Existem verdades absolutas? Uma abordagem da natureza da realidade

O que é a verdade? Podemos dizer que existem verdades absolutas? O que isso tem a ver com a realidade? Aprenda as respostas a essas perguntas através deste artigo.
Existem verdades absolutas? Uma abordagem da natureza da realidade

Última atualização: 23 setembro, 2023

O conceito de verdade tem sido objeto de discussão desde a origem da filosofia. Sua consideração foi aperfeiçoada a ponto de se perguntar se existem verdades absolutas. Sem dúvida, esse tema nos leva a refletir sobre o tempo atual, em que a realidade pode se tornar problemática. Distinguir o que é real do que não é torna-se um imperativo.

Portanto, neste artigo vamos explorar a noção de verdade a partir de uma perspectiva filosófica, com foco nas verdades absolutas e sua relação com a realidade e a linguagem. Além disso, analisaremos a partir das contribuições da filosofia o fenômeno da realidade em relação ao conhecimento que podemos obter dela.

A verdade: o eterno problema filosófico

O conceito de verdade tem sido estudado por vários filósofos ao longo da história. Um deles foi Aristóteles, que sustentava que a verdade é uma correspondência entre nossas palavras e seu referente no mundo, ou seja, os objetos.

Nesse sentido, para o filósofo, a verdade é uma relação entre um termo e o objeto que ele designa na realidade, como indica um artigo de Ámbitos: Revista Internacional de Comunicación.

Tendo isso em mente, o filósofo da ciência Karl Popper retoma essa definição de verdade postulada por Aristóteles. Um artigo publicado pela revista ENDOXA sustenta que para esse filósofo as verdades absolutas são aquelas que independem do tempo e da opinião das pessoas. Dessa forma, elas são atemporais e não baseadas em crenças pessoais ou individuais.

Como Aristóteles, Popper também considera a verdade como uma correspondência entre a linguagem e o mundo.



O que chamamos de realidade?

A palavra “realidade” vem da palavra latina realitas, que se traduz como “qualidade das coisas verdadeiras”. Ou seja, designa tudo o que consideramos como concreto, aquilo de que temos experiência. Nesse aspecto, o real costuma ser identificado com a verdade. Dessa forma, tudo o que designamos como real é verdadeiro.

Porém, segundo Paloma Pérez-Ilzarbe (2005), professora do Departamento de Filosofia da Universidade de Navarra, a realidade está além de nós. Assim, as ferramentas que temos para acessá-la são limitadas.

Por um lado, temos a linguagem, que nos permite materializar e comunicar o que pensamos. Por outro, temos nossos esquemas de classificação mental que organizam os dados da realidade.

Nesse aspecto, e ao contrário da seção anterior, há uma inadequação da linguagem e do pensamento para expressar a realidade. Assim, parece que não existe tal correspondência entre mundo e linguagem. Para muitos pensadores, devemos reconhecer que nossas categorias para pensar sobre a realidade não são a própria realidade, e sim nossa interpretação.

Verdades absolutas e verdades relativas

Há um confronto entre verdades absolutas e verdades relativas. A causa disso está baseada no grau de conhecimento que o ser humano pode atingir em sua compreensão do mundo. E, portanto, as verdades que pode atingir.

A esse respeito, uma corrente de filosofia chamada materialismo sustenta que os objetos do mundo são externos ao homem. Consequentemente, podemos dar conta da existência de uma verdade absoluta independente do ser humano. Essa linha de pensamento indica que para saber usamos nossas sensações.

Dessa forma, há uma distinção entre verdades absolutas e verdades relativas, conforme expresso em um artigo publicado pela Revista Mexicana de Ciencias Políticas y Sociales. Assim, os detentores das verdades absolutas tomam parte da realidade e a transformam em uma verdade que não admite discussão. Por sua vez, os relativistas converteram a realidade objetiva em uma verdade relativa.

No entanto, destaca-se que ambas as concepções consideram a ideia como o elemento que determina a produção do conhecimento.

O paralelismo entre verdades absolutas e verdades eternas

Um paralelo é frequentemente feito entre verdades eternas e verdades absolutas. Segundo a Encyclopaedia Herder, as primeiras são atribuídas ao filósofo Agostinho de Hipona. Com esse termo, o filósofo designa aquelas verdades imutáveis, ou seja, que não mudam com o tempo. Da mesma forma, considera-as anteriores ao exercício da razão.

Mais precisamente, é uma justificativa em favor da existência de Deus. Por isso, não podem pertencer ao campo das ciências exatas, naturais, nem à história.

Em vez disso, as verdades absolutas estão relacionadas à reivindicação de conhecimento. Isso significa que o ser humano busca obter um conhecimento pleno e completo da realidade. Este é, na verdade, o objetivo perseguido pela ciência, pois em seu desenvolvimento contínuo podemos alcançar cada vez mais verdades.

Considerando o que foi dito, as verdades eternas são baseadas na religião, enquanto as verdades absolutas apontam mais para o conhecimento científico. No entanto, ambas são frequentemente tomadas de forma intercambiável.

O papel da sensibilidade na determinação da verdade

No entanto, não podemos deixar as questões relacionadas à verdade exclusivamente nas mãos da racionalidade. Como sustenta um artigo de Anagramas, o interesse humano em aceitar e apreender a verdade requer o cultivo da vontade.

A esse respeito, deve haver uma vontade, um desejo de aceitar as evidências empíricas e a coerência de que elas podem corresponder às nossas ideias. Tal vontade não é algo da ordem do racional, e sim da sensibilidade.

É a partir do conceito de intencionalidade que podemos determinar a existência da verdade. É um estado mental que tem a propriedade de dirigir ou representar eventos no mundo. Muito semelhante à definição que Aristóteles deu. Além disso, objetos que podem fazer representações também assumem essa qualidade, como um mapa que representa um país ou um estado.


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Em busca da verdade

Não podemos estabelecer com rigor uma resposta à questão da existência de verdades absolutas. No entanto, podemos estar cientes de nossas limitações para conhecer o mundo ao nosso redor. Ser crítico sobre o que nos dizem e o que percebemos pode ser uma forma de contribuir para a questão do que é real e do que não é.

Em última análise, a busca pela verdade e a compreensão da natureza da realidade são processos em constante evolução. A filosofia nos convida a explorar, questionar e repensar as concepções do mundo ao nosso redor. Ao fazer isso, nos aproximamos de uma compreensão mais profunda de nós mesmos e de nossa relação com o universo em que habitamos.


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