Paratimia: definição, sintomas e distúrbios associados

A paratimia é um transtorno afetivo em que a expressão afetiva apresentada não está relacionada ao contexto em que a pessoa se encontra.
Paratimia: definição, sintomas e distúrbios associados

Última atualização: 08 agosto, 2021

O termo paratimia parece familiar para você? Trata-se de um distúrbio da afetividade caracterizado por uma inadequação ou discordância entre os afetos e emoções e o contexto. Também engloba as situações ou manifestações em que a expressão emocional é incompatível (ou incongruente) com a expressão verbal do paciente.

Neste artigo, aprenderemos um pouco mais sobre esse transtorno, suas características, exemplos, diferenças em relação a outros transtornos afetivos e casos nos quais ele aparece com mais frequência. Além disso, explicaremos em que consiste a psicopatologia da afetividade. Não perca!

A psicopatologia da afetividade

Pode ser difícil conviver com a paratimia

A paratimia é um transtorno afetivo que explicaremos em detalhes mais adiante. Antes, vamos definir o que é a psicopatologia da afetividade.

Este é um campo muito específico da psicologia que trata de estudar e descrever transtornos ou alterações da afetividade, ou seja, tudo que estaria longe do “normal” em termos de afetos, sentimentos e emoções.

Por sua vez, a afetividade pode ser definida como o conjunto de estados e tendências que uma pessoa vivencia de maneira própria e imediata. Abrange todas as experiências que definem e limitam a vida emocional da pessoa, e transcende a personalidade e o comportamento.

Como podemos ver, é um fenômeno de natureza subjetiva e idiossincrática. Mas e a paratimia?

O que é a paratimia?

A paratimia é um transtorno afetivo caracterizado pela inadequação da expressão emocional no contexto (ou situação) em que a pessoa se encontra. Em outras palavras: na paratimia, o afeto que é mostrado externamente é incongruente com o contexto ou ambiente em que ocorre.

Também falamos em paratimia quando a expressão mímica da pessoa não corresponde ao sentimento que ela expressa externamente (por exemplo, quando alguém nos diz que está sofrendo muito enquanto sorri). A paratimia recebeu outros nomes, como afeto impróprio ou inadequação afetiva.

Um exemplo muito ilustrativo de paratimia seria rir alto em um funeral, ou chorar de tristeza ao ouvir uma boa notícia. Por outro lado, uma pessoa que sofre de paratimia tende a manifestar reações que não correspondem naturalmente ao conteúdo das suas experiências.

A inadequação da paratimia

Como vimos, na paratimia há uma inadequação, seja entre a expressão emocional (por exemplo, chorar) e o contexto (em uma festa), ou entre a expressão emocional e gestual (risos) e o que o paciente verbaliza (diz que está muito triste )

Além disso, essa inadequação pode se referir tanto ao significado quanto à intensidade do componente afetivo que acompanha a experiência (ou seja, quando essa intensidade é excessiva ou menor do que o “esperado”).

A quais distúrbios a paratimia está associada?

Embora seja verdade que uma pessoa pode sofrer de paratimia isoladamente (ou seja, sem ter outro transtorno mental subjacente), esse transtorno afetivo é observado, sobretudo, em alguns distúrbios mentais ou médicos. Quais são eles?

Esquizofrenia

O psiquiatra suíço Eugen Bleuler (1857 – 1939) classificou a paratimia como um dos sintomas fundamentais da esquizofrenia .

Os outros sintomas que considerou fundamentais neste transtorno foram o relaxamento das associações de pensamento (incoerência), a alteração da experiência subjetiva da personalidade (despersonalização), o autismo e a ambivalência afetiva, intelectual ou de vontade.

Além disso, a paratimia ocorre especialmente em casos de esquizofrenia com sintomas negativos. Segundo o Dr. Tomás Rodelgo, quando a paratimia ocorre em pessoas com esquizofrenia, elas podem se comportar de maneira “boba” ou com uma alegria infantil particular.

Psicose maníaco-depressiva

Outro distúrbio no qual a paratimia geralmente aparece é a psicose maníaco-depressiva. O termo foi criado por Emile Kraepelin, que o incluiu na 6ª edição de seu livro Psiquiatria (1896). Consiste em um transtorno do espectro psicótico no qual aparecem episódios psicóticos que ocorrem com manifestações depressivas e maníacas.

Seu curso não vai se deteriorando (ao contrário do curso da esquizofrenia). Hoje, o termo está obsoleto e o nome “transtorno bipolar” é usado.

As síndromes orgânico-cerebrais

Nas síndromes orgânico-cerebrais, a paratimia também pode (e costuma) aparecer. Este termo se refere à alteração da função mental devido a uma doença não psiquiátrica. Suas causas mais frequentes são intoxicação ou overdose de qualquer substância (drogas), demências, infecções, etc.

Depressão ou mania

A paratimia pode aparecer em vários contextos depressivos

Embora seja muito menos comum, a paratimia também pode aparecer em transtornos depressivos ou maníacos. A esse transtorno de afetividade seriam adicionados vários outros sintomas em ambos os casos.

No caso da depressão, encontramos outros sintomas associados além da paratimia (que é muito menos típica), como tristeza profunda, culpa, fadiga, insônia (ou hipersonia), falta ou excesso de apetite, etc.

No caso da mania (episódio maníaco), encontramos fuga de ideias, distração, diminuição da necessidade de sono, linguagem verbal, agitação psicomotora, etc.

Diferenças em relação a outros transtornos afetivos

Não devemos confundir paratimia com outros transtornos afetivos. Reunimos apenas aqueles que podem causar mais confusão:

  • Labilidade emocional: neste caso, ocorrem mudanças repentinas no afeto e não há controle das emoções.
  • Ambivalência afetiva: emoções opostas são experimentadas simultaneamente sobre o mesmo objeto ou situação.
  • Rigidez afetiva: aqui há uma perda da capacidade de regular e adaptar as emoções ao contexto.
  • Neotimia: esse distúrbio envolve o surgimento de um novo sentimento, difícil de reconhecer porque nunca havia sido experimentado antes.

“Cuide das suas próprias emoções e nunca as subestime.”
-Robert Henri-

A paratimia é uma doença que deve ser tratada, idealmente, a partir de uma perspectiva multidisciplinar (incluindo psiquiatria e psicologia).

Conhecer suas causas, os fatores que a sustentam e seu impacto na vida do paciente é fundamental para tratá-la e melhorar o bem-estar da pessoa. Como sempre, deve-se conhecer sua realidade global e o contexto em que surge essa alteração afetiva.


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  • Belloch, A., Sandín, B. y Ramos, F. (2010). Manual de Psicopatología. Volumen II. Madrid: McGraw-Hill.

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