Há pessoas que não são pobres pela forma como vivem, mas pela forma como pensam

Há pessoas que não são pobres pela forma como vivem, mas pela forma como pensam

Última atualização: 13 janeiro, 2017

Sou dessas pessoas raras que pensam que a riqueza não é alcançada com nenhum bem material. Rico é quem investe no respeito, quem pratica a bondade sem olhar a quem. Milionários são os que contam com o respeito e o carinho dos seus amigos e familiares, porque a verdadeira abundância não está no dinheiro, mas na felicidade.

Há pessoas que, definitivamente, não são pobres pela forma como vivem, mas pela forma como pensam. Todos conhecemos alguma pessoa que passa pela vida com a cabeça bem erguida, exibindo o brilho exaltado de sua posição enquanto atende o mundo com a pátina da soberba. Em seus corações não existe empatia, em suas mentes não existe humildade nem proximidade, e o mais provável é que elas também não saibam o que realmente é felicidade.

Os pensamentos, valores e atitudes são os que formam a nossa verdadeira pele, essa que é vista do exterior e que nos identifica no tratamento diário. Quem entende de respeito destaca e consolida grandes vínculos, mas quem cultiva uma mente inflexível e rancorosa colhe desconfiança.

Há pessoas pobres muito ricas de coração e ricos muito pobres de afetos (e vice-versa). Vivemos, sem dúvida, em um mundo complexo e muitas vezes caótico onde somos obrigados a coabitar. Daí tiramos uma conclusão: valeria a pena investir mais esforços nesse mundo interior tão carente de nutrientes para conseguirmos um cenário mais respeitoso onde podemos crescer em harmonia.

Propomos que você reflita sobre isso.

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As vitórias alcançadas a partir do coração nos fazem ricos

Nos últimos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, houve uma cena que deu a volta ao mundo e comoveu a todos nós. Abbey D’Agostino, atleta dos Estados Unidos, e Nikki Hamblin, na Nova Zelândia, chocaram o mundo durante um momento da final de 5.000 metros. A norte-americana, como se soube depois, rompeu o menisco e o ligamento cruzado.

Após o acidente, a atleta da Nova Zelândia poderia ter simplesmente percorrido a distância que faltava para terminar a prova, mas ela não fez isso. Ela parou e decidiu ajudar a sua adversária, Abbey D’Agostino. No fim, as duas atletas percorreram os poucos metros que faltavam até o final em lágrimas, dor e muita emoção. Foi um ato altruísta cheio de esportividade, bondade e uma grandeza que emocionou a maior parte dos telespectadores.

Aquilo mereceu, sem dúvida, uma medalha de ouro. No entanto, ainda houve quem chegou a dizer que a atleta da Nova Zelândia não teria que ter parado. Que deveria ter recuperado o tempo perdido. É esmagador pensar que existem mentes que não são capazes de ter empatia com este tipo de ato. A magia do bem não é apenas um valor abstrato. É um ato instintivo que habita o nosso cérebro com uma finalidade muito concreta: garantir a sobrevivência da nossa espécie.

A cena de Nikki Hamblin ajudando a atleta Abbey D’Agostino demonstra como um ato de bondade consegue fazer com que duas pessoas cheguem à meta da vida delas. Não uma, mas ambas. Assim, além dessas estratégias evolucionistas onde apenas o mais forte sobrevive, há muito mais atos que são baseados na empatia e na colaboração em vez da depredação .

Ser pobre de mente e de coração é desperdiçar a vida

Além do que possa parecer, a pessoa pobre de mente e de coração não é tão abundante como nós pensamos. A espécie sobrevive, o mais forte pode ser, às vezes, o mais nobre, e o mal nem sempre triunfa. A maior parte de nós continua sendo reacionários diante das injustiças, diante dos egoísmos e das violações. Tudo isso nos demonstra por que atos como o dessas atletas chegam a todo o mundo com tanta força.

É como se essas cenas desintoxicassem nossos corações para nos fazer ver que a bondade, efetivamente, continua triunfando, e mais ainda: nos contagia: No entanto, é importante dizer que o pobre de mente e de coração nem sempre age com maldade. O que acontece, na verdade, é que há uma falta de receptividade e empatia. São corações incapazes de ver mais além do elegante ático do seu solitário mundo de egoísmos. É algo que temos que assumir. Não os podemos mudar, nem os convencer, muito menos brigar com eles.

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Trata-se de “ser e deixar ser”. Porque quem é pobre de mente, valores e afetos desperdiça a sua vida. É como um elemento estranho que no fim, no epílogo da sua vida, descobre a própria solidão. Envolto no véu da amargura, chega à sutil conclusão de que o mundo está contra ele. De que ninguém valoriza o que ele é e o que ele fez.

Embora, de certo modo, seja exatamente isso, a bondade sempre vence a indiferença e a deixa de lado. Talvez, e de certa forma, sejamos como esses bandos fascinantes de estorninhos que avançam na vida como em uma coreografia, sincronizados, como diria Carl Jung. Sabemos que fazer o bem é necessário para a nossa espécie e, por isso, continuamos a nos emocionar diante de um ato de altruísmo, respeito e amor.

Continuamos acreditando na nobreza do ser humano.

Imagens cortesia de Christine Ellger, Cathrin Welz-Stein.


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