A neuropsicologia do desenvolvimento infantil

A neuropsicologia do desenvolvimento infantil é uma disciplina que une a psicologia e a neurologia. A verdade é que, nos últimos anos, ela se desenvolveu muito, pois estamos cada vez mais conscientes de tudo que podemos fazer para melhorar a vida das gerações futuras.
A neuropsicologia do desenvolvimento infantil
Paula Villasante

Escrito e verificado por a psicóloga Paula Villasante.

Última atualização: 18 maio, 2023

Nas últimas décadas, aumentou o interesse pelos problemas de aprendizagem e desenvolvimento infantil. Assim nasceu a neuropsicologia do desenvolvimento infantil. Essa disciplina aborda a relação entre o processo de maturação do sistema nervoso central e o comportamento durante a infância (1). Essa disciplina da neuropsicologia coloca em um lugar de destaque a avaliação do neurodesenvolvimento na prevenção e detecção precoce de possíveis distúrbios (2).

Chávez (2003) afirma que, para determinar se uma criança tem problemas no seu neurodesenvolvimento, é importante conhecer a organização e o desenvolvimento normal do sistema nervoso central. Isso ocorre porque o conhecimento sobre o sistema nervoso e seu desenvolvimento é a base para a prevenção e detecção de diferentes distúrbios.

Da mesma forma, Rains (2003) refere-se a alterações no sistema nervoso e maturidade cerebral devido a causas pré, peri e pós-natais. Essas alterações, em quase todos os casos, resultam em distúrbios neuropsicológicos na infância. Além disso, se não forem detectados a tempo, podem aumentar as sequelas: é por isso que os autores enfatizam a importância da neuropsicologia do desenvolvimento infantil.

Outros autores, como Weber e Reynolds (2004), enfatizam a influência de fatores ambientais no desenvolvimento do cérebro. Assim, realizam estudos nos quais analisam a associação entre a plasticidade cerebral e os eventos traumáticos na infância. Os autores explicam que, nos Estados Unidos, das crianças que sofrem abuso anualmente (evento traumático), entre 27% e 100% desenvolvem problemas físicos, comportamentais, sociais, cognitivos ou emocionais.

O estudo da neuropsicologia do desenvolvimento infantil se concentra nos fatores de risco e possíveis distúrbios psicopatológicos e neuropsicológicos que estes podem causar em meninos e meninas (1).

A neuropsicologia do desenvolvimento infantil

Origem das lesões cerebrais infantis

Segundo os autores Cuervo e Ávila, a etiologia das lesões cerebrais infantis pode ser classificada de acordo com vários indicadores e com o momento em que ocorrem:

  • Pré-natal (toxoplasmose, desnutrição intrauterina, abuso intrauterino, entre outros).
  • Perinatal (hipóxia, mecônio…).
  • Pós-natal (trauma cranioencefálico, infecções, desnutrição …).

Daí a importância de um histórico médico completo na avaliação. Isso deve incluir todas as informações relacionadas às características e condições do desenvolvimento durante os primeiros anos de vida. Alguns autores (5, 6, 7) classificam as principais causas de lesão cerebral de acordo com o tipo de dano em:

  • Traumáticas
  • Vasculares (hemorragia).
  • Infecciosas (meningite, toxoplasmose).
  • Metabólicas (galactosemia).
  • Neurotóxicas.

Esses autores enfatizam a importância da plasticidade cerebral e da maturidade neuropsicológica na infância para avaliar sequelas e recuperação após uma lesão.

Avaliação neuropsicológica do desenvolvimento infantil

Alguns autores (7) afirmam que a avaliação da neuropsicologia do desenvolvimento infantil não é igual à avaliação do adulto. Isso ocorre porque a neuropsicologia do desenvolvimento tem como principal objetivo estudar o desenvolvimento das funções cognitivas e sua relação com a maturidade cerebral ao longo da vida. Por isso, a neuropsicologia do desenvolvimento infantil concentra-se em:

  • Em primeiro lugar, nas diferenças na maturidade cerebral desde o nascimento até a adolescência entre meninos e meninas.
  • Nas diferenças entre o cérebro adulto e o cérebro em desenvolvimento.
  • No padrão inverso observado no desenvolvimento da substância branca frente à substância cinza.

