Por que me preocupo com tudo?

Esgotamento mental, fadiga e até insônia. Nas épocas em que nos preocupamos por quase tudo, nossa mente chega ao limite da sua capacidade. Mas, por que fazemos isso? Por que caímos nesses profundos abismos de preocupação?
Por que me preocupo com tudo?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 29 julho, 2022

Por que me preocupo com tudo? Por que já faz um tempo que não consigo sair do labirinto mental de pensamentos carregados pela angústia? Muitas pessoas se perguntam a mesma coisa em determinadas épocas e momentos de suas vidas. A verdade é que pode ser muito fácil se desorientar durante essas situações, e por isso é útil se aprofundar nesse tipo de anatomia psicológica.

Figuras clássicas como o falecido Wayne Dyer já ressaltaram que as catástrofes que nos preocupam nunca chegam a ser tão horríveis na realidade quanto foram na imaginação. É verdade, devemos admitir que as pessoas muitas vezes são fábricas ambulantes de preocupação, mentes especializadas em promover seu próprio sofrimento.

Porém, a preocupação é tão nociva assim? Grande parte da literatura de autoajuda, bem como a psicologia mais popular e cotidiana, insiste em ressaltar que poucas coisas são tão inúteis quanto se preocupar. Bem, essa é uma questão que carrega sutilezas importantes.

O ato de se preocupar não é um exercício nocivo ou negativo, pois este ato de esforço cognitivo é o mecanismo pelo qual antecipamos determinadas coisas para agir efetivamente diante delas quando chegar a hora. O verdadeiro problema não está em pensar muito, mas o desafio é pensar bem, nos preocuparmos de maneira inteligente, lógica e eficaz.

Homem em crise preocupado

Por que me preocupo com tudo?

Quando alguém se pergunta, praticamente irritado, por que se preocupa com tudo, é porque chegou ao limite. São situações nas quais, somados ao esgotamento mental, há também o mal-estar físico, as dores musculares, a insônia, as dores de cabeça, etc.

O Dr. Carlos Pelta, da Universidade de Madri, aponta em um interessante trabalho que tais situações muitas vezes estão ligadas a estados psicológicos como a ansiedade e a depressão.

Caímos em um estado patológico quando esses processos cognitivos fixam o olhar apenas no futuro, concebendo imagens e situações que, em vez de resolver o problema, o tornam pior.

O primeiro passo diante dessas situações é identificar os gatilhos e agir sobre eles. Vamos nos aprofundar nisso, compreendendo o que pode haver por trás desse panorama.

Nos ensinaram que pessoas responsáveis estão sempre preocupadas

Vivemos em uma sociedade em que estados como a ansiedade e o estresse foram normalizados. Dessa forma, supomos que toda pessoa responsável, comprometida com seu trabalho e com sua família é submetida a uma grande sobrecarga. Responsabilidade e preocupação sempre andam de mãos dadas e, quanto mais você se preocupa, mais responsável você é.

O que podemos fazer nesses casos?

A nível pessoal, se quisermos sair dessas situações, podemos começar mudando nossos esquemas de pensamento. Não é por nos preocuparmos mais que solucionaremos melhor os desafios da vida. Não é por estarmos sobrecarregados que seremos dignos de mais admiração.

A preocupação excessiva nos adoece, nos torna menos competentes e menos felizes.

É necessário saber colocar limites, estabelecer uma gestão melhor de tempo e de responsabilidades diárias. Nem sempre podemos fazer tudo, pois precisamos de tempo para nós mesmos e não devemos realizar mais tarefas do que conseguimos.

Esperamos pelo pior

Um estudo realizado pela Universidade de Laval, em Québec, revela uma das razões pelas quais nos preocupamos com tudo. As pessoas tendem a antecipar realidades negativas. De alguma forma, o cérebro tenta nos preparar para o pior com o objetivo de começarmos a reagir e implementar estratégias.

Entretanto, pensar constantemente nos piores cenários gera uma inquietação pouco saudável e esgotadora. Ficamos sempre em alerta e isso se traduz em insônia, tensão física e mal-estar.

O que podemos fazer nesses casos?

Precisamos parar quando tomamos consciência de que nossa mente filtra cada realidade, evento e pensamento através do fatalismo e da negatividade. Fazer uma pausa de alguns dias para dar um tempo de descanso a nós mesmos é o ideal. A tranquilidade e o sossego físico são o primeiro passo para tranquilizar a mente.

Uma vez que alcançamos um equilíbrio interno adequado, devemos racionalizar nossas ideias e promover mudanças. Os estados de preocupação constante exigem novas tomadas de decisões. Façamos isso com inteligência e pensando em nosso bem-estar.

Mulher preocupada em excesso

Por que me preocupo com tudo? A ansiedade generalizada

Quando nos preocupamos constantemente e sofremos em silêncio diante de cada pensamento ou cada ideia que nos ocorre, isso pode ser sinal de algum problema psicológico. Se você está há meses (ou anos) se perguntando “Por que me preocupo com tudo?”, é possível que esteja sofrendo de um transtorno de ansiedade generalizada (TAG).

Essa angústia insistente, que obscurece tudo e que não nos deixa em paz, contribui para um estado de grande esgotamento psíquico e físico. Diante dessas condições, é importante buscar ajuda especializada. Os sintomas costumam ser os seguintes:

  • Impossibilidade de controlar a preocupação;
  • Prejuízos profissionais e pessoais devidos à preocupação excessiva;
  • Uma vasta sintomatologia física: taquicardia, dores musculares, insônia, tontura, fadiga, sensação de asfixia…
  • Essas situações devem estar presentes há pelo menos 6 meses.

O que podemos fazer nessas situações?

Por trás do transtorno de ansiedade generalizada podem existir outras realidades que devem ser levadas em conta, como depressões ou traumas. É importante contarmos com um bom diagnóstico e personalizarmos a estratégia terapêutica a partir das necessidades de cada paciente.

Em grande parte dos casos, bons resultados costumam ser obtidos através da terapia cognitivo-comportamental. Por último, mas não menos importante, é crucial que saibamos manejar os estados de preocupação.

Não se trata de deixar de pensar naquilo que nos frustra ou de postergar os desafios à nossa frente. A chave do bem-estar está em aprender a pensar de modo saudável, nos preocupando de maneira efetiva e elaborando soluções diante de cada problema.


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