O que é o princípio de realidade?

O princípio de realidade é um conceito psicanalítico que rege o funcionamento mental. Embora muitas vezes não tenhamos consciência desse princípio, ele costuma estar presente diante de um prazer ou reforço imediato.
O que é o princípio de realidade?
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Você consegue imaginar ser capaz de realizar tudo o que deseja? Essa ideia pode parecer incrível, mas ao analisar o tema a fundo, você verá que não há apenas vantagens. O princípio de realidade tem muito a ver com esse equilíbrio.

Esse princípio está muito presente na psicanálise de Sigmund Freud . Foi ele que, de alguma maneira, moldou o conceito, enquadrando-o em sua teoria dinâmica da personalidade. Mas o que é o princípio de realidade? Qual é a sua relação com o modelo econômico freudiano?

Ao longo deste artigo, vamos resolver estas questões. Além disso, também vamos mostrar a ligação do princípio do prazer com os processos secundários e com as pulsões de vida e de morte.

Sigmund Freud

O que é o princípio de realidade?

Nós nos regulamos por vários princípios, e um dos mais importantes é o de realidade. Quando há uma busca constante pelo prazer, ele é o mecanismo responsável por nos dizer: “Pare! Você não pode continuar”.

Freud sugeriu que um dos pontos do desenvolvimento humano que poderia acabar com a nossa existência seria a satisfação total dos desejos. Por quê? Lembre-se de que estamos falando sobre todos os desejos, mesmo aqueles que estão dentro de nós e que ocorrem em momentos de intensa dor ou raiva.

Além disso, este é um princípio do “ego”, que em psicanálise é a nossa parte consciente, que intervém na satisfação dos impulsos do “id”, ou seja, nossa parte instintiva, e nos impulsos do “superego”, ou seja, a internalização que fazemos do que é moral.

Então, o que isso nos permite? O princípio de realidade favorece o adiamento ou a substituição dos nossos desejos de acordo com as pressões da realidade, para nos adaptarmos. Ou seja, favorece a nossa sobrevivência!

Princípio de realidade e o modelo econômico

O princípio de realidade faz parte do modelo econômico sugerido por Sigmund Freud. Esse modelo enfatiza a pulsão, ou seja, uma força que favorece a busca por um fim. Na verdade, ele se concentra naqueles processos energéticos que regulam nossa atividade mental. Esses processos seriam o princípio de realidade e o princípio de prazer.

Em palavras mais próximas às de Freud, o modelo econômico está relacionado a processos psíquicos que consistem na circulação de energia quantificável, que pode aumentar, diminuir ou não ser alterada. Nesse movimento operam, entre outros:

  • A libido. É a tendência à descarga, com base no princípio do prazer.
  • A energia de catexia. Ou seja, a descarga da energia psíquica.

O princípio de realidade opera por meio dessa energia. No entanto, não age sozinho. Ele sempre caminha junto com o princípio do prazer e outros conceitos que veremos na próxima seção.

Conceitos associados

O princípio de realidade está intimamente relacionado ao princípio do prazer, que é aquele que busca a satisfação imediata dos nossos impulsos. Além disso, está vinculado com:

  • O princípio de Nirvana. Consiste na tendência de levar toda a excitação ao nível mais próximo de zero.
  • A pulsão de vida. É a tendência à autopreservação.
  • A pulsão de morte. É a propensão à autodestruição.

Além disso, está associado ao fluxo de energia psíquica, portanto, trabalha junto com a libido e a catexia. Assim, quando falamos do princípio de realidade, dizemos que ele é regulador, pois fica mediando as nossas pulsões.

O que é o princípio da realidade?

O conceito associado mais importante é o processo secundário. Trata-se de todas as atividades e processos relacionados ao “ego” que nos servem tanto para nos integrarmos quanto para nos adaptarmos ao meio. Por exemplo: a memória, o pensamento, a percepção, o raciocínio e a linguagem.

Então, o princípio de realidade opera por meio dos processos secundários. Ele faz isso conectando-se com a realidade, avaliando as relações causais, para determinar o que é menos perigoso para a realização do desejo, o que não é tolerável e o que é mais ou menos eficaz.

Em suma, graças ao princípio de realidade podemos nos adaptar melhor às demandas do ambiente. Para fazer isso, nos valemos de seus mecanismos energéticos em interação com nosso ego. Usamos os processos secundários que mais nos aproximam da realidade e que não apenas conduzem à satisfação dos nossos desejos, mas que nos aproximam da nossa sobrevivência.

Não podemos satisfazer os prazeres em todos os momentos, portanto, nosso princípio de realidade intervém. Ou seja, devemos esperar, não fazer ou adiar o nosso prazer para depois. Essa é a importância desse princípio no nosso dia a dia.


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  • Freud, S. (1976/1920). Más allá del principio del placer. Obras completasBuenos Aires: Amorrortu.


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