O tempo corre em duas direções, de acordo com Julian Barbour
Desde que a física quântica apareceu, ela não deixou de nos surpreender. Julian Barbour é um digno representante dessa abordagem e há várias décadas estuda um dos conceitos mais enigmáticos do universo: o tempo. Sua teoria é fascinante.
De acordo com Julian Barbour, o tempo corre nos dois sentidos ao mesmo tempo. Imaginemos que cada direção é uma seta cuja origem é zero. Enquanto a seta da direita aumenta gradualmente até o infinito, a da esquerda aponta para o infinito negativo.
Simplificando, o que Julian Barbour está propondo é que existe um universo no qual o tempo corre do que chamamos de passado para o que chamamos de futuro. Enquanto isso, em outro universo, ocorre o contrário: o tempo se move do futuro para o passado. Ficção cientifica? Não, é uma teoria científica séria.
“Se nada acontecesse, se nada mudasse, o tempo ficaria parado. Porque o tempo nada mais é do que mudança. É a mudança que vemos acontecer ao nosso redor, não o tempo. Na verdade, o tempo não existe.”
-Julian Barbour
[incorporar]https://www.youtube.com/watch?v=K49rmobsPcY[/incorporar]
O universo e o big-bang
A teoria mais aceita sobre o início do universo postula que ele se originou há pouco menos de 14 bilhões de anos a partir de um elemento menor que um átomo. Isso formaria toda a matéria que compõe o universo.
Esse assunto começou a se expandir, uma tendência que continua até hoje. A explosão também teria dado origem ao tempo, que a partir de então começaria a contar. As partículas de matéria, disparadas em múltiplas direções, foram agrupadas e formaram as estrelas, os planetas e as galáxias.
De acordo com essa teoria, o tempo se move em apenas uma direção: para frente. A esse respeito, Julian Barbour e outros físicos se perguntaram: por que, se o universo está se expandindo em todos os lugares, o tempo só se move em uma direção? As possíveis respostas a essa pergunta deram origem à tese de que o tempo corre em duas direções.
Julian Barbour e o tempo
Julian Barbour é um físico veterano, professor da Universidade de Oxford e autor de vários livros populares. Seu prestígio é inquestionável. Ele estudou minuciosamente o assunto do tempo e, a partir disso, levantou sua interessante teoria. O postulado básico que ele propõe diz que o tempo corre em duas direções ao mesmo tempo.
Barbour diz que o big-bang original fez com que o tempo começasse a ir em direções opostas, já que essa é a natureza de tal explosão. Sua ideia é baseada em dois princípios da física: a entropia e a segunda lei da termodinâmica.
Entropia é um conceito equivalente ao caos. A física indica que a realidade, ou melhor, os sistemas que a compõem, avançam para o caos. Por sua vez, o caos é irreversível. Um exemplo disso seria uma casa que é abandonada e cai. O processo vai até entrar em colapso e é impossível voltar atrás. O colapso é o estado mais caótico possível.
Agora, a segunda lei da termodinâmica diz que a entropia só pode aumentar, mas nunca diminuir. Por sua vez, o tempo avança na mesma direção que a entropia aumenta. Assim, no exemplo acima, uma vez que a casa é abandonada e começa a se deteriorar, é cada vez mais provável que ela desabe.
O aumento da complexidade
Julian Barbour diz que todos os conceitos citados acima foram estabelecidos como tal porque foram observados em um contexto, poderíamos dizer, “normal”. A do nosso planeta, da nossa matéria, das nossas dimensões, etc. Se você olhar para o universo como um todo, uma nova abordagem aparece.
Suponha que a casa desmoronada da qual estamos falando esteja na estrutura de um espaço infinito. Ao colapsar, as partículas que a compõem viajariam em diferentes direções, se juntariam a outras partículas e formariam novas estruturas. Estas seriam mais complexas.
Barbour trabalha com duas ideias básicas. O big-bang fez com que a matéria e o tempo se movessem em duas direções opostas. Portanto, haveria uma espécie de “universo espelho”. O que se espera nesse universo é o passado, porque tudo acontece ao contrário em nosso universo. De uma forma simples, o que está nesse horizonte é o progresso em direção ao ano zero.
Por outro lado, e ao contrário do que a física costuma propor, o universo inteiro não avança para o caos definitivo, para a desordem total. Pelo contrário, esse universo será cada vez mais complexo e estruturado. Talvez ele esteja certo.
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- Barbour, J. (2012). El fin del tiempo. Universo. Barcelona: Crítica.
- Herrmann, F. (2018). Comencemos con la entropía. Revista Cubana de Física.[En línea], 27(2).