Por que falamos dormindo?

Por que falamos dormindo?

Última atualização: 03 junho, 2015

Estudos dizem que, em algum momento de nossa vida, todos nós pronunciamos pelo menos uma palavra enquanto dormimos. A verdade é que é muito curioso tudo o que somos capazes de fazer enquanto estamos assumindo esse estado onírico: nosso cérebro continua incrivelmente ativo, organizamos informações, selecionamos e apagamos dados, sonhamos e, inclusive, é possível que até você mesmo, além de falar dormindo, também seja sonâmbulo.

Sigmund Freud foi, sem dúvidas, um dos pioneiros em abordar esses mares do inconsciente, no poder do onírico e de tudo aquilo que se esconde por trás das nossas pálpebras descansadas.

Hoje, não queremos procurar o significado dos sonhos, nem entender que misteriosas tarefas o nosso cérebro realiza enquanto dormimos. Neste momento, buscamos uma resposta para algo muito simples e, ao mesmo tempo, inquietante… Por que algumas pessoas falam dormindo?

A Soniloquia

Um nome complexo para um comportamento complexo. A soniloquia é um tipo de parassonia, ou seja, um tipo de transtorno de comportamento que acontece enquanto estamos dormindo. Mas não se alarme por conta da palavra “transtorno”. Não é nada grave nem perigoso, e nem tem consequências psicológicas.

É um fenômeno que acontece enquanto estamos na fase REM (movimento ocular rápido), também chamado de sono paradoxal, o mágico instante em que as portas dos sonhos são abertas.

É neste momento que nossos neurônios trabalham de um modo muito intenso, quase no mesmo nível de quando estamos acordados. A fantasia acelera nossas funções, sonhamos que corremos, que voamos, que fazemos carinho… e que falamos.

Se pronunciamos palavras enquanto estamos dormindo, é precisamente porque nesta fase do estado REM, rompe-se, momentaneamente, o equilíbrio do sono. Ou seja, o normal é que nossos músculos, boca e cordas vocais estejam inativas, mas durante um brevíssimo instante, rompe-se o controle e as palavras pronunciadas nos sonhos acabam sendo ditas em voz alta. Uma súbita desconexão do onírico, onde o sistema motor volta a estar ativo.

Mas ainda tem mais. Ainda pode existir uma segunda opção, mediante a qual podemos deixar parte do nosso  discurso escapar enquanto estamos dormindo. Há outro tipo de sono chamado “transitório”, fora do estado REM, um estado no qual estamos semiacordados. É aí, então, quando ativam-se rapidamente alguns estados de vigília que nos permitem, novamente, falar em voz alta.

Os dados nos dizem que pelo menos 50% da população fala dormindo, mas, de fato, quase todos nós fazemos isso em determinados momentos de nossas vidas: quando estamos atravessando períodos de ansiedade e estresse, instantes nos quais a pressão de nossa vida cotidiana reflete-se também em nossos sonhos, acelerando ainda mais a tensão de nossos neurônios, provocando efeitos como este. Falamos, acordamos de repente, rangemos os dentes e podemos até mesmo ter episódios de sonambulismo.

Mas o que dizemos nestes momentos? Será que faz sentido? A verdade é que não, não passam de palavras isoladas que emergem em voz alta em meio a um discurso onírico; expressões que, talvez, sejam emocionalmente significativas para nós naquele instante, mas que são totalmente incompreensíveis para a pessoa que nos está vendo.
Assim, cuidado com as súbitas palavras que podemos vir a dizer enquanto dormimos…


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