Liberdade é fazer tudo que queremos?

Liberdade é fazer tudo que queremos?
Adriana Díez

Escrito e verificado por a psicóloga Adriana Díez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Antes de começarmos a nossa discussão sobre o que é liberdade, é necessário falar sobre dois conceitos. O primeiro é que ninguém goza de liberdade absoluta no sentido de poder se abstrair completamente de todas as normas e valores. O segundo conceito tem a ver com o fato de que a liberdade não inclui apenas a escolha de uma ou outra ação, mas também se estende aos pensamentos e emoções: temos uma certa margem para escolher o que pensar ou o que sentir.

Por outro lado, colada ao conceito de disposição e capacidade de escolha está a responsabilidade que emana desse privilégio. Assim, de alguma forma, toda escolha está associada a uma previsão de consequências, a uma estimativa de prejuízos e benefícios. É aqui que a moral e a ética entram em cena, próprias de cada pessoa, de cada grupo, de cada sociedade ou de toda a humanidade.

Se olharmos para a nossa sociedade, perceberemos que consideramos a maioria das pessoas livres para escolher. Caso contrário, qual seria o significado da democracia ou das próprias regras e leis que punem exatamente a falta de responsabilidade associada à liberdade?

“Liberdade é a capacidade de escolher dentro do possível. É a possibilidade e o direito que cada um tem para escolher uma das alternativas apresentadas em um determinado momento”.
– Jorge Bucay –

Pássaros voando

O que é liberdade? Declarar-se livre é declarar-se autônomo

Quando somos livres, somos responsáveis ​​pelas nossas decisões, pois somos nós que as tomamos e, por isso, assumimos a autonomia, com tudo de bom e ruim que isso acarreta. Para assumir as consequências do que decidimos, é necessário ter a coragem de ser livre para seguir um determinado caminho.

Um custo que tentaremos antecipar, reduzir e finalmente assumir sabendo que mais tarde teremos que pagar. Assumimos que a nossa decisão está associada a um risco que pode trazer consequências de um lado ou de outro. Este risco existe porque na maioria das vezes não somos os únicos criadores da realidade, existem outros fatores que a influenciam. As outras pessoas, por exemplo.

Ser livre também requer uma concessão: a permissão para cometer erros. Além disso, de falhar e tentar novamente. Aqui os conceitos de responsabilidade e custo reaparecem. Por exemplo, muitos pais não realizam muitos dos seus planos em um determinado momento, porque sabem que têm uma responsabilidade para com os seus filhos. Muitas vezes a realização desses sonhos teria um custo para a sua família.

Ser livre significa assumir riscos, e a liberdade exige que carreguemos o peso das nossas decisões. A liberdade não está apenas em fazer o que queremos neste momento; é planejar e construir o nosso caminho decidindo como, onde e com quem o percorreremos. Ser livre é ser autônomo para decidir por nós mesmos.

“A liberdade está em sermos donos da nossa própria vida”.
– Platão –

A minha liberdade acaba onde a sua começa

Aqui está o limite mais importante da liberdade: a coexistência com outras liberdades, a moral e a ética. Eu sou livre dentro de um espaço limitado, aquele que marca os meus próprios valores, aquele que as leis me proporcionam. Em alguns campos, essas leis serão mais restritivas que os meus valores pessoais, em outros não, e o conflito surgirá. A liberdade e a autonomia nos dão uma margem de ação menor do que a nossa imaginação nos permite.

Um dos valores compartilhados pela maioria das pessoas é não causar danos ao outro. Por isso a famosa frase: a minha liberdade começa onde a do outro termina. Seguir esta regra é uma lição em si, já que se as leis forem violadas, acarretam uma punição para aqueles que cometem o que foi estipulado pela sociedade como um crime. Uma punição que tentará reparar o dano causado.

“A liberdade não é a ausência de compromissos, mas a capacidade de escolher o que é melhor para si mesmo”.
– Paulo Coelho –

Mulher dançando

Para finalizar o artigo, mencionaremos um fenômeno curioso. Há várias opções a partir das quais os seres humanos podem se sentir confusos. Todos nós já sentimos isso. Por exemplo, vamos comprar uma caneta e existem muitos tipos diferentes. Normalmente é uma escolha com a qual conscientemente não gastaríamos muito tempo, mas não é incomum perceber que gastamos 10 minutos para escolher, quando na verdade preferiríamos dedicar esse tempo a outras tarefas. É assim que essa liberdade sequestra a nossa vontade de alguma forma, como se esse grande número de opções realmente nos incomodasse.

Com seus paradoxos e seus benefícios, a liberdade é um dos nossos grandes privilégios. Sem dúvida, a maioria de nós tem uma boa margem para fazer e desfazer à vontade, para decidir e se desenvolver de alguma forma. Mas no fundo somos tão dependentes (devido à nossa natureza social), quanto autônomos.


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