Feridas emocionais da infância, tipos de apego e escolha do parceiro

As feridas emocionais na infância nos motivam a criar máscaras que camuflem nossa vulnerabilidade. Estamos falando de pontos de dor que condicionam praticamente tudo o que fazemos.
Feridas emocionais da infância, tipos de apego e escolha do parceiro

Última atualização: 24 agosto, 2022

Pode soar forte, mas a maioria de nós tem feridas marcadas em nossa pele emocional que precisam ser aceitas e curadas. Pontos de dor que parecem ter se tornado crônicos. Você deseja saber quais são suas feridas emocionais e o impacto que elas têm em você? Gostaria de saber qual a relevância que podem ter na sua escolha do seu parceiro? A seguir, damos algumas informações para que você possa construir suas próprias respostas.

Pense em como é interessante esclarecer os padrões que fundamentam nossas ações, para que possamos trabalhar com eles. Com um mapa claro do nosso território emocional, será mais fácil percorrê-lo com sucesso, podendo realizar mudanças mais efetivas. Mais particularmente, no campo social, permitirá gerar ou fortalecer laços de apego que proporcionem segurança, confiança e clareza na relação com o parceiro e outros vínculos significativos.

As pessoas que criaram um apego seguro na infância têm uma vantagem valiosa quando vão se relacionar intimamente com os outros e não têm medo do abandono. Ou seja, podem levar a uma vida adulta independente, com autonomia e responsabilidade emocional.

As 5 feridas da alma, segundo Lise Bourbeau

São cinco feridas emocionais, criadas na infância, e cinco máscaras que colocamos para esconder essas feridas e poder conviver com elas. Lise Bourbeau afirma que a intensidade da ferida é o que determina a profundidade da máscara que criamos.

Muitas vezes, na idade adulta é necessário um trabalho que nos permita perdoar e soltar todas essas máscaras; caso contrário, tornam-se um obstáculo à autenticidade, bem como um campo minado para o mal-estar proveniente dessa dissonância. As feridas são de rejeição, abandono, humilhação, traição e injustiça.

menina triste chorando
As feridas emocionais são como lesões psicológicas que se originam na infância e que influenciam na vida adulta.

Ferida da Rejeição: Máscara do Escapista

A ferida da rejeição fica gravada na psique da criança entre o seu nascimento e o primeiro ano de vida. A criança mantém um vínculo de apego evitativo com o(s) progenitor(es). Consequentemente, o adulto que se infligiu essa ferida teve experiências de rejeição na infância e tenderá a rejeitar a si mesmo e aos outros.

Da mesma forma, experiências agradáveis e bem-sucedidas serão rejeitadas devido ao profundo sentimento de vazio interno e à crença equivocada de não merecer. Essa ferida nos faz colocar a máscara do escapista.

O maior medo que as pessoas com a ferida da rejeição têm é justamente o medo da rejeição.

Ferida do Abandono: Máscara do Dependente

Do ponto de vista cronológico, a segunda ferida que pode ser causada é a ferida do abandono. Esta ferida é gerada entre o primeiro e o terceiro ano de idade. O progenitor cria um vínculo de apego ambivalente cheio de contradições com seu filho ou filha.

Quem experimentou o abandono tenderá a abandonar projetos e parceiros, até que se conscientize de sua carência e assuma a responsabilidade por sua vida e sua solidão.

O adulto com essa ferida é uma pessoa que busca constantemente atenção, apoio e proteção das pessoas ao seu redor. O maior medo de uma pessoa que sofre dessa ferida é a solidão e por isso coloca a máscara do dependente.

Ferida da Humilhação: Máscara do Masoquista

A terceira ferida é a ferida da humilhação. Essa ferida é gerada entre o primeiro e o terceiro ano de vida, e o progenitor também se relaciona com o filho a partir de um apego ansioso e ambivalente. Adultos que passaram por todo tipo de abuso, humilhação, comparações ou foram ridicularizados e constrangidos por sua aparência física, atitudes e comportamentos durante a infância muitas vezes carregam esse fardo nas costas.

