A obsessão pelo prazer só gera insatisfação

A obsessão pelo prazer só gera insatisfação

Última atualização: 22 agosto, 2017

Para o escritor Hermann Hesse, a necessidade de estar ocupados e viver em um estado de prazer compulsivo, de fazer, em vez de simplesmente ser, dá lugar ao drama que sustenta a insatisfação existencial atual. Mas o alemão tem uma resposta que, embora possa parecer óbvia e simples, implica uma compreensão maior, capaz de modificar nosso relacionamento com o mundo. A busca compulsiva pelo prazer pode se transformar em uma insatisfação igualmente reiterada.

O sociólogo Zygmunt Bauman afirma que vivemos em uma sociedade líquida e de consumo, que procura satisfazer as necessidades materiais de forma imediata. Isso faz com que os produtos que consumimos se acabem rapidamente, dando margem a que nossas necessidades nunca sejam satisfeitas; a que sempre tenhamos o desejo de consumir mais para nos sentirmos completos.

A grande insatisfação geral que vivenciamos acontece especialmente a nível social. Passamos o dia desejando coisas novas e assim que as adquirimos, o desejo se renova. Como sociedade de consumo que somos, toda novidade praticamente nos suscita outro desejo.

Como parar de buscar o prazer excessivamente

“A agonia física, biológica, natural, de um corpo com fome, sede ou frio, dura pouco, muito pouco, mas a agonia da alma insatisfeita dura a vida toda.”
-Federico García Lorca-

A pressão para buscar o prazer nos torna mais suscetíveis à depressão

De acordo com uma pesquisa publicada na revista Depression and Anxiety, procurar desesperadamente o caminho para a felicidade poderia ser um atalho, com uma descida espetacular, para a ansiedade e a depressão. A felicidade se transformou em uma meta em si mesma, em vez de ser uma consequência direta fruto de uma vida bem vivida, ou pelo menos bem definida.

O vínculo direto entre se obrigar a ser feliz e a depressão se deve à forma como nos acostumamos a reprimir nossos sentimentos e a procurar não exibir a própria vulnerabilidade de forma alguma.

Todos merecemos explorar ao máximo nossas capacidades e tirar proveito de cada oportunidade para ser feliz. Contudo, as dificuldades e os maus momentos são parte do caminho, e negar-se a experiência pode ser até mais prejudicial do que aceitá-la.

As emoções negativas podem ser necessárias para estabelecer um período de transição entre um estímulo negativo externo e uma recuperação emocional saudável. Estas emoções provocam baixas de energia que nos estimulam à reflexão. É bom lembrar que as emoções negativas também têm a sua função. Por exemplo, diante da morte de um ser querido é saudável sentir dor ou tristeza como trampolim para superar essa situação.

Mulher em depressão

“A depressão é uma prisão na qual você é tanto o prisioneiro quanto o cruel carcereiro.”
-Dorthy Rowe-

A felicidade poderia estar nas segundas-feiras

A qualidade de vida não depende somente da felicidade, mas também do que a gente faz para ser feliz. Se não forem criadas metas que deem sentido à própria existência, se não usarmos a mente a pleno rendimento, então os bons sentimentos só inspirarão uma minúscula fração do potencial que possuímos.

Após décadas estudando os estados nos quais as pessoas alcançam o seu máximo potencial, as pesquisas de Mihaly Csikszentmihalyi apontam que as pessoas são mais felizes quando alcançam um estado de alta concentração, ao qual o autor chamou de “fluxo”.

Este autor, doutor em neurociência da Universidade de Stanford, detectou um paradoxo: o trabalho é mais propicio que o ócio para alcançar o que ele chama de estado de fluxo, algo que poderia ser interpretado como a felicidade. A chave está em que, para muitas pessoas, o ócio é um tempo morto, e o trabalho, justo o contrário. Ter objetivos claros, poder administrá-los e receber um feedback é fundamental para fluir.

Felicidade e prazer

“A felicidade humana geralmente não se alcança com grandes golpes de sorte, que podem acontecer poucas vezes, mas sim com pequenas coisas que acontecem todos os dias.”
-Benjamin Franklin-


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