Paralisia do sono, uma experiência aterrorizante
Antes de explicar a paralisia do sono, ao questionarmos o que é o sono, como definiríamos esse fenômeno? Não é fácil responder a essa pergunta, pelo menos do ponto de vista não acadêmico. Mesmo assim, podemos dizer que o sono é uma função fisiológica fundamental.
Desse modo, o sono é definido como “um estado funcional, reversível e cíclico, com algumas manifestações características, como uma imobilidade relativa e/ou o aumento do limite de resposta a estímulos externos. A nível orgânico se produzem variações nos parâmetros biológicos, acompanhados por uma modificação da atividade mental que caracteriza o ato de sonhar” (Buela-Casar, 1990a).
Durante o sono acontecem grandes modificações no funcionamento do organismo, que incluem mudanças na pressão arterial, na frequência cardíaca e respiratória, na temperatura corporal e na secreção hormonal, entre outras. Além disso, observou-se que existe um grande número de variáveis, tanto físicas quanto comportamentais, que são as grandes responsáveis por muitos transtornos do sono.
Os transtornos do sono
A classificação internacional dos transtornos do sono inclui quatro categorias (Buela-Casar, 1990a):
- Dissonias: transtorno de início e manutenção do sono, sonolência excessiva e transtornos do sono associados ao ritmo circadiano.
- Parassonias: transtornos ao acordar, na associação de sono-vigília e os transtornos associados ao sono dos movimentos oculares rápidos (REM)
- Transtornos associados a alterações médicas ou psiquiátricas.
- Outros possíveis transtornos sobre os quais ainda não se possui suficiente informações para serem considerados específicos do sono.
Neste artigo, vamos dar atenção a um tipo de parassonia: a paralisia do sono.
O que é a paralisia do sono?
Os eventos paranormais que algumas pessoas garantem ter passado (ataques diabólicos, visitas de espíritos e sequestros realizados por extraterrestres, entre outros) provavelmente escondem episódios da chamada paralisia do sono.
A paralisia do sono poderia explicar os relatos sobre fantasmas e extraterrestres, pois durante o ataque as vítimas percebem com muita intensidade essa presença, habitualmente nociva. Além disso, têm sensações cinéticas inusitadas como: ser arrastado para fora da cama, balançar, voar ou cair.
Esses episódios podem conduzir a experiências extracorporais em toda a sua extensão. A paralisia do sono talvez aterrisse, mas nunca será perigosa. Felizmente, os seus episódios duram poucos segundos.
No entanto, esses eventos não têm nada de paranormais. A paralisia do sono é uma inabilidade temporária para realizar qualquer tipo de movimento voluntário que acontece durante o período de transição entre o estado de sono e a vigília.
Pode acontecer no momento de começar a adormecer ou na hora de acordar e costuma estar acompanhada de uma grande sensação de angústia. Esse sentimento com frequência dura entre um e três minutos, depois dos quais a paralisia acaba espontaneamente. A paralisia costuma desaparecer de forma automática se a pessoa é tocada ou sacudida. Apesar do indivíduo afetado não poder se mover, ele é capaz de ver e escutar com normalidade. Inclusive, em alguns casos pode também emitir sons.
Como vemos, um episódio de paralisia do sono é aterrorizante para a pessoa que sofre da doença e geralmente é lembrado com grande dose de ansiedade.
“A paralisia do sono é uma inabilidade temporária para realizar qualquer tipo de movimento voluntário que acontece durante o período de transição entre o estado de sono e a vigília”.
Sintomas da paralisia do sono
São vários os sintomas que acontecem durante esses episódios, a maioria deles são horríveis para os indivíduos que sofrem com a doença:
- Alucinações visuais: existem pessoas que dizem ter visto alguém dentro do quarto onde dormem, apesar de não serem capazes de reconhecê-lo. Essa presença costuma ser sentida na periferia do campo de visão ou camuflada nas sombras do quarto.
- Alucinações auditivas: habitualmente são percebidos sons essenciais, mecânicos e intensos, como zumbidos, ruídos, sussurros, rugidos, badaladas, golpes, vibrações, assobios, gritos ou gemidos. Em outros casos são sons identificáveis, como o toque do telefone, sirenes, ferramentas, motor elétrico, batidas na porta, o ruído de arrastar móveis, vidros ou louças quebrando, música estranha, etc.
- Dificuldades respiratórias: as pessoas que sofrem de paralisia do sono podem sentir pressão no peito, dificuldade para respirar ou asfixia. Estes sintomas provocam grande angústia e pânico porque existe o medo de morrer asfixiado.
- Sensação de presenças: a pessoa pode experimentar a sensação de que na casa onde mora existem “presenças” estranhas. Ela pode inclusive notar como a presença se move, entra no quarto e se aproxima da cama. Algumas pessoas relatam que sentem como se estivessem sendo observadas, mas não sabem de onde.
Por que isso acontece?
A paralisia do sono está ligada, em algumas ocasiões, a outros transtornos como a apneia do sono e, principalmente, a narcolepsia. No entanto, ocorre normalmente de forma isolada, quando a pessoa está sofrendo de um momento de forte estresse ou pressão.
O que acontece é que no momento de ir dormir existem alguns circuitos de neurônios que continuam muito excitados devido ao estresse. Então ocorrem pesadelos e a pessoa acorda de repente. No entanto, o organismo não reage tão rapidamente porque se encontra na fase REM e, portanto, os músculos estão sem tônus. Esse é o motivo pelo qual a pessoa não pode se mover, apesar de estar consciente do que acontece ao seu redor.
Se alguma vez você sofreu algum episódio desse tipo, não se preocupe, não está acontecendo nada estranho. É importante que você não se assuste, o que não é nada fácil. Quando você se lembrar do episódio, repita para si mesmo que aquilo foi apenas um sonho ruim, algo parecido com um pesadelo, só que com os olhos abertos. Isso proporcionará tranquilidade.
Bibliografia
• Chóliz, M. (1994). Cómo vencer el insomnio. Madrid: Pirámide.
• Buela-Casal, G. (2002). Transtornos del sueño. Madrid: Síntesis.
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Chóliz, M. (1994). Cómo vencer el insomnio. Madrid: Pirámide.
Buela-Casal, G. (2002). Trastornos del sueño. Madrid: Síntesis.