Na maioria das vezes são seres inseguros, tímidos e indecisos que, no fundo, se sentem culpados e não acreditam ter liberdade. Uma pessoa que sofre a ferida da humilhação coloca, para superá-la, a máscara do masoquista.

Ferida da Traição: Máscara do Controlador

A quarta ferida emocional seria a ferida da traição fruto de um apego desorganizado com o progenitor. Ocorre entre os dois e os quatro anos de idade. O adulto com a ferida da traição será alguém desconfiado, pois não se permite confiar em nada nem em ninguém.

O maior medo é a mentira e inconscientemente ele buscará envolver-se em situações em que inevitavelmente será traído. As pessoas com a ferida da traição colocam a máscara do controlador, cercando-se de uma névoa de ciúme e medo da separação.

Ferida da Injustiça: Máscara do Rígido

A última ferida é a da injustiça. Essa ferida é gerada entre os quatro e seis anos de idade, fruto de um apego desorganizado com o progenitor de referência. A criança, nesse caso, sentiu-se bloqueada em sua individualidade; em sua essência.

Em algum momento, todos nós já vivenciamos ou testemunhamos situações injustas; porém, quem tem a ferida não consegue lidar com ela e suas reações são desproporcionais.

Uma das características mais importantes é o medo de errar e a tendência ou obsessão de encontrar a perfeição. Pessoas com a ferida da injustiça colocam a máscara da rigidez.

Todos, sem exceção, têm algumas dessas feridas. Com qual você se identifica? Essa ferida se refletirá no vínculo com seu parceiro.

Com quais parâmetros escolhemos o nosso parceiro?

As feridas emocionais da infância determinam em grande parte os tipos de vínculos que estabelecemos ao longo de nossas vidas. Um dos laços mais importantes é o de um casal. É assim que alguém com uma ferida da rejeição rejeita ter intimidade com outros e tem dificuldades de relacionamento. Por exemplo, os parceiros dessas pessoas sentem falta de mais intimidade na relação.

Em contraste, um adulto com uma ferida do abandono sente a sensação de medo de que seu parceiro não o ame ou não o deseje realmente. Eles acham difícil interagir com as pessoas da maneira que gostariam, pois esperam receber mais afeto e carinho do que aquele que lhes é dado. É assim que surge a dependência emocional.

Quem sofreu humilhação atrai pessoas que o fazem sentir-se humilhado. Uma mulher pode atrair um homem que flerta com outras mulheres, e um homem pode atrair uma mulher que é muito provocante para outros homens. Um adulto com uma ferida da traição mostrará uma atitude sedutora e manipuladora, tomará o poder e fará com que seu parceiro se sinta fraco ao seu lado.

Por fim, a ferida da injustiça se reflete em alguém frio sentimentalmente, rígido e que tem dificuldade em acolher as pessoas, pois prefere ficar sozinho.

Mulher triste
As feridas emocionais muitas vezes nos fazem sentir uma dor profunda.

Conhecer nossos padrões de relacionamento

Segundo Lise Bourbeau, embora usemos essas máscaras na vã tentativa de nos proteger, paradoxalmente atraímos as situações e pessoas exatas de que precisamos para nos sentirmos rejeitados, abandonados, humilhados, traídos ou injustiçados.

Felizmente, curar nossas feridas e sair dessas máscaras é possível se reconhecermos a ferida e a máscara que usamos, perdoarmos a nós mesmos e às pessoas que nos machucaram e começarmos a nos aceitar e amar como somos.


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  • Bourbeau, L. (2014). Las cinco heridas que impiden ser uno mismo. Ed. OS Stare.
  • Bourbeau, L. (2016). Escucha tu cuerpo, es tu mejor amigo en la tierra. Ed. Sirio.
  • Bourbeau, L. (2017). La sanación de las 5 heridas. Ed. Sirio.

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