criança experiências suficientes, é fundamental para o crescimento adequado em todas as áreas, independentemente do tipo de cuidado (casa ou creche).

O estado psicológico da mãe

Um ponto-chave a considerar é que o vínculo de apego com a mãe e a qualidade da criação e do ambiente familiar têm o maior impacto no bem-estar da criança. E embora a assistência domiciliar estimule o desenvolvimento desses fatores, nem sempre é assim.

A pesquisa descobriu que os baixos níveis de estresse materno, a saúde psicológica da mãe e sua capacidade de fornecer cuidados adequados são fundamentais. E, em alguns casos, ficar em casa e ser mãe e cuidadora em tempo integral não beneficia esses aspectos.

Se a mãe se sentir sobrecarregada, exausta e insatisfeita, não poderá oferecer o feedback adequado ao bebê. Por outro lado, se quando for trabalhar se sentir realizada, feliz e menos estressada, estará em melhor posição para nutrir e criar um apego seguro.

Mãe segurando seu filho
O vínculo com a mãe é o fator que mais contribui para o bem-estar da criança.

Cuidados de qualidade: a chave para o bem-estar da criança

Da investigação obtemos várias pistas importantes. Primeiro, que a socialização com os pares não é tão necessária para uma criança com menos de três anos de idade quanto o contato frequente com um cuidador sensível e consistente. Nesse sentido, postula-se como a melhor opção o cuidado domiciliar prestado pela mãe ou pelo pai.

Agora, uma criança que recebe cuidados de qualidade em uma creche pode obter os mesmos benefícios e bons resultados. Para isso, é fundamental que a proporção de bebês por educador infantil seja a menor possível, e que o cuidador seja sensível, empático, atencioso e capaz de estimular adequadamente o bebê.

O cuidado da creche pode ser uma ótima opção se, e somente se, o bebê encontrar as condições necessárias para se relacionar positivamente com o cuidador e receber a atenção, a resposta e o apoio emocional de que precisa. Portanto, se você escolher essa alternativa para seus filhos, é fundamental garantir que a creche realmente ofereça um atendimento de qualidade e seja sensível às necessidades das crianças nessa idade.


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