Preppers, pessoas preparadas para qualquer tipo de catástrofe

Estar sempre preparado para o que pode acontecer é o estilo de vida dos "preppers". Terremotos, meteoritos, distúrbios sociais ou pandemias. Há um grupo em nossa sociedade que sabe há décadas como agir em todas as circunstâncias.
Preppers, pessoas preparadas para qualquer tipo de catástrofe
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

O que você faria se sua cidade iniciasse um movimento de violentas revoltas sociais? Você saberia como agir em um desastre nuclear? Como você reagiria se uma tempestade solar viesse e todo o sistema elétrico entrasse em colapso (incluindo a tecnologia)? Essas questões, que pegariam muitos de nós completamente despreparados, não são um problema para um grupo específico da nossa sociedade: os preppers.

Muitos podem não estar cientes do grande número de publicações que existem sobre como sobreviver aos mais diversos desastres. Na Amazon, por exemplo, podemos encontrar até 300 livros sobre as catástrofes mais incríveis e como lidar com elas. Alimentação, construção de bunker, preparação psicológica… Esses temas estão em alta, mas na verdade são de grande interesse há anos.

Por exemplo, National Geographic fez um documentário de sucesso em 2012 sobre os preppers (indivíduos ou grupos de pessoas que se preparam diariamente para a chegada de uma catástrofe). Desde então, ficou evidente que o medo da chegada de um grande desastre é uma constante no ser humano, com a única peculiaridade de que são muitos os que fazem desta realidade o seu modo de vida.

A chegada da atual pandemia fez com que muito mais pessoas se tornassem preppers do dia para a noite. Por trás disso, existe toda uma cultura e um movimento social digno de análise…

Você está preparado para o que pode acontecer?

E você… está preparado para o que pode acontecer?

O fenômeno dos preppers não é novo. Considere, por exemplo, a angústia que foi vivida mundialmente entre 1947 e 1991 com a Guerra Fria. O fim do medo de um possível desastre nuclear daria lugar no novo milênio a outros tipos de preocupações. Poderíamos dizer que essa transição do início da Guerra Fria para a era da modernidade veio com o efeito do ano 2000 ou Y2K. Foi nesse momento que outro coletivo muito mais sofisticado começou a surgir.

Os preppers levaram duas décadas para crescer em número e usar novas tecnologias, fóruns e grupos da internet para trocar informações. Ao longo desse tempo, vários eventos ocorreram, o que fez com que a lista de pessoas preparadas para qualquer catástrofe não parasse de crescer. Desastres naturais, atentados terroristas, medo das mudanças climáticas e sem dúvida, o mais chocante de todos: a atual pandemia.

Viver orientado para a ideia de que muitos outros desastres podem acontecer pode nos fazer pensar que esse modo de existência está sujeito a constantes angústias. Não é bem assim. Na verdade, o simples fato de saber agir nas situações mais adversas lhes dá tranquilidade e uma sensação de segurança.

Como são os preppers?

Os preppers levam (aparentemente) uma vida normal. Estudam, trabalham, têm família, hobbies… Porém, muitos deles têm em comum o fato de terem passado por alguma experiência mais ou menos complexa que os fez refletir.

Ter sofrido um desastre natural ou um apagão elétrico que durou horas ou dias faz com que se perguntem como poderiam estar mais preparados se isso acontecesse novamente.

É quando eles vão até a internet e descobrem o termo preppers e tudo por trás dele. É como mergulhar em uma nova religião, um mestrado em sobrevivência, uma nova maneira de ver e compreender o mundo. Vamos analisar.

Preppers, pessoas racionais e distantes das teorias da conspiração

É bem possível que, ao observar essas pessoas orientadas a se preparar para uma catástrofe, possamos instantaneamente traçar o perfil do clássico solitário amante da conspiração. Mas é o oposto:

  • Os preppers são homens e mulheres entre 25 e 45 anos que gostam de cultura, eventos sociais, e moram em áreas urbanas.
  • Eles não acreditam em teorias da conspiração.
  • Em grupos e fóruns de preppers, é proibido falar sobre política.
  • Eles estão cientes das deficiências do nosso sistema para se preparar para qualquer catástrofe, tanto sanitária quanto ambiental ou de qualquer outro tipo.

Bradley Garrett, geógrafo social da University College de Dublin e autor do livro Bunker: Building for the End Times estima que existam cerca de 20 milhões de preppers em todo o mundo. E o número continua crescendo.

Desejo de segurança em uma era marcada pela incerteza

Este grupo está muito ciente de um fato: ninguém sabe 100% como agir diante de uma determinada catástrofe. Obviamente, não sabemos que tipo de eventos as mudanças climáticas podem trazer. Também não sabemos se o futuro nos trará um outro tipo de vírus ou se, de fato, o desaparecimento das abelhas levará, como muitos dizem, a um desastre de proporções épicas.

No entanto, os preppers buscam se preparar das mais variadas formas para qualquer evento para diminuir a incerteza. É verdade que não sabemos o que pode acontecer, mas o desenvolvimento de estratégias básicas de ação pode ser de grande ajuda.

Por exemplo, esse grupo da nossa sociedade já possuía máscaras adequadas para se proteger contra um agente viral em caso de uma pandemia.

Desejo de segurança em uma era marcada pela incerteza

Como os preppers se preparam?

Alguns, de fato, têm um bunker. No entanto, grande parte deles, como já indicamos, vivem em áreas urbanas, e não é fácil fazer uma construção destas proporções. Eles se preparam da seguinte forma:

  • Eles relatam sua preparação nos fóruns com o seguinte selo: pronto para 4-6 semanas. Esta designação indica a quantidade de alimento armazenado e a sua duração.
  • Eles sabem quais alimentos escolher para atender a todas as necessidades nutricionais básicas.
  • Muitos cultivam suas próprias verduras.
  • Eles trocam informações constantemente.
  • Boa parte dos preppers são pessoas estudadas: medicina, engenharia, física…
  • Eles se preparam psicologicamente para a adversidade.
  • Eles aprendem novas habilidades: técnicas de purificação de água, preparação de dispositivos elétricos sem acesso à rede elétrica, cuidados médicos básicos, etc.

Para concluir, embora este tópico possa parecer muito surpreendente, há um fato óbvio. Os desastres são parte da nossa realidade mais próxima. Estar preparado não é mergulhar no alarmismo, é normal. O problema, é claro, é transformar essa preocupação em um estilo de vida.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Bradley Garrett (2020) Bunker: Building for the End Times. SCRIBNER BOOKS
  • Luther, Daisy (2020) The Prepper’s Water Survival Guide: Harvest, Treat, and Store Your Most Vital. Ulysses Press
  • Luther Daisy (2019) Prepper’s Pantry: Build a Nutritious Stockpile to Survive Blizzards, Blackouts, Hurricanes, Pandemics, Economic Collapse, or Any Other D: Build a … Economic Collapse, or Any Other Disasters. RACEHORSE

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