Não leia porque é mentira!

Não leia porque é mentira!

Última atualização: 03 junho, 2015

Alguns estudos revelam que a cada dia ouvimos ou lemos mais de 200 mentiras. Será que é verdade? Acredito até que possam ser algumas mais. Não falo da mentira explícita que dizemos por vários motivos como, por exemplo,  para conseguir alguma coisa, para economizar tempo, para não incomodar alguém ou porque sabemos que não seremos descobertos. Refiro-me à mentira implícita ou dedutível em muitas situações da nossa vida cotidiana. Também mentimos ao ocultar a informação; podemos mentir sem utilizar as palavras, por meio de um sorriso falso quando cumprimentamos nosso vizinho, se não vamos com a cara dele, ou pelo método principal do momento atual, que é a utilização das redes sociais. Essas que, por vezes, disfarçam a nossa aparência e nosso estado emocional real.

Nesse sentido, em uma pesquisa realizada recentemente com 2000 usuários do Facebook, 80% reconheceu mentir em, pelo menos, uma informação que publica na rede social. Mas não é estranho publicarmos que estamos tristes ou que tudo está ruim? Mas, por outro lado, se publicarmos a comida gostosa que vamos comer, ninguém pensará em publicar um churrasco queimado! Ou a foto do verão, a imagem dos pés relaxados e tranquilos na praia. Por que ninguém publicou a tensão do braço ao posicionar constantemente a sacola de praia onde estava nosso iPhone?

Também no Twitter, pretendemos projetar uma imagem ideal de nós mesmos. Segundo cientistas britânicos, fingimos ser intelectuais para parecer mais atrativos sexualmente aos potenciais namorados(as). Dois terços dos entrevistados afirmam que são atraídos pela inteligência, e 70% dizem que preferem a inteligência do que a beleza do seu par. Então fica mais fácil usar a rede para conseguir ser mais inteligentes, presentes e criativos. Talvez a pergunta “por que mentimos?” nunca possa ser respondida, exceto com meias verdades. Mas acredito que a PNL pode nos ajudar a responder algumas icógnitas. É uma boa ferramenta para poder entender e precisar a forma como nos comunicamos e como selecionamos a partir de todos os nossos pensamentos aquela informação que queremos que seja visível na ponta do iceberg.

Tipos de mentiras implícitas

Habitualmente, em um processo de comunicação, manifestam-se 3 tipos de padrões linguísticos. Segundo o metamodelo da linguagem:

1. Generalização: a pessoa filtra a suas experiências considerando somente aquelas evidências que confirmam uma regra geral e evita considerar matizes ou exceções à regra. É aqui que aparecem os chamados quantificadores universais (sempre, nunca, todos, ninguém, etc.). Um exemplo: Por que todas as pessoas são diferentes nas redes sociais?. Certamente que esse seria um bom tweet. Bom, ainda que imprima um desejo social da nossa parte (ocorrência e criatividade), com certeza há pessoas autênticas nas redes sociais.

2. Omissão: nesse caso, a pessoa omite informação, dando por certo que o interlocutor entendeu o “faltante”. Podem haver omissões verbais, de substantivo ou comparativos (melhor, pior, etc.), entre outras. Essa é uma das mais utilizadas nas redes sociais, talvez no Twitter, por ter que nos restringirmos a poucos caracteres determinados, ou no Facebook, onde omitimos a informação que não seja ideal. Um exemplo: “O melhor do dia”: (seguido de uma imagem de uma pizza sensacional). Mas omito a foto da minha cozinha suja e com cheiro de queimado, motivo pelo qual tive que pedir comida pronta.

3. Distorção: por último, a pessoa faz interpretações distorcidas sobre alguma coisa que aconteceu ou que poderia acontecer. Aqui se produzem fenômenos como leitura de mente, relações causais, entre outros. Um exemplo: “Como a Eva está feliz com o seu namorado! Com certeza nunca brigam!”. Ou ainda: “Que rápido que você é!!! Como as coisas vão acontecer???”. Bom, mais uma vez estamos idealizando a imagem ou o tweet, já que Eva também briga com o seu namorado e nem sempre somos tão criativos com os nossos tweets, pois, do contrário, não haveria o RT!!! (que é uma forma de se comunicar quando não temos inspiração divina).

Este metamodelo da linguagem pode nos aproximar do entendimento do porquê, do momento que pensamos até o momento em que falamos algo, selecionamos muita informação, e, logicamente, como um iceberg, só deixamos visível aquela ponta que queremos fazer chegar aos demais, seja por habilidade social, porque queremos projetar uma imagem idílica de nós mesmos, talvez mais de felicidade no facebook e mais intelecto no twitter. No final, o homem é um animal social que sempre busca a aprovação do grupo. Ou também pode ser porque seria impossível dizer constantemente tudo o que pensamos (a verdade). O que ia acontecer se disséssemos tudo o que pensamos desde a hora que levantamos até a hora de deitar?

Em primeiro lugar, não falaríamos com ninguém porque, com certeza, que iríamos ofender mais de uma pessoa e, além disso, não seria a imagem ideal porque, querendo ou não, seria uma generalização:

“Ninguém é perfeito”. Estaríamos falando isso a todo momento. Nossa! Exaustivo!

Agora sim, peço-lhe desculpas se, em algum momento, ao longo desse artigo, menti por omissão, generalização ou distorção. Não era a  minha intenção. Talvez eu só quisesse projetar um pouco de habilidade social, talvez no fundo do meu iceberg o que eu desejo é parecer mais feliz no Facebook e mais esperta no twitter, já que, sinceramente, nem sou vidente nem nada, nem especialista em muitas coisas, mas apenas uma psicóloga comum que tenta se superar.

Imagem cortesia de Dmytro Pylypenko


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.