Maturidade neuropsicológica

A maturidade neuropsicológica é definida como o nível de organização e desenvolvimento maturacional que permite um desenvolvimento das funções cognitivas e comportamentais, de acordo com a idade cronológica da pessoa. São destacadas as mudanças durante o desenvolvimento, especialmente na infância.

Dessa forma, a avaliação e intervenção da neuropsicologia do desenvolvimento infantil devem partir de objetivos específicos, de acordo com a idade da menina ou do menino (1).

Neuropsicologia do desenvolvimento infantil

Avaliação do neurodesenvolvimento infantil

Na infância, a etiologia dos distúrbios neuropsicológicos pode estar localizada em dois grupos (1):

  • Primeiro, indivíduos com comprometimento específico do desenvolvimento maturacional.
  • Segundo, os indivíduos que, após um desenvolvimento inicial normal, sofrem um acidente patológico que deixa sequelas que alteram o desenvolvimento de maneira focal ou difusa.

Áreas que devem ser avaliadas em neuropsicologia infantil (10)

Habilidades motoras

  • Destreza manual.
  • Orientação direita esquerda.
  • Praxias orofaciais.
  • Controle verbal de habilidades motoras.
  • Percepção.
  • Visual.
  • Auditiva.
  • Tátil.

Linguagem

Memória

  • Verbal e não verbal.
  • Curto e longo prazo.

Alguns testes neuropsicológicos do desenvolvimento infantil

  • Questionário de Maturidade Neuropsicológica Infantil (CUMANN).
  • Teste ENI (Avaliação Neuropsicológica Infantil).

Para concluir, fica claro que a intervenção neuropsicológica do desenvolvimento infantil deve ser global. Em sociedades como a atual, são urgentes a detecção, reabilitação e estimulação de funções que favorecem a maturidade neuropsicológica. Portanto, é importante desenvolver disciplinas como a neuropsicologia do desenvolvimento infantil, com o objetivo de proteger a saúde da criança.


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  • 1. Martínez, Á. C., & Matamoros, A. M. Á. (2010). Neuropsicología infantil del desarrollo: detección e intervención de trastornos en la infancia. Revista iberoamericana de psicología: ciencia y tecnología, 3(2), 59-68.

  • 2. Rains, G. D., & Campos, V. (2004). Principios de neuropsicología humana. México: McGraw-Hill.

  • 3. Chávez, R. (2003). Neurodesarrollo neonatal e infantil. México: Editorial Médica Panamericana.

  • 4. Weber, D. A., & Reynolds, C. R. (2004). Clinical perspectives on neurobiological effects of psychological trauma. Neuropsychology Review, 14(2), 115-129.

  • 5. Montañes, P. & De Brigard, F. (2005). Neuropsicología Clínica y Cognoscitiva. Bogotá: Universidad Nacional.

  • 6. Ardila, A., & Rosselli, M. (2007). Neuropsicología clínica. Editorial El Manual Moderno.

  • 7. Portellano, J. A. (2005) Introducción a la Neuropsicología.

  • 8. Capilla, A., Romero, D., Maestu, F., González, J., & Ortiz, T. (2003). Neuropsicología del desarrollo y neuroimagen. Revista de Neurología, 37, 667-697.

  • 9. Portellano, J. A., Mateos, R., Martínez, R., Granados, M., & Tapia, A. (1999). Cumanin. Cuestionario de madurez neuropsicológica infantil.

  • 10. Manga, D., & Ramos, F. (2001). Evaluación de los síndromes neuropsicológicos infantiles. Revista de Neurología, 32(7), 664-675.


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