O que são as emoções?

O que são as emoções?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Todos já se perguntaram alguma vez o que são as emoções. Poderíamos defini-las como a “cola da vida”, aquela matéria invisível, mas intensa, que nos conecta às pessoas, que nos permite ser participantes da realidade, rindo dela, admirando-a, nos surpreendendo diante de suas maravilhas e nos entristecendo também com seus dissabores.

Poucas condições desprendem tanto mistério como as emoções. É verdade que fazem parte de nossa cultura, de nossa educação, sexo ou país de origem. No entanto, não é menos verdade que já vem integradas em nossa base genética. Para demonstrar isso, as universidades de Durham e Lancaster (Inglaterra) realizaram um fascinante estudo onde se pode ver que os fetos já expressam uma pequena variedade de emoções dentro do útero materno.

“Uma emoção não causa dor. A resistência ou supressão de uma emoção é o que verdadeiramente causa dor e sofrimento.”
– Frederick Dodson –
Por meio de ultrassonografias, descobriram como os bebês, antes de nascer, já sorriem e inclusive como demonstram expressões associados ao choro. Tudo isso mostra que já nesse universo plácido e silencioso do útero o ser humano vai “ativando” e treinando aquela linguagem instintiva e essencial que garantirá sua sobrevivência. O sorriso ajudará a demonstrar bem-estar e satisfação, enquanto o choro cumprirá a função de “sistema de alarme”: através do qual ele expressará suas necessidades mais básicas.

As emoções nos conferem humanidade, e mesmo que com frequência cometamos o erro de classificá-las em emoções negativas e positivas, todas elas são necessárias e valiosas. No final, cumprem uma função adaptativa e nada pode ser tão importante quanto compreendê-las para usá-las de modo “inteligente” em nosso benefício.

Bebê sorrindo no útero

O que são as emoções?

Pablo está trabalhando em sua tese. Ao chegar em casa da universidade, vai para seu quarto continuar sua tarefa. Se senta em frente ao computador e abre uma gaveta para consultar alguns documentos. Ao fazê-lo, vê que no interior dessa gaveta e justo sobre a pasta que precisa se encontra uma grande aranha. Ele a fecha imediatamente, com medo. Aos poucos, nota como a temperatura de seu corpo sobe e seu coração acelera. Falta oxigênio e ele fica com os pelos da pele eriçados.

Alguns minutos depois fala para si mesmo que é uma bobagem, que deve continuar com seu trabalho e não perder tempo. Volta a abrir a gaveta e percebe que a aranha não era tão grande quanto havia percebido, de fato era bem menor. Sente vergonha por seu medo irracional, pega a aranha com um papel e a deixa no jardim externo, satisfeito e rindo de si mesmo.

Este simples exemplo demonstra como em questão de poucos minutos somos capazes de experimentar um amplo leque de emoções: medo, vergonha, satisfação e diversão. Por outro lado, todas elas combinaram três aspectos muito claros:

  • Alguns sentimentos subjetivos: Pablo tem medo de aranhas e essa emoção lhe permite fugir delas, se proteger.
  • Uma série de respostas fisiológicas: coração se acelera, aumento da temperatura corporal.
  • Um comportamento expressivo ou adaptativo: Pablo fecha a gaveta rapidamente ao ver esse estímulo (a aranha) que lhe causa medo.

O mais complexo sobre este estudo das emoções é que são muito difíceis de serem medidas, descritas ou de serem previstas. Cada pessoa as experimenta de um modo, são entidades subjetivas muito particulares e exclusivas. No entanto, os cientistas sabem mais sobre o que se refere à resposta fisiológica, porque neste caso, e sem importar a idade, a raça ou a cultura, todos fazemos do mesmo modo, como a adrenalina, por exemplo, que geralmente está em toda experiência associada com o medo, o pânico, o estresse ou a necessidade de fuga.

O que são as emoções?

Por que nos emocionamos?

As emoções cumprem uma finalidade muito concreta: permitir que nos adaptemos ao que nos rodeia, para garantir nossa sobrevivência. Isso já foi indicado por Charles Darwin em seus estudos, ao nos demonstrar que os animais também tinham e expressavam emoções, e que este dom lhes permitia avançar como espécie e colaborar entre nós para conseguir tal propósito.

Darwin foi possivelmente uma das figuras que mais acertou na hora de explicar o que são as emoções e para que servem. No entanto, ao longo da história encontramos mais nomes, mais focos e mais teorias orientadas a nos dar mais respostas sobre este tema.

O livro dos ritos

O “Livro dos Ritos” é uma enciclopédia chinesa do século primeiro que todo mundo deveria folhear pelo menos uma vez. Faz parte do padrão confuciano e aborda temas cerimoniais, sociais e principalmente aspectos da natureza humana. Se fazemos referência a este livro é porque nele se explica também o que são as emoções. Ainda, nesta obra estão descritas quais são as emoções básicas: a alegria, a ira, a tristeza, o medo, o amor e a repulsa.

A teoria de James-Lange

Estamos no século XIX e William James, junto com o cientista dinamarquês Carl Lange, explicam que as emoções dependem de dois fatores: as mudanças físicas que acontecem em nosso organismo diante de um estímulo e a posterior interpretação que fazemos dele depois.

