O fascinante Projeto Washoe

O Projeto Washoe provou que os macacos têm um nível de pensamentos, emoções e consciência mais alto do que o esperado. Para muitos, esse experimento mudou completamente a percepção que se tem dos animais.
O fascinante Projeto Washoe
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 20 setembro, 2020

O Projeto Washoe é fascinante e, ao mesmo tempo, comovente. Envolve uma chimpanzé fêmea chamada Washoe, considerada o primeiro animal não humano a aprender a língua de sinais americana. Para muitos, mais do que um experimento, foi uma revelação da natureza.

O Projeto Washoe começou em 21 de junho de 1966 e foi liderado pelos doutores Allen Gardner e Beatrix Gardner. Naquela época, a pequena chimpanzé tinha apenas 2 anos de idade.

Ela nasceu na África Ocidental e havia sido capturada e trazida para os Estados Unidos pela Força Aérea do país um ano antes do início do experimento. Pretendia-se utilizá-la em experimentos da NASA, mas os Gardners a adotaram e iniciaram o Projeto Washoe.

“Sou a favor dos direitos dos animais, assim como dos direitos humanos. Esse é o caminho de um ser humano completo”.
-Abraham Lincoln-

Bebê chimpanzé na natureza

O Projeto Washoe

Allen e Beatrix Gardner já tinham experiência em trabalhar com macacos antes de iniciar o Projeto Washoe. Naquela época, a linguística tinha se tornado uma área de grande interesse, e os Gardners queriam descobrir se era possível ensinar o idioma humano aos animais.

Eles já tinham adotado chimpanzés duas vezes para tentar ensiná-los a falar como os humanos. Ambas as tentativas fracassaram, e os cientistas chegaram à conclusão de que isso acontecia porque a anatomia dos macacos tornava a linguagem articulada impossível.

Quando Washoe entrou em suas vidas, eles já tinham desistido de ensinar macacos a falar. Em vez disso, pensaram que a língua de sinais seria uma tentativa mais apropriada. As mãos dessa espécie são muito parecidas com as nossas e, por isso, a probabilidade de conseguir algo por esse caminho era maior.

A educação de Washoe

Os Gardners também acreditavam que o ideal seria criar Washoe como se ela fosse humana. Em outras palavras, eles dariam a ela a mesma educação destinada a uma criança. Eles queriam saber se a chimpanzé era capaz de aprender o idioma naturalmente, como um bebê humano.

Desse modo, Washoe tinha sua própria roupa e se sentava para comer à mesa com o casal. Ela também tinha seus próprios objetos pessoais, como escovas de dente e pentes, além de livros e brinquedos. De fato, quando ela cresceu, passou a viver em um trailer que tinha sala, cozinha, cômoda, geladeira e uma cama.

Os Gardners entregaram a custódia de Washoe para Roger e Deborah Fouts   quando ela completou 5 anos. Desde então, os Fouts cuidaram dela, mantendo os mesmos parâmetros de vida que ela tinha com os Gardners.

Um ser inteligente

Todos os cuidadores de Washoe era instruídos a usar a língua de sinais e evitar o uso da linguagem falada. O objetivo era evitar que ela se sentisse diferente dos outros, fazendo com que entendesse que os sinais eram a forma natural de comunicação. Aos poucos, ela foi aprendendo a se comunicar com os humanos.

Não foi aplicado nenhum método de condicionamento para que Washoe aprendesse a língua. Ou seja, ela não recebia recompensas pelas suas realizações, como geralmente se faz com os animais treinados. Pelo contrário, foi permitido que ela aprendesse por imitação, e ela aprendeu. No final, a chimpanzé sabia mais de 350 palavras.

Washoe tinha sua própria personalidade. Ela gostava de passar o tempo olhando livros nas horas vagas. Ele também adorava ver catálogos de calçados, e os sapatos em geral chamavam muito a sua atenção. Além disso, ela tinha um ótimo senso de humor.

A curiosidade do chimpanzé

Projeto Washoe: mais do que um experimento

Houve dois acontecimentos que chamaram a atenção dos cientistas, e nenhum deles estava previsto no Projeto Washoe. O primeiro ocorreu quando uma das cuidadoras da chimpanzé se ausentou porque tinha dado à luz um bebê, que infelizmente veio a morrer mais tarde. Aparentemente, Washoe não gostou muito da ausência dela.

Quando a cuidadora voltou, contou a Washoe, em língua de sinais, o que havia acontecido com ela. A chimpanzé baixou o olhar e, com o dedo, desenhou o caminho de uma lágrima caindo no rosto daquela mãe enlutada. Isso mostrou não apenas que ela tinha um alto nível de compreensão, mas também que diferenciava emoções e sentia empatia.

O outro acontecimento aconteceu quando a colocaram em frente a um espelho e perguntaram quem estava lá. Ela respondeu “Eu, Washoe”. Isso significa que ela tinha autoconsciência – uma função cognitiva superior. A chimpanzé morreu em 2007. Muitos que conheceram o projeto pediram que os primatas fossem declarados “pessoas não humanas”. E você, o que acha?


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  • Tamames, K. (2008). Personas como Washoe. Cuadernos para el diálogo, (28), 129-131.


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