O tempo voa, mas lembre-se: é você quem carrega as asas

O tempo voa, mas lembre-se: é você quem carrega as asas
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 02 dezembro, 2021

Você pode pensar que lhe falta tempo para tudo, quando na realidade é você quem não tem tempo. Pode ser que você se impressione com o passar acelerado dos dias, meses e anos… No entanto, lembre-se, talvez seja verdade que o tempo voa, mas é você quem carrega as asas, é você quem deve definir a direção a todo momento para apreciar a vista.

Santo Agostinho disse com grande inteligência que poucas coisas eram tão complexas de definir como o ideal de tempo. “Se ninguém me pergunta, eu sei o que é, mas se alguém me pergunta o que é o tempo, não sou capaz de explicar”. Agora, o assunto pode se tornar ainda mais complicado se considerarmos, por exemplo, que cada cultura e até mesmo cada país tem uma ideia diferente sobre esse conceito.

“Carpe diem, quam minimum credula postero”.
“Aproveite o momento e não confie no amanhã”

Para muitas sociedades ocidentais, “tempo é dinheiro“. Pode parecer algo frívolo, mas desde o início da revolução industrial esse “tique-taque” persistente e interminável é sinônimo de “dinheiro”. Nosso dia a dia se baseia em uma série de diretrizes e rotinas que, quase em sua maioria, são definidas por nossas jornadas de trabalho.

Agora, há um fato particularmente curioso que deve nos convidar a uma reflexão. De acordo com um artigo publicado pela revista “Business Insider”, países como Reino Unido, Austrália, Alemanha, Holanda ou Áustria têm uma visão do tempo muito linear. Além disso, para eles o tempo passado no trabalho é bem aproveitado, tempo de valor.

No entanto, para a população do sul da Europa, como é o caso da Espanha ou da Itália, as coisas mudam um pouco. Autores como Richard Lewis nos dizem que as pessoas lá são “multi-ativas”, quanto mais coisas puderem fazer ao mesmo tempo, mais felizes sentem. No entanto, a melhor maneira de investir o tempo não é estando no trabalho, mas sim estando na companhia de outras pessoas. Nesse caso, é fundamental construir relacionamentos sociais de qualidade.

Amigas aproveitando o tempo juntas

Tempo de infância, tempo de maturidade

Uma criança tem uma percepção de tempo muito diferente do que um adulto. Para esses pequenos que apenas despertaram para a vida, a informação perceptiva é tão intensa, mágica e fascinante que tudo parece muito mais vívido. Os dias acontecem de forma plácida e lenta, como um grande elefante que avança a um ritmo de caracol através de uma savana de extraordinárias formas, texturas e cores, onde há infinitas coisas a serem descobertas, informações para internalizar e muitas novas memórias para integrar.

No entanto, o adulto vive imerso em uma caixa de música onde sempre soa a mesma melodia. Os mecanismos da rotina rígida apagam brilhos, nos prendem nas manivelas do previsível e do comum até nos desconectarmos completamente de tudo aquilo que uma vez nos pareceu extraordinário.

Assim, uma vez que o mundo nos parece muito familiar, e todos os dias têm a mesma forma e o mesmo sabor, o tempo voa rápida e implacavelmente para nós, para essa percepção adulta que se desprendeu há muito tempo da companhia daquele elefante que, quando crianças, nos convidava a ir “mais devagar”, a nos concentrarmos no “aqui e agora”.

Menina andando com elefante

Essas duas visões, a da infância e a da maturidade, compõem o que William James em sua época chamou de “o tempo psicológico”. Nesta teoria, lembramos, por sua vez, que o tempo não precisa necessariamente acelerar à medida que ficamos mais velhos. Em certa medida, depende principalmente de como vivemos nossas vidas e da nossa capacidade de nos permitir continuar a experimentar, continuar a apreciar todas as nuances que nos cercam com entusiasmo e curiosidade.

“Não é que tenhamos pouco tempo, é que perdemos muito tempo…”
-Séneca-

O tempo voa, mas você pode voar com ele

O tempo voa ainda mais quando somos adultos, todos nós sabemos. No entanto, vale a pena lembrar que somos nós que carregamos as asas, nós que devemos nos permitir estar mais presentes desfrutando das paisagens, aproveitando o momento e nos servindo desses ventos quentes capazes de nos levar onde surgem os mais lindos amanheceres.

“Um minuto que passa é irrecuperável; sabendo disso… como podemos usar mal tantas horas?”
-Gandhi-

Fica claro, no entanto, que a maioria de nós tem obrigações, horários a serem cumpridos, metas a serem alcançadas e rotinas que usamos para proporcionar uma certa harmonia à nossa existência. No entanto, para desfrutar uma melhor qualidade de vida seria necessário entender um pequeno aspecto. O tempo é, na verdade, a coisa mais valiosa que o ser humano pode gastar. Portanto, devemos escolher bem em quê e em quem queremos investi-lo.

Aquilo que não se aproveita ou que não é dedicado a algo que nos satisfaça realmente é vida desperdiçada. São anos que voam, que desaparecem como um açucareiro em um imenso oceano. Não podemos permitir isso. Como geralmente se diz, há um tempo para deixar que as coisas aconteçam, mas sempre há um momento em que é preciso fazer com que certas coisas aconteçam, porque queremos isso, porque precisamos disso.

Para conseguir isso, não há outra escolha senão usar as asas e buscar nosso destino, nosso lugar, nossa gente, nossos propósitos… Façamos, portanto, com que isso seja possível. O tempo voa, mas temos que agir para aproveitá-lo ao máximo.

Tatuagens de asas em braços

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