O mito de Asclépio, deus da medicina

O mito de Asclépio fala sobre uma divindade que foi amplamente cultuada na Grécia. Este deus combinava a sabedoria de Quíron com os poderes curadores de Apolo. Sua insígnia acabou se tornando o símbolo universal da medicina.
O mito de Asclépio, deus da medicina
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 23 julho, 2020

O mito de Asclépio, ou Esculápio para os romanos, não fala apenas sobre o deus da medicina, mas também sobre toda uma família dedicada às artes da cura. Embora quase todos os deuses tenham algum poder curativo, Asclépio foi quem melhor dominou estes conhecimentos a ponto de ter o poder de ressuscitar os mortos.

Acredita-se que o mito de Asclépio tenha sido baseado na lenda de um personagem egípcio chamado Imhotep. Este personagem viveu aproximadamente 2 mil anos antes de Asclépio ganhar a forma de mito de deus grego. Era um erudito considerado pai da medicina moderna e o primeiro a exercer esta profissão.

Imhotep foi o autor de um amplo receitário farmacológico e, pelo que se sabe, foi o primeiro ser humano a descobrir casos clínicos a partir de uma perspectiva racional e não mágica.

Chegou a utilizar os opioides como anestésicos e realizou as primeiras descrições anatômicas de que se tem notícia. Acredita-se que o mito de Asclépio tenha sido inspirado neste personagem da vida real.

Monumento na Grécia

A origem do mito de Asclépio

Como é comum entre os gregos, existem várias versões do mito de Asclépio. A mais conhecida indica que este personagem era filho do deus Apolo, soberano do sol e das artes, e de uma mortal chamada Corônis.

Corônis é descrita como uma mulher de grande beleza. Tão bela que roubou o coração do deus Apolo, que caiu de joelhos aos seus pés quando a viu.

A história conta que eles se envolveram sexualmente nas proximidades de um lago e que, para fazer isso, o deus precisou se transformar em um cisne. Corônis acabou engravidando de Apolo após este acontecimento.

Depois disso, Apolo precisou voltar para Delfos, mas ordenou a um corvo branco que cuidasse da sua mulher enquanto ele não estivesse presente. No entanto, aproveitando a ausência do deus, Corônis tornou-se amante de um guerreiro chamado Isquis. O corvo descobriu e rapidamente voou para avisar seu amo.

No caminho, encontrou outro pássaro que lhe advertiu sobre não ser uma boa ideia levar más notícias ao deus, mas o corvo ignorou seu aviso. Apolo ficou completamente transtornado. Em meio à raiva, amaldiçoou a ave e a condenou a carregar uma penugem preta para sempre. A partir daí, o corvo passou a ser considerado um “pássaro de maus presságios”.

Asclépio, uma criança brilhante

O mito de Asclépio conta que Apolo foi até onde Corônis estava e, repleto de raiva, disparou uma de suas flechas contra ela, atravessando o peito da mulher. Quando a viu morrer, o deus se arrependeu e tentou revivê-la, mas já era tarde demais. Depois disso, Apolo a levou para a pira funerária. Então, enquanto o corpo de Corônis era consumido pelo fogo, Apolo decidiu retirar seu filho de seu ventre.

O filho era Asclépio, e Apolo decidiu encarregar sua criação e educação a Quíron, o centauro curador. Desse modo, o menino cresceu sob a tutoria de um mestre que conhecia profundamente as artes curativas. Desde criança, se familiarizou com as plantas medicinais e as técnicas de tratamento.

Asclépio chegou a ter tantas habilidades curadoras que até aprendeu a ressuscitar os mortos. Isso despertou a ira de Zeus, que acreditava que reverter a condição dos mortais era um perigo. Sendo assim, utilizando-se de um ciclope, enviou um raio e matou Asclépio.

Estátua de Zeus
Zeus

Um deus venerado

Apolo, enfurecido pelo assassinato de seu filho, matou o ciclope que havia executado o plano de Zeus. Logo, utilizando seus poderes, conseguiu fazer com que Asclépio chegasse ao Olimpo e se transformasse em um deus. A partir disso, muitos mortais começaram a se render à sua adoração e a implorar pelos seus favores quando precisavam de ajuda com alguma enfermidade.

A morte de Asclépio também fez com que se desenvolvessem grandes virtudes na família que ele havia deixado na Terra. Dessa forma, sua esposa, Epíone, adquiriu o poder de acalmar a dor. Sua filha, Higea, se transformou no símbolo da prevenção em saúde.

Panacea, outra de suas filhas, tornou-se sinônimo do tratamento; Telésforo se transformou no símbolo da convalescência e Macaão e Podalírio se transformaram nos protetores dos médicos e cirurgiões.

Mais adiante, foi dito que Hipócrates era descendente de Asclépio; a insígnia deste deus, uma serpente enrolada em uma vara, transformou-se no símbolo universal da medicina.


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  • Morales-Puebla, J. M., Fernandez, M. A. A., & Delgado, A. D. (2011). Asclepio. El Dios griego de la medicina. Apuntes de Ciencia, (3), 53-57.


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