Por que nos sentimos ofendidos e o que podemos fazer a respeito?

Você já reagiu de forma desproporcional às palavras ou atitudes de outra pessoa? Quando nos sentimos ofendidos, o cérebro primitivo assume o controle. O que podemos fazer para recuperá-lo?
Por que nos sentimos ofendidos e o que podemos fazer a respeito?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Algumas pessoas têm o hábito de se ofender com extrema facilidade. No entanto, todos nós, em algum momento, cometemos o erro de reagir de forma desproporcional a uma atitude ou comentário que, pensando friamente, não era tão importante. Então, por que nos sentimos ofendidos? De onde vem essa mola interior que nos faz saltar em direção ao “inimigo” de forma desproporcional?

Por alguma razão, diante de certas circunstâncias, o nosso julgamento fica nublado e o cérebro mais primitivo ou emocional assume o controle. Se, analisando logicamente, entendemos que ultrapassamos o limite na nossa interpretação dos fatos, por que não podemos nos controlar neste momento?

O hábito de se sentir ofendido pode causar um grande sofrimento. Faz com que tenhamos a percepção de que os outros querem nos machucar, nos humilhar ou nos subestimar, o que nos deixa em constante estado de alerta. Além disso, essa suscetibilidade extrema afeta as nossas relações interpessoais, tensionando-as, rompendo-as ou as tornando fonte de sofrimento para todos os envolvidos. O que podemos fazer a respeito disso?

Mulher nervosa e preocupada

Por que nos sentimos ofendidos?

O objetivo não é, em caso algum, permitir que nos desrespeitem ou nos prejudiquem. Existem situações de óbvio insulto ou clara agressão em que é lógico e saudável sentir-se ofendido e defender a nossa integridade. No entanto, em muitos outros casos, é mais uma percepção equivocada da nossa parte, e é aqui que devemos agir.

Fatores principais

É importante entender quais são as variáveis ​​que modulam esta suscetibilidade exagerada:

  • Feridas da infância: nos primeiros anos de vida, vivenciamos situações que nos marcam com alguma das cinco feridas que Lise Bourbeau expõe em sua obra. Por isso, na idade adulta, quando alguém “toca” nessa ferida, as lembranças da dor ressurgem e ampliam o ocorrido. Não nos ofendemos tanto com o que nos dizem, mas com o que despertam em nossa memória.
  • Baixa autoestima: nos sentimos ofendidos com mais frequência se a nossa autoestima não for sólida e forte. O nosso sentimento interior de inferioridade nos leva a tentar por todos os meios que os outros não nos percebam dessa forma. Por isso criamos uma imagem; temos uma falsa e frágil autoestima e não podemos permitir que a ataquem, mesmo que minimamente, ou ficaríamos expostos.
  • Rigidez: também é comum que características como inflexibilidade cognitiva ou pensamento dicotômico nos levem a nos ofender com facilidade. Aqueles que acham que os outros deveriam ser e agir de uma determinada maneira podem interpretar mal qualquer ato ou comentário que vá além das suas expectativas. Uma piada pode ser considerada uma ofensa se não considerarmos adequado reagir com humor naquele momento.
  • Hábito: repetir um padrão de comportamento ou pensamento apenas aumenta a facilidade de repeti-lo. A repetição fortalece as conexões neurais associadas, fazendo com que certas reações se tornem automatizadas. Por esse motivo, algumas pessoas podem ter adquirido o hábito de se sentir ofendidas, de modo que agora é difícil para elas encontrar outras formas cognitivas de interpretar as situações.
Mulher ansiosa recebendo apoio

O que podemos fazer quando nos sentimos ofendidos com frequência?

O principal é entender que ninguém nos ofende, nós ofendemos a nós mesmos, a escolha é nossa. Não podemos controlar a forma como os outros falam ou se comportam, a nossa única escolha é como reagir a isso. Por isso, é preciso nos habituarmos a não saltar como uma mola, a realizar um trabalho pessoal no qual optamos por não nos sentirmos ofendidos.

Se os ataques forem claramente prejudiciais, use uma comunicação assertiva, defenda os seus direitos com respeito ou corte esse vínculo. Mas sempre analise a veracidade da sua interpretação, já que comumente observamos o que acontece através das lentes das nossas feridas e carências.

Nesse sentido, você precisa se livrar do hábito de se sentir ofendido e acostumar a sua mente a buscar e usar outras vias cognitivas. Pergunte, não suponha. Em muitas ocasiões, a suscetibilidade nos leva a esperar o pior, a considerar as intenções negativas como certas, quando a realidade não é bem assim.

Flexibilizar a interpretação que fazemos do que os outros dizem ou fazem em suas interações conosco evitará conflitos e vai melhorar as nossas relações sociais e o nosso estado interior. Por que não tentar? Às vezes, ter paz é mais saudável do que ter razão.


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  • Bourbeau, L. (2011). Las cinco heridas que impiden ser uno mismo. OB STARE.
  • Aguilar-Morales, J. E., & Vargas-Mendoza, J. E. (2010). Comunicación asertiva. Network de Psicología Organizacional. México: Asociación Oaxaqueña de Psicología AC.

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