O amor deve ser regado diariamente

O amor deve ser regado diariamente

Última atualização: 25 maio, 2016

Quero um amor presente, inscrito em pequenos detalhes e sem data de vencimento. Quero um amor que não dê as coisas como certas, que não me traga lágrimas, e sim dias serenos cheios de carinho e tardes de abraços eternos.

Sem deixar espaços para dúvidas, todos desejamos uma relação com essas características, mas frequentemente nos esquecemos de algo essencial: as relações devem ser trabalhadas diariamente, porque o carinho não é alimentado do vazio ou da ausência, precisa de uma presença autêntica que nos permita crescer.

O amor é um fio que une dois corações, duas vidas que precisam de uma luz cotidiana para se verem e de uma força interior para se manterem: se não há detalhes, não há essência, e se não há essência, o fio se rompe.

Frequentemente, quando passamos um determinado tempo em uma  relação,  aparece um inimigo muito cotidiano chamado “rotina, e caracterizado, por sua vez, por uma dimensão na qual começamos a não ligar para as coisas. Aparece o “Não é necessário que eu diga ou faça determinada coisa porque ele/ela já sabe disso”, ou o “Tenho certeza de que ele/ela não liga, porque sei que me ama”, ou “Não importa o tempo que passamos juntos, porque os sentimentos não mudam”…

Na verdade, essas ideias são equívocas, dado que o amor nunca para de se importar com as coisas. O amor, às vezes, embora maduro, também tem dúvidas e precisa de demonstrações cotidianas de afeto, palavras e gestos que edificam a reciprocidade. A autenticidade.

O amor precisa de uma linguagem cotidiana muito particular

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O amor, como a vida, muda e se transforma. Uma relação vai passando por diferentes etapas e terá diferentes necessidades em cada momento. No entanto, o afeto é sempre o mesmo e devemos saber como oferecê-lo através de uma linguagem particular.

Há uma linguagem inscrita no amor que todos nós podemos entender, e é a do entusiasmo, a dos sonhos que continuam iluminando nossos olhos, querendo carícias e procurando momentos de proximidade.

É possível que a paixão de hoje em dia não seja a mesma dos primeiros dias, mas agora começa uma fase mais profunda, onde a ternura e a cumplicidade abrem espaço para outra fase, onde continua existindo o mesmo amor, a mesma necessidade. E deve-se ter atenção a isso tudo diariamente.

  • O amor que não é cultivado no dia a dia traz dúvidas e carências. Às vezes, essa ausência afetiva não se deve ao desamor, e sim ao fato da pessoa estar acomodada em uma etapa onde, para um dos dois, “basta estar presente”, sem necessidade de aproximação, de entendimento, de cuidar dos detalhes e dos gestos.
  • Um dos principais problemas nos relacionamentos amorosos é que um dos membros precisa de mais demonstrações de afeto e atenção do que o outro. Há uma dissonância emocional de que se não cuidar ou não levar determinada coisa em conta pode acarretar problemas.
  • Um inimigo comum, quando o relacionamento chega a este ponto, é a aparição da empatia inversa. Ela se baseia em imitar o comportamento “negativo” do parceiro para chamar a sua atenção e feri-lo. “Se ele, ou ela, se esquece de te ligar, ou vai jantar sem dizer nada, para devolver, desapareço durante o fim de semana.”

São comportamentos que ferem e que são pouco construtivos, que não levam a lugar nenhum. Um problema não pode ser solucionado trazendo outro problema à tona. As carências sentidas no relacionamento devem ser expressadas em voz alta para que se tornem presentes, para que se tenha consciência delas.

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O amor cúmplice baseado na reciprocidade

Nem sempre é fácil encontrar um amor que se acomode em nossas particularidades, em nossos defeitos e em nossos detalhes. O mais importante é ter um amor que se encaixe em nossos valores e com o qual seja possível caminhar de mãos dadas ao longo do nosso ciclo vital, crescendo como casal e, também, de modo individual.

Quero um amor onde não sejamos antagonistas, onde não haja um que sempre ganha e outro que sempre chora. Quero dançar em noites estreladas e permitir que os anos cheguem em serenidade, dizendo que tudo o que foi vivido, o que foi passado, valeu a pena.

Um relacionamento que não é “regado” e que não é cuidado diariamente é um relacionamento que não é nutrido, e que acaba se desfazendo de forma irremediável. Por isso, é necessário ter em conta essas simples dimensões. O amor deve ser regado diariamente.

Entenda a forma como seu parceiro expressa amor por você

Às vezes, sentimos a necessidade de que nossos parceiros nos demonstrem seu amor “da forma como queremos e esperamos”.

  • Entretanto, o fato de não dizer que te ama diariamente não quer dizer que ele não se sinta assim. O fato dele não dizer “sim” para tudo o que você pede, não quer dizer que ele não ligue para você. Valorize os detalhes, a cumplicidade, o apoio e a autenticidade.
  • A linguagem do amor continuará sendo a mesma apesar de cada um usar palavras diferentes: basta saber entendê-las e apreciá-las.

Cada ato, cada palavra e cada gesto deve ser autêntico

Há um aspecto que devemos levar muito em conta: é possível que existam gestos diários onde o carinho sempre seja explícito, onde há mil e um detalhes e centenas de afeições. Mas eles devem ser autênticos.

O amor não deve ser forçado, não deve ser demonstrado de forma obrigatória, com um “eu te amo” constante, ou com um presente semanal. É preferível que haja cumplicidade, surpresa, um gesto inesperado, um abraço sincero do que uma rotina onde as palavras perdem a essência.

O amor não é só querer, é compreender, é estar presente e dar felicidade.

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Créditos das imagens: Mila Marquis, Christian Schloe


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