Por que comemos mais quando estamos estressados?

Por que comemos mais quando estamos estressados? Esse tipo de apetite, ao contrário da fome orgânica, não surge do estômago, mas do cérebro. Descubra mais detalhes a seguir.
Por que comemos mais quando estamos estressados?
Marián Carrero Puerto

Escrito e verificado por a psicóloga Marián Carrero Puerto.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Por que comemos mais quando estamos estressados? A relação entre estresse e comida começou a ser estudada há muito tempo. Atualmente, o estresse afeta grande parte da população mundial, imersa em uma sociedade globalizada que exige cada vez mais pessoas capazes de enfrentar e resolver problemas profissionais, sociais e emocionais.

Foi Hans Selye quem, em 1926, definiu pela primeira vez o estresse como: “uma resposta inespecífica do corpo a qualquer demanda”. O corpo responde de maneira semelhante a qualquer evento que considere estressante, e essa reação é considerada inespecífica, seja qual for a fonte que o provoca.

Por esse motivo, quando há um acúmulo de tensão física ou psicológica, o corpo sofre uma série de mudanças a nível físico, biológico e hormonal.

Quase todos os nossos órgãos participam desse processo, incluindo cérebro, nervos, coração, digestão, função muscular, entre outros. Caracteriza-se por uma atividade excessiva nos sistemas nervoso central, simpático e parassimpático, endócrino e imunológico.

Entre as alterações fisiológicas mais importantes, podemos observar a secreção de hormônios, como adrenalina, noradrenalina e cortisol.

O que nos faz comer mais quando estamos estressados?

O que o estresse provoca em nós?

O estresse pode ser produzido por dois tipos de fatores: estímulos externos, que podem ser problemas financeiros, familiares, de trabalho, etc., e estímulos internos, como uma dor, uma doença, sentimentos de inferioridade ou problemas psicológicos.

O estresse prolongado afeta diretamente a nossa saúde, facilitando o aparecimento de determinadas patologias ou aumentando a probabilidade de surgirem comportamentos alimentares inadequados. Além disso, pode alterar os padrões de consumo, como o fato de comermos mais quando estamos estressados, questão que abordamos neste artigo.

“A ansiedade gera uma necessidade de incorporar substâncias que aumentem a serotonina ou outros neuromediadores para obter sensações compensatórias ao estresse, e essas substâncias geralmente são alimentos doces e gordurosos. Além disso, o estresse gera um aumento no cortisol, um hormônio que promove o acúmulo de gordura”.
-Javier Aranceta-

Por que comemos mais quando estamos estressados?

O estresse pode alterar o apetite e a fome. Às vezes, ocorre uma dissociação entre o apetite (sensação principalmente psíquica) e a fome (sensação basicamente orgânica).

O desejo de comer pode mudar por várias situações emocionais devido às variações químicas, vasculares e de impulso transmitidas ao mesencéfalo pelo cérebro e por outros órgãos do corpo.

Os hábitos alimentares guiados pelas emoções levam ao consumo de alimentos em resposta a estas, especialmente as negativas. Os hábitos mais comuns que podemos adquirir são:

  • Obsessão alimentar.
  • Uso da comida como recompensa.
  • Comer impulsivamente.
  • Continuar comendo apesar de se sentir cheio.
  • Flutuações de peso.
  • Não ser capaz de identificar o motivo pelo qual você come.
  • Falta de conexão entre os sinais psicológicos de fome e a saciedade.
  • Comer mais rápido do que o normal sem perceber.

Como o fato de que comemos mais quando estamos estressados nos afeta?

Algumas pessoas em situação de estresse costumam ingerir alimentos com um alto teor de açúcares, gorduras, calorias e sal. Além disso, elas os consomem em excesso, ou seja, comem mais quando estão estressadas.

Ter uma má alimentação pode trazer efeitos prejudiciais para a saúde, incluindo não apenas o sobrepeso e a obesidade, mas também o aumento do risco de desenvolver várias doenças, como:

  • Hipercolesterolemia.
  • Hipertensão.
  • Hipertrigliceridemia.
  • Derrame.
  • Doenças cardiovasculares.
  • Infarto agudo do miocardio.
  • Problemas musculares.
  • Disfunções respiratórias.
  • Aumento do risco de sofrer de determinados de câncer.
  • Diabetes.
  • Dificuldade para dormir.

“O estresse condiciona não apenas os hábitos alimentares, mas também o que há por trás: o processo metabólico nutricional, a situação de satisfação das necessidades nutricionais. As consequências podem ser diversas: um atraso na digestão, uma forma inadequada e disfuncional de metabolizar os alimentos, o que pode levar a distúrbios que podem se tornar crônicos e afetar a saúde da pessoa”.
-Juan José Díaz Franco-

Mulher comendo por ansiedade

Algumas pesquisas

Lattimore, P. e Caswell, em um estudo realizado na Universidade de Liverpool, explicam por que as pessoas que estão de dieta comem mais em situações estressantes. Os autores comentam o seguinte:

“Essas pessoas gastam tanta energia controlando seus sinais biológicos que ficam com poucos recursos para lidar com os problemas do dia a dia. Então, quando ficam estressadas, perdem o controle e acabam comendo. Além disso, estão tão acostumadas a descuidar do corpo que ignoram ou interpretam mal os sinais relacionados à luta ou à fuga”.

Em outra pesquisa da Universidade de Leeds, no Reino Unido, Laitinen J. e Sovio concluíram que a tensão nervosa produz mudanças prejudiciais na alimentação e provoca comportamentos alimentares não saudáveis. Nas palavras dos autores do estudo:

“As pessoas que correm maior risco de comer sob estresse são os comedores emocionais, que são mais vulneráveis ​​e tendem a recorrer à comida como uma fuga da autoconsciência. Quando se sentem ansiosos, emocionalmente ativados ou mal consigo mesmos, tentam evitar esses sentimentos negativos, concentrando sua atenção na comida”.


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  • Baratucci, Y. (2011). Estrés y alimentación.

  • Greeno CG &Wing RR (1994) Stress-induced eating. Psychological Bulletin 115: 444-464.

  • Laitinen J & Sovio U (2002) Stress-related eating and drinking behaviour and body mass index and predictors of this behaviour. Preventive Medicine 34: 29-39.

  • Lattimore P & Caswell N (2004) Differential effects of active and passive stress on food intake in restrained and unrestrained eaters. Appetite 42: 167-173.


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