O que nos leva a não apreciar o que temos e a valorizar o que nos falta?

O que nos leva a não apreciar o que temos e a valorizar o que nos falta?
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Um dos nossos maiores problemas é que estamos acostumados a não apreciar o que temos e a valorizar muito aquilo que nos falta. Não ligar para aquilo que, se for perdido, nos fará falta é uma forma comum e pouco realista de pensar sobre determinadas pessoas e situações. Apesar dos nossos objetivos nascerem daquilo que nos faz falta, é um erro criar necessidades de coisas das quais, na verdade, não precisamos.

Às vezes caímos no erro de chamar de necessidades quase tudo que não temos, e de obrigação o que realmente deveríamos apreciar, como as pessoas, os sentimentos ou as situações. Desse modo, desperdiçamos muitas ocasiões porque preferimos fantasiar do que experimentar a realidade, possivelmente porque o primeiro costuma ser muito mais fácil do que o segundo.

Geralmente aproveitamos muito pouco aquilo que temos, e este costuma ser um padrão que algumas pessoas exercitam durante grande parte do seu tempo. Alguns especialistas nesse assunto falam, inclusive, da chamada síndrome da parte faltante para se referir à fixação constante por aquilo que não possuímos, chegando a beirar uma obsessão.

Não espere ter tudo para aproveitar a vida; você já tem a vida para aproveitar tudo.

Mulher de olhos fechados

Devemos parar de idealizar e começar a apreciar o que temos

Atingir uma meta e pensar na seguinte é algo razoável e lógico. No entanto, o problema ocorre quando, ao mesmo tempo, aproveitamos muito pouco aquilo que temos. E aqui está o segredo: o momento presente, queiramos ou não, é o único que temos, e é o segredo para viver plenamente.

O inconformismo é uma tendência intrínseca do ser humano, mas ele não deve angustiar as nossas vidas. Por outro lado, a motivação é fundamental e, até certo ponto, instintiva. Isso não precisa ser negativo, mas se nós reunirmos o inconformismo crônico com a idealização daquilo que não temos, podemos cair em um poço de insatisfação.

A idealização costuma nos enganar. Sentimos falta ou desejamos algo porque acreditamos que vamos nos sentir muito melhor se conseguirmos alcançá-lo; na realidade, não podemos saber com certeza como será uma situação até ela ser vivida. Idealizar é valorizar cegamente o que, normalmente, não corresponde à realidade. Ser conscientes de tudo isso é o primeiro passo para aproveitar o nosso dia a dia.

Devemos ser conscientes daquilo que temos, do que somos, e aproveitar o que a vida nos oferece. Devemos ter cuidado com o que buscamos e desejamos. Não existem situações perfeitas, só as que nós imaginamos em nossas mentes. Aí entra em jogo a idealização daquilo que não temos, aquilo que os outros têm e tudo aquilo que nos faz falta.

Às vezes deixamos de viver a nossa realidade por algo que não existe. Idealizar é o primeiro passo para a desilusão.

O inferno está cheio de más intenções

Aproveitamos pouco o que temos porque nós não prestamos muita atenção. Saber o que deve ser considerado é o primeiro passo para valorizar. Prestar atenção às coisas certas abre uma janela para o bem-estar, porque quem sabe aproveitar o pouco ou muito que o cerca já aprendeu a verdadeira essência da vida.

Valorizar e apreciar o que temos é fundamental para cobrir tanto as nossas necessidades quanto as das pessoas que nos rodeiam.

Apreciar o pôr do sol

A seguir, vamos citar uma antiga história que nos ensina a razão pela qual, muitas vezes, vivemos concentrados em prazeres superficiais que não podemos alcançar, enquanto perdemos tudo aquilo que é positivo na nossa existência.

“Em um castelo inglês existia uma regra pela qual os visitantes não tinham que pagar a entrada para poder visitá-lo, e isso atraía a maioria dos turistas que chegavam a esse lugar. Uma vez dentro do castelo, só havia uma condição para não pagar a visita: ela tinha que ser feita com uma colher cheia de areia na boca; se não caísse nenhum grão de areia durante o trajeto, a visita seria gratuita. Todos os visitantes, entusiasmados, aceitavam o desafio e percorriam o castelo animados em poder chegar até o final sem perder nenhum grama do conteúdo da colher.

Como resultado, a maioria dos visitantes não pagava a entrada, mas pagavam um preço muito maior: não apreciavam nada do interior do castelo. Nenhum dos visitantes que chegaram com a colher cheia de areia viram o interior da fortaleza, os seus valiosos quadros, a sua arquitetura, já que estavam olhando unicamente para a colher”.

Portanto, não seja como esses visitantes. Afaste o olhar daquilo que você acredita fazer falta e comece a apreciar hoje mesmo aquilo que você já tem.


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