Os opostos não se atraem por muito tempo

Os opostos não se atraem por muito tempo
Alicia Escaño Hidalgo

Escrito e verificado por a psicóloga Alicia Escaño Hidalgo.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Existe uma falsa crença por aí que diz que os opostos se atraem, ou que os casais diferentes são os que dão certo e se complementam. O que falta em mim, você complementa e vice-versa.

É verdade que o que percebemos como novidade ou diferente pode nos atrair muito num primeiro momento, porque os seres humanos costumam ser muito curiosos, mas daí a um relacionamento amoroso entre duas pessoas muito diferentes funcionar, há um mundo… Ainda assim, nunca podemos dizer que é impossível.

Se prestarmos atenção, quando escolhemos nossos amigos quase sempre tendemos a nos aproximar de pessoas que compartilham, mais ou menos, nossos mesmos interesses e objetivos, que têm sonhos e gostos muito parecidos com os nossos, e é isso que faz com que o vínculo se mantenha com o tempo.

As relações amorosas não se distanciam muito da amizade. Pessoalmente, eu acho que os casais devem ser, além de amantes, muito amigos. Em primeiro lugar, porque isso fará com que desfrutem muito mais da vida juntos e a relação vai enriquecer muito; em segundo lugar, porque depois de passado o tempo limitado de paixão do princípio, a amizade que os une fortalecerá a relação e fará com que seja mais duradoura.

Se as pessoas não se parecem em nada, quando acabar o período de atração e loucura do começo, acabarão se entediando um com o outro e cairão em uma monotonia insuportável.

Os opostos se atraem?

Atração só a curto prazo

É verdade que ter uma pessoa diferente ao nosso lado pode contribuir e ensinar algumas coisas, mas chegará um ponto em que haverá mais debates e discussões do que qualquer outra coisa e, inevitavelmente, a relação acabará se desgastando com o tempo, pela grande quantidade de diferenças que aparecerão.

Principalmente se as diferenças forem em valores, interesses e objetivos vitais, a relação estará destinada ao fracasso, a não ser que um dos membros se ame tão pouco que se torne dependente do outro e mude seus próprios valores, gostos e preferências para se transformar em uma cópia da outra pessoa. E, infelizmente, isto é mais comum do que pensamos.

As pessoas com baixa autoestima costumam se atrair por outras pessoas que não têm nada a ver com elas, pela falsa crença de que o outro precisa complementá-la, quando, na realidade, todos somos seres humanos completos e não precisamos que ninguém nos dê nada.

Que problemas podem surgir entre indivíduos tão opostos?

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  • Problemas de empatia: É muito mais difícil empatizar com pessoas muito diferentes do que fazê-lo com pessoas parecidas. Tentar entrar na cabeça de alguém com quem não estamos absolutamente de acordo é complicado e, muitas vezes, frustrante. Evidentemente, isso traz muitas complicações para o parceiro, já que compreender o outro é fundamental para lidar com relações de todo tipo.
  • Problemas de convivência: Se uma pessoa é organizada e metódica e a outra é caótica e desorganizada, mais cedo ou mais tarde vai aparecer um problema. Talvez no começo seja engraçado e brinquemos com o tema, mas no fim das contas a convivência se verá interferida por isso. O mesmo acontecerá com casais que têm interesses diferentes.

Isso não quer dizer que não seja sumamente importante que cada membro tenha seu próprio espaço e faça coisas além da relação. Este hábito é saudável e bom para o relacionamento, mas como em tudo, sempre deve haver um limite.

  • Tédio: Logicamente, se nós não nos parecermos em nada, acabaremos entediados um com o outro, pois será difícil compartilhar gostos, vontades, músicas, livros, filmes… não passaremos um bom tempo juntos. Chegará um momento no qual não teremos sequer assunto para conversar, não saberemos sobre o que falar com a outra pessoa.
  • Individualidade: Muito próximo do que falamos sobre o tédio. De fato, é a sua consequência. Ao final, a relação acabará sendo tão entediante e carente de interesse que optaremos por fazer nosso próprio caminho de forma individual, ou nos aproximaremos de outras pessoas que se parecem conosco, com as quais poderemos nos divertir compartilhando coisas que nos satisfazem ou nos fazem felizes.
  • Educação dos filhos: Como é possível educar os filhos de forma saudável se o casal é formado por duas pessoas diferentes em valores e em educação? Essa educação acabará em fracasso. Pode gerar muitíssimas discussões, já que cada membro tentará convencer o outro de como é a melhor maneira de fazê-lo e, como consequência, confundirão os filhos.

Portanto, as pessoas diferentes podem se atrair em um primeiro momento, pela novidade, que é um afrodisíaco muito potente, mas a longo prazo, estudos demonstra m que casais formados por pessoas opostas acabam terminando, porque surgem mais problemas do que benefícios.

Créditos da imagem: Anita Mejía


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