Pathos, ethos e logos: a retórica de Aristóteles

Pathos, ethos e logos: a retórica de Aristóteles
Roberto Muelas Lobato

Escrito e verificado por o psicólogo Roberto Muelas Lobato.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Quando apresentamos nossos argumentos, sejam orais ou escritos, tentamos ser persuasivos. O público deve entender o nosso ponto de vista, mesmo antes de aceitar os nossos argumentos. É nisso que consiste a retórica, fazer com que os outros aceitem o nosso ponto de vista. E quem melhor para explicar a retórica do que Aristóteles? Os estudos do aluno de Platão se concentraram na retórica. Assim, a retórica de Aristóteles consiste em três aspectos fundamentais: pathos, ethos e logos.

Na retórica de Aristóteles, pathos, ethos e logos são os três pilares fundamentais. Ethos apela para ética, pathos ao sentimento ou às emoções, e logos para a lógica.  Atualmente, esses três aspectos são considerados formas diferentes de convencer um público sobre determinado tema, crença ou conclusão. Embora cada aspecto seja diferente dos outros, conhecer os três nos ajudará a envolver o público ao qual nos dirigimos.

Pathos, ethos e logos

O pathos de Aristóteles

Pathos significa “sofrimento e experiência”. Na retórica de Aristóteles, isso se traduz na habilidade do orador ou escritor de provocar emoções e sentimentos no seu público. Pathos está associado à emoção, refere-se ao apelo ao lado emocional do público-alvo. Em suma, pathos busca ter empatia com o público. Quando o orador utiliza os seus valores, as suas crenças e compreensão, comove a plateia e se comunica com ela através de uma história.

Amigos conversando

Pathos é muito usado quando os argumentos que serão expostos são muito controversos. Como esses argumentos geralmente precisam de lógica, o sucesso residirá na capacidade de empatizar com o público. Por exemplo, em uma discussão para proibir legalmente o aborto, podemos descrever os bebês como seres frágeis e inocentes para evocar tristeza e preocupação por parte do público.

O ethos de Aristóteles

O segundo aspecto, ethos, significa caráter e vem da palavra ethikos, que significa moral e personalidade moral. Para os oradores e escritores, ethos é formado pela sua credibilidade e identificação com o público. O orador deve ser confiável e respeitado como um especialista no assunto analisado. Para que os argumentos sejam eficazes, não é suficiente fazer um raciocínio lógico. O conteúdo também deve ser apresentado de forma eficiente para se tornar confiável.

De acordo com a retórica de Aristóteles, ethos é particularmente importante para criar interesse no público. O tom e o estilo da mensagem serão fundamentais para isso. Além disso, é a forma como o orador convence o público de que está qualificado para falar sobre o assunto, como o seu caráter ou autoridade podem influenciar a audiência independentemente da mensagem. Por exemplo, falar para uma audiência como um igual, em vez de personagens passivos, aumenta a probabilidade das pessoas se envolverem e escutarem ativamente os seus argumentos.

O logos de Aristóteles

Logos significa palavra, discurso ou razão. É o uso da razão e do raciocínio, seja indutivo ou dedutivo, para a construção de um argumento. Na persuasão, logos é o raciocínio lógico por trás das declarações do orador. Logos se refere a qualquer tentativa de apelar ao intelecto, a argumentos lógicos.

O raciocínio dedutivo argumenta que “se A é verdadeiro e B é verdadeiro, a intersecção entre A e B também deve ser verdadeira”. Por exemplo, no argumento “mulheres gostam de laranjas” seria verdadeiro “mulheres gostam de frutas” porque “laranjas são frutas”. O raciocínio indutivo também usa premissas, mas a conclusão é apenas uma expectativa e pode não ser necessariamente verdadeira por causa de sua natureza subjetiva. Por exemplo, as frases “Pedro gosta de comédia” e “este filme é uma comédia” podem concluir que “Pedro vai gostar deste filme”.

Falar em público

A retórica de Aristóteles

Na retórica de Aristóteles, logos era a sua técnica argumentativa preferida. No entanto, no dia a dia os argumentos cotidianos dependem mais de pathos e de ethos. A combinação dos três é usada para tornar os ensaios mais persuasivos e é o centro da estratégia nas equipes de discussão. As pessoas que os dominam têm a capacidade de convencer os outros a realizarem uma determinada ação ou a comprarem um produto ou serviço.

Mesmo assim, atualmente pathos parece ter uma influência maior. Os discursos populistas, que procuram emocionar em vez de fornecer argumentos lógicos, parecem ter um significado maior. O mesmo vale para as notícias falsas ou fake news. Algumas carecem de lógica, mas o público as aceita por causa da sua grande capacidade de empatia. Estar ciente dessas três estratégias da retórica de Aristóteles pode nos ajudar a entender melhor aquelas mensagens que tentam nos persuadir através de mentiras.


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  • Aristóteles (2006) Del sentido y lo Sensible de la Memoria y El Recuerdo Tapa.  Createspace Independent 
  • Aristóteles (2014) Ética a Nicómaco. Alianza Editorial

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