Os 4 estilos de vida, de acordo com Alfred Adler

Qual é o seu estilo de vida? O psicólogo Alfred Adler definiu quatro tipologias, das quais três não são saudáveis nem nos permitem construir uma existência feliz e significativa.
Os 4 estilos de vida, de acordo com Alfred Adler
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 18 maio, 2023

Os estilos de vida segundo Alfred Adler estão ligados à nossa personalidade e também às constelações familiares. A maneira como fomos criados e o relacionamento que tivemos com nossas figuras de apego moldam, em parte, a maneira como sentimos, nos relacionamos e processamos a realidade.

Alguns farão isso com um estilo mais saudável e outros levarão a comportamentos problemáticos. Pois bem, algo que esse famoso médico e psicoterapeuta austríaco, criador da psicologia individual, apontava, é que as pessoas não são tão influenciadas pelas experiências passadas quanto pensamos. A verdade é que somos mais influenciados pela forma como interpretamos a nossa realidade.

Isso explica por que, às vezes, dois irmãos que tiveram os mesmos pais agem e constroem um tipo de existência tão diferente um do outro. Segundo Adler, nosso estilo de vida é uma força criativa com a qual tentamos superar nossas deficiências, nos expressando, tomando novas decisões e também valorizando o que precisamos.

É uma construção psicológica complexa, mas muito interessante e que vale a pena aprofundar devido à sua perspectiva. Nós o analisamos.

“O indivíduo que não está interessado em seu semelhante é aquele que tem as maiores dificuldades na vida e aquele que causa o maior dano aos outros.”

-Alfred Adler-

menina pensando em estilos de vida, de acordo com Alfred Adler
As pessoas, segundo Adler, devem propor um objetivo imaginário, o que ele chamaria de finalismo fictício.

Estilos de vida, segundo Alfred Adler: qual é o seu?

É interessante saber que a primeira figura interessada em compreender os estilos de vida do ser humano foi Alfred Adler. É verdade que Carl Jung já usava esse termo em 1912, relacionando-o também à personalidade. No entanto, ele não se aprofundou muito no assunto. Foi Adler quem realizou uma investigação detalhada para formular mais de uma teoria, mais de uma perspectiva inovadora.

Igualmente, destacam-se os métodos que ele usou. Ele usou uma abordagem holística para o estudo da personalidade, observando as pessoas em seus contextos sociais usuais e aplicando perspectivas filosóficas interessantes. Um deles foi o ficcionalismo de Hans Vaihinger, que valorizava as construções mentais ou a forma como os indivíduos interpretam o mundo.

Por outro lado, um componente que foi fundamental para todo o tecido teórico e a perspectiva adleriana foi o sentimento de inferioridade. Segundo ele, é justamente esse sentimento de falta, insignificância e fragilidade que nos impele a melhorar a nós mesmos. Dessa forma, para alcançar a realização pessoal, o que devemos fazer é buscar objetivos e ideais -Adler chamou de finalismo fictício-.

É a partir desses objetivos e ideais que construímos nossos estilos de vida. E tome cuidado, pois nem todos são positivos ou recomendados. Dos 4 estilos de vida, segundo Alfred Adler, apenas um é saudável.

A tipologia governante: viver do egoísmo

O estilo de governar tem como origem uma personalidade agressiva, egoísta e dominante. É um modo de vida que se alimenta exclusivamente do sentimento de insignificância e a partir dele reage com hostilidade. Longe de superar essa dimensão, ela estagna, o que por sua vez se traduz em ressentimento, desconfiança e necessidade de ter controle sobre os outros para que eles satisfaçam o que não se pode prover a si mesmo.

Como o próprio Alfred Adler alertou, a pessoa que não se interessa pelos outros é aquela que encontra as maiores dificuldades em seu futuro. Sua maneira de viver, pensar, se relacionar e se comportar é sempre problemática. Muitas vezes até patológico (narcisismo, agressividade, etc.).

A tipologia receptora: existir a partir da carência

Entre os estilos de vida, segundo Alfred Adler, destaca-se o perfil receptor. Em que consiste? Esses indivíduos orquestram toda a sua existência e comportamento em uma direção: obter reforços dos outros. A pessoa receptora também não superou o sentimento de inferioridade e, portanto, recai em relações de dependência e submissão absoluta.

Viver da carência é existir desde a falta de autoconceito, da ausência de valores e de um amor-próprio inexistente. Esse estilo de existência pode levar a pessoa a situações de grande vulnerabilidade e infelicidade.

“Cada indivíduo age e sofre de acordo com sua teleologia peculiar, que tem toda a inevitabilidade do destino, enquanto não a compreenda.”

Alfred Adler

A tipologia evitativa: brincando de escapista

Há quem fuja de toda responsabilidade, evite problemas e não consiga manter qualquer relacionamento. Os evitativos são indivíduos infantis que buscam uma vida fácil, gratificação imediata e se alimentam do lúdico para fugir e nunca ter que colocar os pés no chão. Melhor estar nas nuvens do que assumir o controle da realidade.

Esse estilo de vida é caótico em todas as esferas, tanto social, profissional e pessoal. São instáveis, pouco pensativos e costumam agir por mero impulso. Esses tipos de pessoas carecem de qualquer indício de força criativa, limitam-se exclusivamente a buscar reforços e iludir qualquer dever ou propósito específico pelo qual trabalhar e se esforçar.

menina pensando em estilos de vida, de acordo com Alfred Adler
Um estilo de vida socialmente útil é aquele que abandona o egoísmo para se conectar com os outros.

O tipo socialmente útil: pessoas com interesses e responsabilidades sociais

O último dos estilos de vida define a tipologia mais saudável, completa e feliz. Indivíduos socialmente úteis são aqueles que trabalham todos os dias para melhorar a si mesmos, superar seus medos, aumentar suas forças e desativar o egoísmo. Só então eles podem se conectar com os outros de forma autêntica.

No momento em que nos sentimos úteis e valiosos na sociedade, descobrimos nosso lugar no mundo. E isso implica traçar metas no horizonte, ter expectativas e desenvolver uma mente capaz de interpretar cada experiência de forma útil e positiva. Porque além do que nos acontece, importa como valorizamos o que nos acontece.

É importante lembrar que um dos propósitos da psicoterapia adleriana era dar à pessoa uma abordagem mais criativa e menos arcaica e primitiva da vida. Em outras palavras, quem permanece preso em seu sentimento de inferioridade e carência responderá ao seu entorno de maneira desadaptativa. Seja de forma hostil, dependente ou evasiva.

No entanto, as pessoas socialmente úteis são as que farão o mundo progredir. Algo muito bonito que Adler nos explicou em O Sentido da Vida é que ninguém é o único habitante da Terra. Além disso, este planeta possui recursos limitados. Procuremos levar um estilo de existência que respeite e leve em consideração essas duas questões inegáveis.


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  • Adler, Alfred (1973) El sentido de la vida. Paidós.
  • Adler, Alfred (2014) Comprender la vida. Paidós
  • Bishop, Malachy L. & Rule, Warren L. (2005). Adlerian Lifestyle Counseling: Practice and Research. New York: Routledge.

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