Você sabe como oferecer os primeiros socorros psicológicos?

Você sabe como oferecer os primeiros socorros psicológicos?

Última atualização: 01 junho, 2017

Os primeiros socorros psicológicos são necessários em diferentes situações. Por exemplo, são necessários quando acontece uma catástrofe, quando uma pessoa é vítima de um fato atroz ou quando acontece uma crise incontrolável. Assim como acontece com os primeiros socorros físicos, é aconselhável conhecer os princípios básicos da atenção psicológica de urgência.

Obviamente, os profissionais de saúde mental estão capacitados para prestar os primeiros socorros psicológicos, em um sentido mais exato. No entanto, às vezes a situação pede rapidez, e o psicólogo poderá demorar um tempo a chegar. Por isso é tão importante contar com alguns elementos para saber como agir.

“Saber para prever. E prever para proteger.”
-Alfredo Pérez Rubalcaba-

Os primeiros socorros psicológicos têm como objetivo reduzir a angústia emocional que os eventos traumáticos provocam. Apoiar os seres humanos para que reencontrem a sua capacidade de enfrentar os fatos. Prestar um suporte inicial para que a experiência não se torne devastadora.

Princípios básicos dos primeiros socorros psicológicos

Para prestar os primeiros socorros psicológicos a alguém que precisa deles você deve conhecer os cinco princípios nos quais estão baseados. Obviamente este tipo de intervenção só deve ser feito se não existir um profissional competente próximo. Mas, em qualquer caso, são válidos para colocar um limite aos efeitos traumáticos da pessoa afetada. Estes cinco princípios são:

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  • Permitir a livre expressão. Não tente focar o seu discurso no acontecido, deixe ela se expressar do jeito que quiser. Não se trata de uma conversa, nem sequer é fundamental você compreender o seu discurso. O que a pessoa precisa na maioria das vezes é sentir que você está próximo.
  • A escuta responsável. A pessoa não precisa de conselhos e muito menos de sermões. Se você não é um profissional de saúde mental, o melhor é se limitar a ouvir e a intervir somente estimulando que a pessoa se expresse. Não é hora de se colocar como um dirigente, apenas de acompanhar.
  • Transmitir aceitação. Você precisa estar pronto para aceitar tudo que a pessoa queira dizer. Pode até ser que faça inclusive afirmações descabeladas ou que expresse sentimentos que não correspondem à situação. Diga que ela não está louca por sentir medo sendo que passou por uma tragédia ou tristeza muito grande.
  • Propiciar a confiança e a empatia. Faça a pessoa saber que pode contar com você, que você está ali para apoiá-la e ajudá-la. Principalmente, que a sua intenção não é julgá-la, ou julgar os fatos, mas lhe dar suporte.
  • Proporcionar informação. É importante que você se coloque à disposição para conseguir toda a informação que precise nesse momento. Seja revisar listas de feridos ou o seu próprio papel de médico. Até que chegue um profissional é melhor que seja você e só você, ou a pessoa que estiver prestando os primeiros socorros, o que faça de canal de comunicação entre a pessoa e o mundo.

O protocolo dos primeiros socorros psicológicos

Assim como existem protocolos definidos para prestar os primeiros socorros físicos, também existem caminhos a seguir no caso de uma emergência psicológica. Os passos que precisam ser realizados não foram estabelecidos de forma arbitrária. São o resultado da experiência de profissionais que dedicaram seus esforços a estudar os efeitos de diferentes tipos de intervenção em situações de emergência. Apresentamos o protocolo a seguir:

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  • Estabelecer contato e aproximação. Inclui se apresentar (se você não conhece a pessoa), dizer por que você está ali, convidar a pessoa a se sentar e garantir que haja certa privacidade.
  • Oferecer segurança e alívio. Antes de mais nada, você precisa oferecer segurança física. Isto é, verificar que a pessoa esteja fora do alcance da ameaça. Em seguida, você deve informar o que irá fazer. Depois, garanta que a pessoa se sinta confortável e que não apresente uma alteração física que requeira atenção, ou lhe dê essa atenção de alguma forma, se for necessária.
  • Estabilizar. Nosso objetivo é que a vítima não feche todos os meios de comunicação e deixe um canal aberto, por menor que seja. Se a pessoa está muito agitada, peça que olhe pra você e o ouça. Mostre-lhe o caminho de ajuda que você irá seguir. Anime a pessoa para que faça exercícios de respiração até que consiga um pouco de calma.
  • Recompilar a informação. Trata-se de perguntar à pessoa como se sente, o que quer e o que precisa. Dê-lhe tempo caso não queira falar. Não a pressione. Simplesmente faça-a saber que você está à sua disposição. Indague sobre a sua condição médica, pense que muitos afetados em estado de choque não apenas se desligam do exterior, mas também são incapazes de sentir dor que em outras circunstâncias, com os mesmos danos físicos, sentiriam. Também é frequente que, ao ver um desdobramento tão grande e perceber a demanda que existe de ajuda médica, não se atrevam a solicitá-la por iniciativa própria.
  • Oferecer assistência prática. Com base na informação coletada, projete um plano de ação básico e aja. Essa ação basicamente é contactar os serviços aos quais a pessoa deve recorrer, anotar as suas necessidades e responder às que forem possível.
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Os primeiros socorros psicológicos contribuem para que uma situação de crise não tenha efeitos mais graves do que os que já foram feitos. A sua principal tarefa, sem dúvida, é conseguir que a pessoa afetada consiga a assistência de um profissional. O seu trabalho se limita a um “enquanto isso”, e assim deve ser executado e compreendido. A chave está em servir de ligação.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.