Os nossos medos se escondem na ira e na raiva

Os nossos medos se escondem na ira e na raiva

Última atualização: 10 abril, 2016

Existem emoções desagradáveis, como a ira e a raiva, que escondem mensagens reveladoras. Essas emoções estão nos transmitindo algo muito profundo sobre nós: nossos medos que somos incapazes de reconhecer e aceitar.

Por que não queremos reconhecer os nossos medos? As armadilhas dos nossos pensamentos nos fazem sentir, uma e outra vez, raiva, aborrecimento e desconforto. Acabamos assim por nos encontrarmos à mercê do nosso raciocínio, ao ficarmos com uma análise consciente e superficial dos nossos medos.

Vivemos sob uma pressão social onde os medos são considerados uma vulnerabilidade, algo que nos torna fracos. Temos essa crença que nos faz enterrar os medos no nosso subconsciente. E assim eles são revelados sob a aparência de ira diante de situações que fogem do nosso controle, que fazem parte dos nossos temores mais profundos.

É mais fácil sentir a ira do que reconhecer o medo

Estamos mais habituados a ver pessoas ficarem com raiva do que pessoas que sejam capazes de reconhecer seus medos. Nós persistimos na ira, manifestando-a até que seja parte de nós (produzindo respostas psicossomáticas) ou exteriorizando-as. No segundo caso, projetamos a nossa ira nos outros com base na crença de que foi outra pessoa ou uma situação que nos fez sentir essa grande raiva convertida em ira.

Controlar a ira também não é fácil, embora estejamos mais familiarizados com ela do que com o medo. Ela está em um nível mais superficial, e é por isso que nela se ocultam outros assuntos, aqueles que não entendemos ou que não estamos preparados para enfrentar.

Certamente você já conheceu pessoas que estão sempre com raiva, que parecem ter a raiva como parte da sua personalidade; no entanto, por trás dessa atitude existem muitas razões ocultas. A ira seria apenas a ponta do iceberg, aquilo que podemos ver.

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Quando reprimimos a nossa raiva

Quando a raiva se apresenta nas nossas vidas e não entendemos as suas causas, começamos a especular sobre o ocorrido, intelectualizamos a emoção, e acabamos por não nos permitir sentir a raiva e a dor.

Não entendemos certos aborrecimentos, em muitas ocasiões os consideramos desproporcionais, injustificados e sem sentido. Nos atrevemos a julgar o que sentimos com o intuito de não sentirmos nada. Desvalorizamos as nossas emoções e vamos guardando-as em nosso sótão interno. A verdade é que aparecem por uma razão ainda mais profunda, e estamos anulando qualquer possibilidade de compreender e abordar essa razão.

Nossa tendência habitual é a de separar a mente das emoções, deixando que seja a mente a se encarregar de apaziguar o que sentimos, esquecendo-nos assim do nosso corpo e dos nossos sentimentos.

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Nos libertamos da ira compreendendo os nossos medos

Nós temos um repertório de medos muito grande, que são alimentados desde a nossa infância, reforçados pela sociedade e ampliados pela nossa falta de autoconhecimento. Não há dúvidas de que os responsáveis e os encarregados por enfrentar estes medos somos nós mesmos.

Quando somos capazes de nos responsabilizarmos por nossos medos, também somos  capazes de não julgar o que sentimos e o que experimentamos. É neste ponto que já não temos a necessidade de culpar, manipular e mentir.

Estes são alguns exemplos que servem especialmente para quando a raiva é recorrente: um acesso de raiva porque alguém não chegou pode estar indicando um medo do abandono. Um acesso de raiva por algo que alguém nos disse e que não gostamos pode indicar medo da falta de reconhecimento ou medo de que a pessoa não nos ame.

Os medos estão enraizados na raiva recorrente. A ira aparece cobrindo cada vez mais situações, e nos sentimos com raiva acreditando que são os outros que a causam. Isto nos impede de explorar os nossos medos e de cuidar deles, privando-nos assim da oportunidade de compreendê-los e curá-los.


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