“Penso, logo existo”: o que significa essa frase de Descartes?

“Penso, logo existo” é a primeira certeza verdadeira que René Descartes descobre na sua investigação filosófica. Descubra o que ele quer dizer com essa reflexão.
“Penso, logo existo”: o que significa essa frase de Descartes?

Última atualização: 06 fevereiro, 2024

Para nós, talvez pareça óbvio sermos seres racionais, com capacidade de pensar o mundo que nos rodeia. Porém, dizemos isso com toda a bagagem cultural que nos precede. Houve um tempo em que não era assim, e é nesse momento que surge a figura de René Descartes. Ele é creditado com uma descoberta notável resumida na frase: “Penso, logo existo”.

Neste artigo, exploraremos o significado dessa descoberta e a doutrina por trás desse intelectual, considerado um dos mais importantes filósofos do século XVII. Vamos começar!

Contexto da filosofia de René Descartes

René Descartes foi um renomado filósofo e físico de grande importância para o desenvolvimento do racionalismo. Essa corrente pressupõe que o ser humano tem a capacidade de saber através da razão. A relevância de seu trabalho reside no fato de ser um dos primeiros a construir as bases e regras para alcançar um conhecimento seguro e verdadeiro.

Em primeiro lugar, Descartes procura emancipar o sujeito das amarras do conhecimento dogmático. Isso significa que as fontes de conhecimento devem vir de nós mesmos e não da religião ou de uma filosofia construída sobre bases frágeis.

Por outro lado, ele quer encontrar esse caminho seguro para o desenvolvimento da filosofia em particular e da ciência em geral. Assim, em seus diversos livros ele se propõe a construir as bases de uma nova filosofia racionalista. Podemos citar as seguintes obras mais notáveis desse filósofo:

  • Regras para a direção do espírito (1628)
  • Discurso sobre o Método (1637)
  • Meditações Metafísicas (1641)
  • Princípios de Filosofia (1644)
  • As paixões da alma (1649)

Neste artigo, nos concentraremos em Discurso do Método e Meditações Metafísicas. Isso porque é nessas obras que aparece a famosa frase: “Penso, logo existo”.



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Significado da frase “Penso, logo existo”

A formulação original da frase “Penso, logo existo” é escrita em latim como cogito ergo sum. Significa que no mesmo ato de pensar pode-se conceber a própria existência. Ou seja, a reflexão considera que ser e existir se identificam mutuamente e um não pode existir sem o outro.

Para interpretar a frase como um todo, é aconselhável desmontá-la em partes. Dessa forma, a palavra cogito é o ato de pensar. Por sua vez, ergo significa mais tarde, embora não seja interpretado como advérbio de tempo, e sim como uma experiência simultânea. Por fim, sum significa ser.

“Tendo notado que na proposição ‘Penso, logo existo’ não há nada que me garanta que estou dizendo a verdade, mas vejo muito claramente que para pensar é necessário ser”.[/atomik -quote]

Como afirma um artigo da revista Studium, Descartes intui uma existência concreta ligada ao ato de pensar. Ou seja, é uma experiência interna produto de um método filosófico rigoroso: a dúvida metódica.

Vale ressaltar que a frase aparece pela primeira vez em sua obra Discurso do Método, especificamente na quarta parte. Nela, o filósofo passa a fazer um resumo do que será posteriormente explicado com maior precisão em Meditações Metafísicas.

A dúvida metódica como ponto de partida para chegar ao cogito ergo sum

Descartes chega ao cogito ergo sum através da dúvida metódica. Mas em que consiste isso? É uma dúvida provisória e necessária para cumprir o objetivo filosófico que se propôs. Consiste em descobrir o caminho seguro para o desenvolvimento da filosofia e da ciência.

Essa dúvida se caracteriza por considerar falsas todas as nossas opiniões passadas, principalmente aquelas que vêm dos nossos sentidos. Além disso, o ato de duvidar representa a libertação dos laços do passado que restringiam a nossa consciência.

É importante destacar que Descartes considera a dúvida como um ato de pensamento. Nesse sentido, a dúvida é fonte para descobrir o cogito ergo sum, pois, ao duvidar, fazemos uso do nosso pensamento, reafirmando não só ele, mas também a nossa própria existência. Lembremos nesse ponto que o pensar e o existir estão conectados.

Dessa forma, com o cogito ergo sum um Eu duvidoso está assegurado. Surge do próprio ato de duvidar.

Clareza e distinção de “Penso, logo existo”

Uma das regras de pensamento mais importantes para Descartes é a clareza e a distinção. Além disso, é a primeira regra que o filósofo expõe em Discurso do Método. Seu aspecto fundamental é que representa um critério de verdade. Isso significa que tudo o que concebo como claro e distinto é, necessariamente, verdadeiro.

Dessa forma, essa clareza e distinção é uma intuição imediata que a nossa razão capta espontaneamente. Nesse aspecto, Descartes considera a intuição uma verdade absoluta.

A primeira intuição que ele descobre é “Penso, logo existo”. Assim, representa a primeira verdade absoluta que serve de modelo para encontrar as demais.

Antropologia filosófica de Descartes

Já neste ponto podemos dizer que Descartes define o ser humano como uma realidade pensante. Em latim, isso é conhecido como res cogitans. Assim, “Penso, logo existo” é uma intuição imediata que vê claramente que para pensar é necessário existir. Dessa forma, apreendemos nossa existência no próprio ato do pensamento.

Assim, o pensamento é, para esse filósofo, um atributo essencial do ser humano, até mesmo o mais importante. O mais notável disso é que não só define o ser humano, mas também que a sua evidência é tal que não pode ser questionada.

a importância da filosofia de Descartes

René Descartes é considerado o pai da modernidade, mas a influência do seu pensamento não se limita a isso. A este respeito, um artigo publicado pela revista CIENCIA ergo-sum analisa algumas questões relevantes a se considerar na filosofia cartesiana.

Em primeiro lugar, não há dúvida quanto à revolução da teoria cartesiana da razão autônoma. Ela é representada através da frase cogito ergo sum. Dessa forma, considera-se que deu origem à noção de eu, ou seja, uma subjetividade lançada ao mundo.

Além disso, introduz uma nova concepção do ser humano, definida através da sua atividade pensante. Essa ideia perdurará não apenas no desenvolvimento da filosofia posterior, mas também na própria ciência. Isso porque os cientistas começaram a abordar o mundo com uma visão tão pura quanto possível.



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Descartes: um filósofo revolucionário

A filosofia de René Descartes representou uma mudança radical na forma de pensar o ser humano e a ciência em geral. Nascido em 31 de março de 1596 em La Haye, em Touraine, França, seu objetivo filosófico era lançar as bases da ciência em geral e da filosofia em particular. Isso lhe rendeu a fama de ser um dos pensadores mais importantes do século XVII.

Com a formulação do cogito ergo sum, ele abriu um novo horizonte de pensamento que colocou a razão humana no seu centro. Não só isso, Descartes também desenvolveu sistematicamente um método com o qual se poderia esperar encontrar a verdade sem qualquer erro.


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