O que é morte psicogênica e qual é a sua causa?

É possível morrer de uma experiência emocional extrema? É nisso que consiste a morte psicogênica, um fenômeno que é objeto de debate para os cientistas. Nós revelamos do que se trata neste artigo.
O que é morte psicogênica e qual é a sua causa?

Escrito por Edith Sánchez

Última atualização: 18 julho, 2023

A morte psicogênica é um conceito usado na psicologia para se referir a casos em que uma pessoa morre sem uma causa física óbvia. Alegadamente, a morte ocorre como resultado de intenso estresse emocional ou alguma condição psicológica extrema. Também é conhecida como morte por tristeza ou morte por desespero.

Esse fenômeno ocorre em pessoas que passaram por uma perda significativa ou por uma situação excessivamente exigente. Foi apontado que às vezes a intensidade da dor emocional pode ser tão avassaladora que o corpo reage com uma resposta de choque, que causa a morte.

Foi documentado em diferentes culturas ao longo da história. No entanto, é um tanto controverso, pois alguns questionam sua própria existência ou as causas subjacentes dela. Apesar de tudo, as evidências sugerem que, em casos raros, a experiência emocional extrema tem um efeito negativo que leva à morte.

A morte não é a maior perda em vida. A maior perda é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.

~ Norman Cousins ~

Aspectos biológicos da morte psicogênica

Como já indicamos, a morte psicogênica é um fenômeno objeto de debate e estudo em diferentes áreas do conhecimento. Entre eles estão medicina, psicologia e neurociência. Embora os processos biológicos envolvidos não sejam totalmente compreendidos, algumas teorias foram apresentadas a esse respeito.

Uma das teses mais aceitas é que a morte psicogênica poderia estar relacionada a uma reação extrema do sistema nervoso autônomo. Ele controla funções involuntárias do corpo, como respiração, frequência cardíaca e pressão arterial.

Existe a possibilidade de que em situações extremas de estresse emocional ou psicológico haja uma liberação descontrolada de hormônios do estresse, como o cortisol e a adrenalina. Esses hormônios podem afetar gravemente a função cardiovascular e respiratória, levando à morte.

Outra teoria sugere que a morte psicogênica estaria relacionada à dissociação ou desconexão entre o cérebro e o corpo. Em situações extremas de dor emocional ou psicológica, o cérebro pode ativar mecanismos de defesa para desconectar a experiência emocional do corpo. Isso, por sua vez, faz com que o corpo entre em estado de choque que pode levar à morte.

O que as pesquisas científicas dizem sobre isso?

Existem poucas pesquisas sobre o fenômeno da morte psicogênica, porque é uma situação rara e, ao mesmo tempo, difícil de abordá-la em um ambiente controlado de laboratório. Portanto, a maioria dos estudos foi retrospectiva ou baseada em relatos de casos individuais.

Um dos primeiros estudos sobre o assunto apareceu na revista Endangered species research, desenvolvida pelo fisiologista Hans Selye em 1960. O objetivo era investigar a causa da morte de vários animais em cativeiro. Ao final, concluiu-se que o estresse desencadeado pelas condições de confinamento havia precipitado uma reação extrema do sistema nervoso autônomo, que levou à morte.

Um estudo publicado no Zeitschrift für Psychosomatische Medizin und Psychoanalyse, analisando casos suspeitos, chegou a uma conclusão semelhante. Além disso, várias situações de síndrome de Takotsubo, condição rara em que um estado de estresse emocional extremo leva a doenças cardíacas que podem levar à morte.

Alguns casos registrados

Um dos casos mais conhecidos de morte psicogênica ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, quando um grande grupo de soldados japoneses foi capturado e submetido a interrogatório e tortura por soldados americanos. Relata-se que alguns dos prisioneiros japoneses morreram devido ao desespero e intensa dor emocional.

Também há referências a esse fenômeno em indivíduos que sofreram uma perda emocional significativa, como a morte de um ente querido. Por exemplo, em 1945, uma americana chamada Reba Place Williams morreu de ataque cardíaco, após saber da morte de seu filho na Segunda Guerra Mundial.

Além desses casos, vários estudos em animais foram realizados para tentar entender melhor os mecanismos biológicos que podem levar à morte psicogênica.

Em laboratório, o estresse emocional intenso demonstrou afetar negativamente a função cardiovascular e respiratória em ratos e outros animais.

Considerações finais

Dadas as desvantagens que existem no estudo desse fenômeno, não é possível fazer afirmações sobre todos os seus detalhes. Essa falta de informação levou a cultura popular a associar a morte psicogênica a casos de pessoas que morrem porque pensam constantemente nisso, ou a pessoas que morrem porque literalmente não têm vontade de viver.

A verdade é que, na ausência de estudos e evidências que permitam fazer afirmações mais precisas, esta continuará a ser uma questão controversa, da qual ainda há muito por investigar.


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