Ou seja, para estes autores a reação fisiológica se desencadeia antes dos pensamentos ou de sentimentos subjetivos. Algo que sem dúvidas tem nuances e que nos oferece uma visão um tanto determinista.

Cérebro com coração dentro

“Quando digo controlar as emoções, quero dizer as emoções realmente estressantes e incapacitantes. Sentir emoções é o que torna nossa vida rica”.
– Daniel Goleman –

O modelo Schacter-Singer

Vamos agora para os anos 60, até a prestigiosa Universidade de Yale, para conhecer dois cientistas: Stanley Schacter e Jerome Singer. Ambos afinaram um pouco mais as teorias existentes até esse momento sobre o que são as emoções e deram forma ao seu conhecido e interessante modelo.

Schacter e Singer nos ensinaram que as emoções podem aparecer, efetivamente, ao interpretar as respostas fisiológicas periféricas de nosso corpo, assim como nos explicaram William James e Carl Lange. No entanto, e aqui chega a novidade, também podem ser originadas de uma avaliação cognitiva. Ou seja, nossos pensamentos e cognições podem desencadear uma resposta orgânica e a posterior liberação de uma série de neurotransmissores que ativarão uma emoção determinada e uma resposta associada.

Paul Ekman, o pioneiro do estudo das emoções

Se desejamos saber o que são as emoções temos que passar quase que de forma obrigatória pela obra de Paul EkmanQuando este psicólogo da Universidade de São Francisco começou a estudar este tema, acreditava, como a maior parte da comunidade científica, que as emoções tinham uma origem cultural.

No entanto, depois de mais de 40 anos de estudos e análises de grande parte das culturas que formam nosso mundo, concluiu uma tese que Darwin já tinha enunciado em sua época: as emoções básicas são inatas e resultado de nossa evolução. Deste modo, e dentro de sua teoria, Ekman estabeleceu que o ser humano se define por um conjunto de emoções básicas e universais em todos nós:

  • Alegria
  • Ira
  • Medo
  • Nojo
  • Surpresa
  • Tristeza

Mais tarde, e no final dos anos 90, ampliou esta lista ao estudar mais profundamente as expressões faciais:

  • Culpa
  • Rubor
  • Desprezo
  • Complacência
  • Entusiasmo
  • Orgulho
  • Prazer
  • Temor
  • Repulsa
  • Satisfação
  • Surpresa
  • Vergonha

A roda das emoções de Robert Plutchik

A teoria de Robert Plutchik nos explica o que são as emoções de um ponto de vista mais evolucionista. Este médico e psicólogo criou um interessante modelo no qual ficam bem identificadas e diferenciadas oito emoções básicas. Todas elas teriam garantido nossa sobrevivência ao longo de nossa evolução. A elas são somadas outras emoções secundárias e inclusive terciárias, que teríamos desenvolvido com o tempo, para nos adaptarmos muito melhor em nossos ambientes.

Todo este interessante foco é conhecido como “a roda das emoções de Plutchick”. Nela podemos apreciar como as emoções variam em grau e em intensidade. Assim, e como exemplo, é interessante recordar que a ira é menos intensa que a fúria. Compreender ajudará a regular um pouco melhor nossos comportamentos.

Como alcançar o bem-estar emocional

Ao chegar a este ponto existe um aspecto a ser considerado. Não basta saber o que são as emoções. Não basta saber qual neurotransmissor está por trás de cada estado emocional, de cada reação fisiológica ou de cada sensação. Isso é como ter um manual de instruções sobre uma máquina, mas não saber utilizá-la a seu favor.

É essencial transformar o conhecimento teórico em conhecimento prático. Administrar nosso universo emocional para favorecer nosso bem-estar, para potencializar a qualidade das relações, da produtividade, da criatividade, em essência, a qualidade de nossa vida.

Se no fim as emoções, assim como nos disse Darwin, servem para facilitar nossa adaptação, sobrevivência e convivência entre nós, devemos aprender, portanto, a fazê-las nossas sem temê-las, sem escondê-las ou dissimulá-las.

Assim, um modo de conseguir esta aprendizagem sobre esta ferramenta vital é desenvolvendo a inteligência emocional. Todos já ouvimos falar dela, já lemos algum livro de Daniel Goleman e vários artigos relacionados com o tema. No entanto, aplicamos de verdade suas principais estratégias? Fatores como a empatia, o reconhecimento das próprias emoções, a atenção, a correta comunicação, a assertividade, a tolerância à frustração, a positividade ou a motivação são aspectos dos quais não devemos descuidar em nenhum momento.

Dado que já sabemos o que são as emoções, façamos delas o melhor canal para construir um autêntico bem-estar, uma felicidade real.

Referências Bibliográficas

Ekman, Paul (2017). “El rostro de las emociones” Barcelona: RBA Libros.

Punset, Eduard. Bisquerra, Rafael, Bisquerra (2014). “Un universo de Emociones”, Planeta.

Goleman, Daniel (1996). “Inteligencia Emocional” Madrid: Kairos.

LeDoux, Joseph (1998). The Emotional Brain: The Mysterious Underpinnings of Emotional Life. New York: Simon and Schuster.


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